sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Esperança de vitória em 2011

Depois que o Duque de Wellington derrotou Napoleão em Waterloo, a notícia da sua vitória foi enviada de barco e depois levada a Londres. Como naquele tempo não existiam meios de comunicação de massa, foi usada uma sinalização visual de bandeiras, do alto da catedral de Winchester.

Quando o sinal começou a transmitir aquela importante notícia, os observadores ansiosos leram: “Derrotado...” – e o nevoeiro encobriu tudo. Estas trágicas notícias começaram a se espalhar por toda Londres – Wellington tinha perdido! Mas, então, o nevoeiro se dissipou e o sinal foi transmitido novamente. Agora, os londrinos puderam ler toda a mensagem: “Napoleão foi derrotado”. Que diferença!
Hoje em dia, não são poucas as pessoas que estão decepcionadas com a vida que levam, por causa de suas derrotas pessoais. Alguns se queixam da falta de respostas de suas religiões quanto à esperança futura. É como se a mensagem final fosse: “Derrotado!” De certo modo, não se dão conta de que alguma palavra da sentença está faltando, pois o “nevoeiro” da vida ainda pode estar encobrindo a verdade.

Alguns, por terem a esperança repetidamente despedaçada, vivem assaltados pelo medo. Outros, porque tentaram e falharam, vivem deprimidos; ainda outros, porque desistiram de tentar, acalentam tendências suicidas. Há também aqueles que sofreram duras experiências e deixaram de crer na possibilidade da esperança de vitória.

Mas de que esperança precisam e o que devem fazer para obtê-la? Será que há alguma esperança na qual possam colocar a sua confiança? A esperança, decerto, tem de abranger uma dimensão que aponte soluções para o futuro e dê respostas à vida presente. Por isso, ela não deve encerrar nenhum sentido de incerteza.
No conceito bíblico, a esperança sempre significa uma expectação confiante de que a vitória final é daqueles que confiam em Cristo. Quando Paulo escreveu a Tito acerca da “bendita esperança” do evangelho, por exemplo, ele o exortava a que dirigisse o olhar para adiante, para a “feliz expectativa” da “manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus” (Tt 2.13).

O apóstolo não embalava a menor ideia de incerteza e, costumeiramente, tratava com absoluta convicção da vitória final de Jesus sobre Satanás, o pecado e a morte. Ele também pregava sobre o poder de Jesus em mudar a nossa vida, perdoar os nossos pecados e nos fazer participantes dessa bendita esperança.

Quando o homem pecou, Deus tratou da maldição que isso trouxe, mas também assegurou a bendita esperança de que Alguém surgiria para redimir toda a criação. Por isso, o evangelho exibe uma dupla esperança: primeiro, vinculada ao retorno de Cristo, à ressurreição do corpo e ao aniquilamento do pecado, da dor e de todos os outros tipos de males do mundo. Segundo, sobre a perfeição final causada pela presença gloriosa do Deus vivo.

Mas o cristianismo não promete que só participaremos do “bolo” quando esse tempo chegar; na verdade, já podemos começar a cortar as fatias. Há a firme esperança de uma vida nova e abundante, aqui e agora, como disse Jesus: “Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância” (Jo 10.10). É uma vida plena metaforizada na imagem de uma fonte jorrando, como falou Jesus: “Aquele que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (Jo 4.14).

Paulo fala sobre a importância da esperança cristã: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor; porém, o maior destes é o amor” (1 Co 13.13). Ele coloca a esperança em conjunção ímpar com o amor e a fé, assim como num banco de três pernas, onde cada perna é imprescindível ao equilíbrio. Se quebra apenas uma, o banquinho cai.

Da mesma forma, na vida, precisamos da fé que aciona o curso da visão a ser conquistada, do amor que fundamenta e motiva toda ação, e da esperança que alicerça sonhos; os três, juntos, conduzem à vitória. Desse modo, em todas as instâncias da vida, a Palavra de Deus é adequada para nos dar a resposta sobre a verdadeira esperança de quem vencerá a batalha final, aqui e na eternidade.
Se você ainda não tem esperança de vitória, comece agora mesmo a buscá-la na Bíblia, que traz a notícia da vitória final de Jesus. Volte-se para Cristo, o Vencedor, pois a mensagem final é: “Os inimigos foram derrotados”. Em 2011, Cristo oferece a segura esperança de vitória!




Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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sábado, 25 de dezembro de 2010

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010




Um Natal Diferente

Como seria um Natal diferente, se todo ano é a mesma coisa: incontáveis tipificações de Papai Noel, inúmeras árvores ornamentais com suas luzes piscando, enfeites e presentes, cânticos e representações, comidas e bebidas?

Como fazer um Natal diferente, se tudo o que o Natal mostra é uma forte tradição cultural de raízes pagãs, mas infelizmente não mostra Jesus, verdadeiramente o sentido e a razão do Natal?

Se tivéssemos um “natalômetro” para aferir a presença de Jesus, o quanto Ele estaria presente no nosso Natal?

Eu gosto das luzes e das decorações, gosto do burburinho das festas e da troca de presentes, gosto de ver a confraternização entre familiares e amigos; gosto também de saber que as vendas natalinas melhoram a economia, que mais empregos e riquezas são gerados, que o humor da sociedade é potencializado na melhoria das relações sociais.

Mas gostaria que tivéssemos um Natal realmente diferente, que incluísse a pessoa de Jesus, pela simples razão de um Natal sem Jesus perder totalmente o sentido. Natal é nascimento de Jesus Cristo, sim, e com todas as implicações da Sua encarnação entre nós.

O que aconteceria se convidássemos Jesus para o nosso Natal? O que diria Ele e como se portaria? E nós, ficaríamos intimidados com a sua presença magnífica e ao mesmo tempo simples?

Talvez alguns, pretextando santidade e com um discurso moralista, diriam que Ele não se prestaria a participar da festa na casa de pessoas pecadoras. Bobagem. Ele iria, sim, do mesmo modo que foi às casas de publicanos e pecadores. Então, se você não se acha digno, não se preocupe. Jesus com certeza participaria da festa na sua casa, se convidado fosse.

Jesus certamente diria algumas coisas bem interessantes. Observando que gostamos muito de trocar presentes, diria: “Eu sou o maior presente de Deus para vocês. Eu vim para que vocês tenham vida plena” (Jo 10.10). Ao ver o consumo acentuado de bebidas, diria: “Quem beber desta água terá sede de novo, mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Pois a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte que lhe dará vida eterna” (Jo 4.13).

Ele chamaria as crianças para perto de Si e diria: “O reino de Deus pertence a vocês” (Mc 10.14). Ele falaria da bondade e do amor do Pai que está nos céus e diria que as crianças precisam mais do Pai que de “Papai Noel”. As crianças, com certeza, iriam querer que Ele lhes mostrasse o Pai. Então, Ele diria: “Quem me vê a mim vê o Pai”, e elas, na sua fé simples, ficariam satisfeitas. (Jo 14.9)

Àqueles que carregam os pesados fardos da ansiedade, Ele diria: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28). Aos que, decepcionados, deixaram de orar, Jesus diria: “Peçam e vocês receberão; procurem e vocês acharão; batam, e a porta será aberta para vocês. Porque todos os que pedem recebem; os que procuram acham; e a porta será aberta para quem bate. Antes de pedirem, o Pai já sabe o que vocês precisam” (Mt 7.7).

O Natal somente seria diferente se separássemos, de fato, um lugar para Jesus em nossas vidas. Isso, então, facultaria uma mudança essencial e prática no rumo da nossa fugaz existência. Esse encontro com Jesus abriria o nosso coração e mente para andarmos pelo novo e vivo caminho que Ele abriu em direção ao Pai.

Desse modo, o Natal, muito mais que uma festa, é um desafio de Deus para nós: mude o rumo da sua vida, siga a Jesus, pois Ele é o Caminho que conduz à vida plena! Muitos talvez prefiram a festa sem Jesus, pois querem uma alegria sem mudança; preferem os ornamentos exteriores por não terem o brilho da vida interior.

Um Natal sem Jesus pode até ter um gostinho festivo, mas se esvazia no dia seguinte. Nos intervalos entre um Natal e outro, será preciso buscar sempre um sentido para a vida, pois o vazio interior ainda estará lá a arder como as chamas da incerteza.

Um Natal com Jesus seria realmente diferente e lhe deixaria tão à vontade que você gostaria de conhecê-lo melhor. Depois desse encontro, você nem precisaria dizer que esteve com Jesus, pois Ele deixaria marcas tão profundas em seu ser, que todos diriam: “Você teve um Natal diferente!”.



Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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domingo, 19 de dezembro de 2010

Faltam 162 dias para o Centenário!



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Carvalho ou abobrinha?

Um aluno impaciente, em conversa com o diretor de uma faculdade, queria saber se havia algum curso rápido que lhe permitisse se formar mais cedo. O diretor lhe disse: “Há, sim, mas depende do que você quer ser. Um carvalho leva cem anos para estar pronto. Uma abobrinha leva apenas seis meses”.

Certamente, crescer demanda tempo. Muito embora não poucas pessoas se sintam frustradas com o ritmo do seu crescimento pessoal, pois gostariam de estar muito mais próximas da maturidade do que realmente estão, essa é uma área que também não admite queima de etapas. Se alguém pretende crescer, não pode “matar” o tempo.

É possível que alguém, ao se sentir decepcionado por encontrar em si comportamentos impróprios que pensara ter vencido, queira que a “escola” termine logo. Alguns acham mais fácil desistir, ficar pelo caminho. Mas crescimento leva tempo. Isso é verdade para pessoas, para empresas, para países etc.
Crescer também demanda aproveitamento das oportunidades que o tempo provê. As oportunidades permitem os picos de crescimento. Por exemplo, botânicos afirmam que algumas árvores crescem mais rapidamente na estação quente, num período de quatro a seis semanas, quando as fibras de madeira são formadas entre a casca e o tronco. Ao longo de todo o ano, essas mesmas fibras se transformarão em madeira robusta. É desse tipo de madeira que serão feitos os móveis que resistirão, quiçá, a muitas gerações.

Essa é uma parte vital do processo de crescimento. Chame a “estação mais quente” do que quiser: problema, tribulação, desafio, provação, crise etc. Essa é a fase que poderá lhe permitir picos de crescimentos seguros, se puder tirar proveito das lições que a vida oferece nessas ocasiões.

Então, se você se pergunta a razão de não estar crescendo tão rápido quanto gostaria, poderia usar uma abordagem diferente. Em vez de se desesperar ou esmorecer, poderia avaliar se não está tão somente se tornando mais “robusto”.

Por outro lado, crescimento pressupõe dor, mudança, crise. Essa fase de algum modo conjugará não apenas fatores de oportunidade de vitória, mas paradoxalmente, até mesmo conspirará para minimizar suas chances na vida ou destruir os seus sonhos. É certamente por isso que muitos sucumbem pelo caminho, deixam de crer na vida, ou simplesmente se tornam cínicos.

É preciso não perder o foco de quem somos e aonde queremos chegar. É necessário ver cada etapa, quer a chamemos de mudança ou crise, com a perspectiva correta. Ou seja, cada desafio deve ser visto como uma oportunidade de crescer melhor e mais robusto. Ou então, para os fracos, apenas uma conspiração para lhes atrasar na vida.

Fulano parece forte, mas com a dor e a adversidade murcha e se torna frágil e perde a sua força. Beltrano tem um coração maleável e um espírito dócil, mas depois de uma demissão, uma falência, um divórcio ou uma perda, se torna ríspido e duro. Até parece a mesma pessoa, mas fica amargo e obstinado, com o coração e o espírito inflexíveis. Cicrano, porém, enfrenta a vida e, mesmo que as coisas piorem, torna-se cada vez melhor e faz as coisas em torno de si também melhorarem.

Qual é a diferença? A diferença está na atitude, em como agimos e reagimos em face das dificuldades, pois é isso que determinará que tipo de pessoa brotará para a vida. Isso tem a ver com o nosso alvo de vida, com o tipo de pessoa que queremos ser. Deixar que outros determinem o que seremos, se devemos ser rudes ou corteses, se devemos exultar ou ficar deprimidos, é abrir mão da própria vida.

Em um plano maior, o pensamento que nutro a respeito do Brasil é semelhante. Os problemas que o país tem enfrentado em sua história já poderiam tê-lo destruído como nação. Mas não! Quando parece que tudo vai desmoronar, há sempre uma reviravolta.

Semelhantemente, a Assembleia de Deus enfrentou muitas lutas ao longo de um século, que só serviram para consolidar sua trajetória vitoriosa e preparar a geração do Centenário para o enfrentamento dos desafios de nosso tempo.

Decerto, quem não sabe aonde vai, qualquer caminho leva... e não chega nunca. Devemos, então, decidir se queremos chegar a ser “carvalho” ou “abobrinha”.

Sonho com um Brasil carvalho, um “gigante pela própria natureza”, mas acordado e lutando, não um abobrinha “deitado eternamente em berço esplêndido”. É para isso também que Assembleia de Deus, ao longo de sua história centenária, tem trabalhado: para que o Brasil conheça a Deus, na certeza de que “feliz é a nação cujo Deus é o Senhor”.


Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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domingo, 12 de dezembro de 2010

Quando Lampião ganhou uma Bíblia

Os missionários Virgil Smith e Orlando Boyer eram companheiros e trabalhavam viajando a cavalo, evangelizando e vendendo Bíblias de casa em casa no sertão de Pernambuco e Alagoas. Naquele sertão conturbado pelo cangaço, em 1930, Virgil e sua esposa Ramona foram feitos reféns de Lampião e seu bando. Orlando Boyer foi comunicado que, para obter a libertação do amigo, teria de pagar uma elevada quantia.

Em razão das dificuldades econômicas da época, Orlando Boyer conseguiu reunir apenas uma fração mínima da quantia exigida. Mesmo assim, ele foi ao encontro de Lampião, embora soubesse que corria perigo de morte.

Cara a cara com o temido rei do cangaço, explicou a situação, para profunda decepção deste e de seu bando. Orlando Boyer se ajoelhou humildemente e sugeriu uma proposta ousada. Ele implorou para ficar no lugar do amigo, para morrer em seu lugar, uma vez que Virgil e Ramona tinham filhos pequenos demandando cuidados.

Diante do consentimento de Lampião, Virgil Smith perguntou se poderia oferecer-lhe um presente. E estendendo-lhe uma Bíblia de letras grandes, recebida imediatamente por Lampião, explicou-lhe:

“Este livro conta a história de Jesus, que por amor ofereceu a sua própria vida para que fôssemos salvos. Ele era Deus e se fez homem, morrendo em nosso lugar para que pudéssemos ter vida. O que o meu amigo está fazendo por mim agora, Jesus já o fez por todas as pessoas, inclusive pelo senhor Virgulino. Ele morreu para que sejamos perdoados e salvos do pecado e da morte”.
Lampião ficou visivelmente emocionado com aquele exemplo de abnegação e amor, voltou-se para o lado e passou a manga da camisa nos olhos, para enxugar disfarçadamente as lágrimas. Virou-se e disse bruscamente: “Podem ir embora, depressa, vão embora!” E, retirando-se com seu bando, levou consigo a Bíblia.

Dias depois, perseguido pela polícia, Lampião deixou a Bíblia num tronco oco de uma árvore, para poder fugiu mais depressa. Quando voltou ao lugar, não encontrando a Bíblia, dirigiu-se ao fazendeiro dono daquelas terras e exigiu que este a devolvesse. Embora o fazendeiro tivesse dito que nada sabia daquilo, Lampião marcou o prazo de uma semana para tê-la de volta. O fazendeiro teve de dirigir-se à cidade e comprar uma Bíblia nova para Lampião.

Não sabemos se Lampião leu a Bíblia. Pelo menos, até a sua morte, ele teve oito anos para fazê-lo. Assim, se ele a tivesse lido, saberia que a Bíblia é a maravilhosa “biblioteca” inspirada por Deus, e descobriria o que Jesus afirmou: “A tua palavra é a verdade” (Jo 17.17).

Lampião saberia que a Bíblia tinha as respostas às suas necessidades. Saberia que, para o fatigado viajante, ela é um mapa eficaz e uma bússola confiável; aos que vivem na região das trevas, é uma luz gloriosa a iluminar o caminho; aos que estão sobrecarregados e oprimidos pelos fardos da vida, é um suave descanso.

Como Lampião tinha a alma ferida, ele saberia que, aos feridos pelos delitos e pecados, a Bíblia é um bálsamo consolador que cura as feridas interiores. Para os famintos, é o pão que alimenta a alma; aos sedentos, é a água que sacia a sede espiritual; aos que estão em conflito, é a espada para a luta contra o mal; aos amargurados, é o mel que os faz enfrentar o mundo sem perder a doçura.

Lampião era um homem aflito e desesperado. Se tivesse lido a Bíblia, saberia que ela lhe oferecia uma mensagem de esperança e conforto; pois aos desamparados e arrastados pelas tormentas da vida, ela é uma âncora segura e firme; para os que sofrem na solidão de um espírito conturbado, é a mão repousante que acalma e tranquiliza.

Lampião, tido como “homem de palavra”, sabia que a importância de qualquer palavra dependia de quem falava. Se tivesse lido a Bíblia, poderia confiar nela, pois o Deus que inspirou “a Palavra” nunca mente e jamais muda, e todas as suas promessas têm o sim em Jesus Cristo (2 Co 1.20). Ele saberia que a Palavra de Deus é “lâmpada para os seus pés e luz para o seu caminho”, e poderia viver em paz (Sl 119.105).

Neste segundo domingo de Dezembro, quando comemora-se o Dia da Bíblia em mais de cem países do mundo, os cristãos celebrarão a inquestionável importância da Bíblia e do amor de Deus para suas vidas.

A Bíblia é uma “carta de amor”, do imenso amor de Deus que inclui a todos: tanto o cangaceiro Lampião como eu e você. Pense nisso! Leia a Bíblia!


Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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domingo, 5 de dezembro de 2010

Jesus transforma vidas

Um cético gostava de criticar os milagres da Bíblia. Em conversa com um ex-alcoólatra, agora convertido a Jesus, desdenhou: “Certamente você não acredita naqueles milagres da Bíblia, como Jesus transformando água em vinho”. O converso replicou: “Se você não acha que aquilo foi um milagre, venha até a minha casa e lhe mostrarei como Cristo transformou bebida alcoólica em tapetes, cadeiras e até um piano!”.

O fato é que Cristo agora habitava no coração daquele homem. De alcoólatra a convertido, era um testemunho vivo de que Jesus havia transformado o seu interior e as circunstâncias exteriores. Como está escrito: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17).

Diariamente, muitas vidas são transformadas, milhares de pessoas se convertem a Cristo e veem suas vidas completamente mudadas. Isto evidencia que o Cristianismo é verdadeiro. Se alguém perguntar o porquê, direi com certeza: É porque o Cristianismo não é uma religião, é uma pessoa: Jesus Cristo! E realmente funciona!

Ao longo da história, o Espírito Santo tem sido atuante e eficaz no trabalho sobrenatural de transformar vidas. O evangelho de Jesus tem sido mais benéfico à humanidade do que qualquer outro evento ou mensagem do mundo. Se preferir colocar o assunto em termos econômicos, podemos afirmar: Jesus Cristo transforma passivos sociais em ativos sociais.

A história da Igreja apresenta uma longa lista de pessoas cujas vidas foram transformadas por Jesus durante o seu ministério terreno.

Simão Pedro, um dos primeiros conversos, era um homem impulsivo, cujo caráter habitualmente o fazia agir antes de pensar. Jesus o transformou num líder poderoso. Conta a tradição que, no final da vida, quando estava para ser executado, Pedro insistiu para ser crucificado de cabeça para baixo. Ele escolheu o método mais torturante, simplesmente porque não se achava digno de morrer do mesmo modo que Jesus.

Há também o caso dos irmãos Tiago e João. Convenientemente apelidados de “filhos do trovão”, decerto por causa de seus temperamentos explosivos, foram transformados por Jesus e tomaram-se discípulos verdadeiramente amorosos.

A situação da excluída prostituta Maria Madalena é emblemática. Em nenhum lugar ela teria vez. Mas, ao encontrar-se com Cristo, tornou-se uma nova mulher, depois que Jesus expulsou dela sete demônios. Ironia da história, esta mulher transformada teve o privilégio de ser a primeira a ver Jesus depois que Ele ressuscitou dos mortos.

Zaqueu era um odiado publicano, tido como traidor do povo; riquíssimo, mas pária social. Jesus o surpreendeu dizendo que queria visitar sua casa. Na sala de estar, ao ouvir a palavra do Senhor, teve a vida transformada. E resolveu devolver quadruplicado o que roubara e doar metade de seus bens aos pobres. Enfim, abandonou sua atividade lucrativa, porém questionável, para seguir ao Cristo que o transformara.

Tomé, um homem cético e incrédulo, não estava presente quando Jesus, após haver ressuscitado, apareceu pela primeira vez aos discípulos. Ele declarara ousadamente que não acreditaria nisso até que visse Jesus e o tocasse. Mas quando Cristo reapareceu, oito dias mais tarde, Tomé se curvou, declarando: “Senhor meu e Deus meu!” A tradição cristã diz que ele serviu como o primeiro missionário na Índia, onde foi assassinado com um dardo.

Em Gadara, na Galileia, havia um homem endemoninhado que vivia entre as sepulturas num cemitério. Era tão violento que regularmente quebrava as correntes com as quais tentavam amarrá-lo. Mas quando se encontrou com Jesus, sua mente e toda a sua vida foram transformadas.

O grande perseguidor do cristianismo nascente, conhecido como Saulo de Tarso, era um religioso radical e cumpridor de seus deveres. Um dia, certo de estar prestando um favor a Deus na sua insana perseguição aos primeiros cristãos, Saulo teve um encontro com Jesus. A partir daí, foi transformado em Paulo. Depois que Jesus transformou o seu coração, ele passou de notável “esmagador de cristãos” para apóstolo, o maior e mais expressivo de todos.

Jesus transforma vidas! Nenhuma religião pode fazer o que Jesus faz! Do impulsivo Pedro ao incrédulo Tomé; da prostituta Madalena ao corrupto Zaqueu; dos intempestivos Tiago e João ao proscrito endemoninhado gadareno; do letrado Saulo aos anônimos leprosos; sim, todos foram transformados para viverem uma nova vida. Eles creram no que Jesus disse: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. Esta é a vida que transborda para abençoar outras vidas.

Agradeço a Jesus por ter transformado a minha vida. E estou igualmente certo, Ele também pode transformar a sua!

Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Faça a chamada de natal da Rede Boas Novas



1 - Grave sua mensagem de Natal. (Você pode usar uma camera fotográfica, celular ou webcam.)

2 - Não esqueça de no final do vídeo dizer SEU NOME e SUA CIDADE.

3 - Transfira o vídeo para o seu computador.

4 - Acesse o Youtube e envie o vídeo.

5 - Salve o vídeo no Youtube com o título NATAL BOAS NOVAS.

6 - Você pode enviar quantos vídeos quiser. Não perca tempo, em dezembro você pode aparecer na telinha da Boas Novas.

Natal Boas Novas, eu quero mais!

Saiba mais em: www.boasnovas.tv

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

MANIFESTO DE CARGA MORAL

Quando o transatlântico Titanic fragorosamente afundou, em 1912, houve rumores de que havia em sua carga uma fortuna em dinheiro, joias e ouro. Era um mito. Quando o manifesto de carga do navio foi descoberto, estava ali registrado que a carga consistia apenas de matérias-primas: linho, palha, peles de animais, peças de carros, couro, elásticos, perucas e equipamentos de refrigeração.

A vida também é semelhante. Algumas pessoas são reverenciadas e honradas pela riqueza e poder que possuem, até que o “manifesto de carga” de seu patrimônio moral seja finalmente revelado.

Há tão fartos exemplos na vida, tão exaustivamente esmiuçados, que se torna desnecessário voltar a mencioná-los. Mas, infelizmente, há de se fazer notar que, como resultado de uma equivocada inversão de valores, não poucas pessoas acham que alguém deva ser honrado e reverenciado simplesmente por ser rico e poderoso, mesmo que seja ímpio e reprovável.

Por outro lado, se uma pessoa vive uma vida honrada e bem disciplinada, é considerada por muitos como menos digna de consideração, se for pobre. Mas com o tempo, quando o “manifesto de carga” moral de cada um é encontrado, revela finalmente qual vida contém algo de valor duradouro, ou nada que valha a pena.

Como podemos avaliar o significado de nossas vidas e o tesouro que elas contém? Todos sabemos que bem no fundo do nosso ser algo nos diz que tal coisa não pode ser medida em termos de riqueza, fama ou poder.

Jesus ensina que uma pessoa é conhecida pelas suas atitudes na vida: “Pelos seus frutos os conhecereis. Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus” (Mt 7.16,17).

Conta-se a história de uma dedicada serva de Deus que, embora frágil, tinha forças para cuidar dedicada e amorosamente de doentes terminais de várias moléstias. Um rico proprietário de uma companhia de petróleo, que a visitava e queria destinar uma generosa doação àquele fim, lhe disse: “Irmã, eu não faria isso por dinheiro nenhum no mundo”. Ao que a franzina mulher respondeu: “Nem eu”.

O “manifesto de carga” da sua vida demonstrou que o seu tesouro era servir aos outros e isso não tinha preço.

Há pessoas que tentam a todo custo alardear suas virtudes e acabam por se tornar alvos fáceis do patrulhamento de gratuitos plantonistas da virtude, que procuram mostrar somente seus defeitos, o pior “manifesto de carga” possível, como se nada mais houvesse de bom ou valoroso naquela vida.

Os discípulos de Jesus gastavam muito tempo tentando descobrir qual deles seria o maior. Jesus falou-lhes repetidas vezes que o maior dentre eles seria quem mais servisse, não o contrário. E acrescentou dizendo que Satanás havia reclamado o direito de “peneirá-los como trigo”, mas que Ele mesmo havia orado, especialmente por Pedro, para que a sua fé não desfalecesse quando o “manifesto de carga” moral da sua vida fosse finalmente demonstrado (Lc 22.31).

Essa peneiração tinha o sentido de deixar cair o trigo (o bom de suas vidas) e soltar ao vento toda a palha (o que não prestava). Os discípulos aprenderam essa dura lição e, tempos depois, puderam demonstrar ao mundo o tesouro de valores morais e espirituais que Jesus construíra em suas vidas.

Há situações em que ninguém encontrará nada de errado numa vida, mas mesmo assim dará um jeito de criar situações embaraçosas. Foi assim com Jesus. Por inveja enviaram soldados para prendê-lo, mas estes voltaram dizendo: “Jamais alguém falou como este homem” (Jo 7.46). O “manifesto de carga” moral da Sua vida dizia que Ele era digno e santo: “Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca” (1 Pe 2.22).

Foi assim também com Daniel, que tinha uma alta posição na corte de Babilônia. Quando o reino babilônico caiu, conquistado pelo medo-persa Dario, este queria colocá-lo como primeiro-ministro. “Então, os presidentes e os sátrapas procuravam ocasião para acusar a Daniel a respeito do reino; mas não puderam achá-la, nem culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem culpa” (Dn 6.4).

Então eles forjaram uma lei que ordenava que por trinta dias ninguém poderia pedir coisa alguma a nenhuma outra pessoa ou deus, só ao rei. Então, a “CPI Babilônica” achou a única acusação contra Daniel: ele orava a Deus três vezes ao dia.

O julgamento da História é implacável. O “manifesto de carga” moral de uma vida será a palavra final do tipo de tesouro que representou toda a sua existência.

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sábado, 20 de novembro de 2010

Faltam 191 dias para o Centenário!




Uma gota que faz a diferença

Há uma década, a cidade de Hong Kong foi invadida por pôsteres que mostravam uma única gota caindo em uma piscina, trazendo uma frase: “Hong Kong contra a corrupção”. A mensagem da campanha era que a integridade ou a desonestidade permeia a cidade em cada pessoa. Em outras palavras, é fácil se comprometer com pequenas coisas porque elas parecem não fazer diferença numa sociedade de grandes dimensões.

Parece estranho que a indignação que geralmente toma conta da sociedade brasileira face as constantes notícias de corrupção esteja paulatinamente diminuindo. A decepção que deveria ser cada vez maior, aparece cada vez menos. Será que a sociedade está sendo permeada pela desonestidade?

Sempre temos algum sinal de que nem tudo está perdido. Há sempre uma diferença que uma gota pode fazer, quando cada pessoa que anseia por mudança, que deseja ardentemente por justiça, que luta pelo direito de construir uma sociedade saudável, que expresse desaprovação moral por comportamentos socialmente perniciosos, que embora se sinta apenas “uma gota”, sabe que pode contribuir para estabelecer uma sociedade virtuosa.

Mas como construir uma sociedade virtuosa? Uma sociedade que prima pela virtude só pode ser criada por pessoas virtuosas, cujas consciências individuais preservam o comportamento e o mantém responsável. Sem a consciência da virtude, uma sociedade só pode ter um relativo controle se usar a coerção em larga escala. Mas até mesmo a coerção falha, em última instância, pois nunca haverá força policial suficiente para manter os olhos em cada indivíduo.

Assim, se somos uma sociedade com cerca de 190 milhões de pessoas, cada uma deveria, em tese, ser uma consciência em guarda. Como geralmente não procedemos assim, não somente temos mais crimes como precisamos sempre de mais policiais nas ruas.

Infelizmente, fala-se muito em justiça social sem levar em conta a virtude particular, o que é errôneo e perigoso. Torna-se inevitável que um povo sem moralidade pessoal falhe em seus esforços de criar moralidade pública. Alguém disse que “não há pecado social sem pecado pessoal”.

A desconexão entre os âmbitos público e particular tem a sua raiz no mito de que o ser humano é essencialmente bom. Numa sociedade em que nenhum estigma moral é permitido, por medo de prejudicar a autoestima de alguém, não é de estranhar que muitos falem superficialmente: “O que o político faz da sua vida particular não importa”. Ou: “Rouba, mas faz”. Ou ainda: “Não importa o que EU faça em minha vida particular”.

Ora, como racionalizar que uma pessoa possa comportar-se como velhaco, mentiroso ou fraudulento na vida particular, e ainda assim confiarmos em sua vida pública?

A base da visão cristã sobre a natureza humana, ensinada por Jesus, é que uma árvore boa produz bons frutos e uma árvore má produz maus frutos. Jesus também disse: “Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; quem é injusto no pouco também é injusto no muito” (Lc 16.10). Em suma, integridade é uma questão de caráter que passa por grandes e pequenas questões, por ações públicas e particulares, e quem falhar nas menores falhará também nas maiores.

Se é fácil se comprometer com pequenas coisas porque elas parecem não fazer diferença numa sociedade de grandes dimensões, alguém pode pensar: “Por que não alterar a verdade, não maquiar os relatórios de despesas, não utilizar o horário de trabalho para coisas pessoais? Por que não, se todo mundo faz? Ora, sou apenas uma gota!”

Na verdade, nem todo mundo faz, talvez só uma minoria de aproveitadores. Talvez a maioria esteja calada e impassível, porque cada pessoa pode estar pensando que é apenas “uma gota”. Como disse Edmund Burke: “Ninguém comete erro maior do que não fazer nada porque só pode fazer um pouco. Para que o mal triunfe só é preciso que os bons não façam nada”.

Precisamos, sim, continuar nutrindo um firme sentimento do que é certo e errado, segundo os padrões morais bíblicos, aliado a uma inabalável determinação para colocar adequadamente em ordem a nossa própria vida. A partir daí, poderemos pensar em mudar a sociedade.

Você é apenas “uma gota”, assim como eu. Se nos juntássemos, formaríamos uma torrente que finalmente lavaria a alma da nossa nação!

Gunnar Vingren e Daniel Berg, “duas gotas” apenas, trouxeram a mensagem do evangelho pentecostal ao Brasil. Ontem, na Escadinha, comemoramos o Centenário de sua chegada. Só a eternidade dirá todo o bem que fizeram ao Brasil, pois, pela sua obediência, milhões de vidas foram salvas.

Seja também “uma gota” que faz a diferença!


Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Centenário da Chegada dos Pioneiros

O dia 19 de novembro de 1910 é um marco da ação de Deus em Belém do Pará e no Brasil. Naquele dia, provenientes dos Estados Unidos no navio a vapor Clement, os suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg desembarcaram em Belém, na Escadinha da Estação das Docas, em obediência a uma expressa chamada de Deus. Eles não sabiam falar a língua pátria, não tinham dinheiro, não podiam contar com amigos nem instituições de apoio; em suma, não tinham nenhuma garantia. Mas, com a ajuda de Deus, lançaram as bases do maior Movimento Pentecostal do mundo e fundaram, em Belém, a Igreja-mãe das Assembleias de Deus no Brasil.

Na próxima sexta-feira, dia 19, às 17h, todos os assembleianos estarão irmanados na comemoração do Centenário da Chegada de Gunnar Vingren e Daniel Berg ao Brasil, no mesmo lugar onde os pioneiros desembarcaram.

Gunnar Vingren, no livro Diário do Pioneiro, assim descreve a chegada: “Quatorze dias após havermos saído de Nova Iorque, chegamos ao Pará. Era o dia 19 de novembro de 1910. O navio ficou fora do porto, e uma pequena embarcação nos transportou até o cais. (...) Quando desembarcamos, não havia ninguém para nos receber, mas acompanhamos as pessoas que iam para a cidade e confiamos que o Senhor iria nos guiar. (...) Chegamos a um parque e nos sentamos em um banco. Oramos a Deus, pedindo a sua ajuda e direção.”

Daniel Berg, no seu livro de memórias Enviado por Deus, assim relata: “No dia 19 de novembro de 1910, avistamos a cidade de Belém, no Estado do Pará. Estávamos ansiosos por conhecer a terra para a qual o Senhor nos enviara. Todos os passageiros tinham pressa em desembarcar. Parentes e amigos os esperavam no cais. Porém nós não tínhamos ninguém. (...) E começamos a andar até alcançarmos o jardim de uma praça. Sentamo-nos em um banco e oramos ao Senhor para que nos mostrasse o caminho que devíamos seguir. Começava a escurecer.”

Gunnar Vingren morreu cedo, em 1932, e não pôde presenciar a fase maior do crescimento da obra. Daniel Berg, porém, participou das festividades dos cinquenta anos da Assembleia de Deus no Brasil, o Jubileu de Ouro, e vivenciou boa parte de sua expansão.

O que ambos não podiam jamais imaginar era que, começando no Norte do Brasil, nasceria o Movimento Pentecostal que não somente alcançaria todos os rincões dessa grande nação, mas também se expandiria para todos os continentes e alcançaria quase todos os países do globo.

Qual é a razão desse sucesso? Como conseguiram lançar as bases de um movimento que cresce a cada dia?

Penso que os pioneiros Gunnar Vingren e Daniel Berg entenderam, como poucos, o chamado de Jesus a todos os crentes: “Ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt 28.19-20).

Eles certamente entenderam que Jesus não os mandou criar estruturas pesadas e inoperantes, tampouco subscreveu complicadas estratégias de administração. Assim, a estratégia desses pioneiros era a mesma propugnada por Jesus, de modo que a Assembleia de Deus foi criada e cresceu sob a égide de uma só planificação: ide e fazei discípulos, no poder do Espírito Santo.

Os pioneiros vieram porque foram enviados por Deus, dependendo unicamente do Seu poder, como está escrito: “Recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santos, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”, o que também incluiu Belém do Pará.

Daniel Berg e Gunnar Vingren, mesmo sem as mínimas condições de amparo humano e sem depender de nenhuma proficiência curricular, obedeceram, vieram, trabalharam arduamente, pregaram no poder do Espírito, fizeram discípulos, organizaram igrejas... e cá estamos nós comemorando o Centenário da Chegada desses pioneiros em nossa cidade.

Ao contemplar as conquistas que hoje desfruta a Assembleia de Deus no Brasil, meditando nas dificuldades enfrentadas por aqueles dois heróis pioneiros e por tantos outros que seguiram os seus passos, sentimos uma alegria indizível e temos todos os motivos para nos gloriarmos unicamente no Senhor. Podemos dizer como o profeta Samuel: “Até aqui nos ajudou o Senhor”.

Esse é um momento singular da nossa história. Venha, portanto, comemorar conosco o Centenário da Chegada dos pioneiros Gunnar Vingren e Daniel Berg a Belém do Pará, na Escadinha, às 17h do dia 19 de novembro de 2010, e vamos juntos agradecer a Deus pelo Seu grande amor.

Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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domingo, 7 de novembro de 2010

Crise de honestidade brasileira

Há alguns anos contava-se uma anedota a respeito de uma ligação telefônica que caíra erradamente na palácio do governo de um estado brasileiro, num tempo em que os constantes ruídos na linha causavam todo tipo de mal-entendidos:

— Eu gostaria de falar com o Sr. Ernesto, por favor.
— Ligação errada, meu senhor. Aqui não tem ninguém Honesto!

Esse era um tempo em que não havia como medir a honestidade brasileira. Mas é isso que o Ranking da Corrupção Global 2010 tenta medir, indicando que o Brasil saiu da 75º para a 69º posição. Mas isso não é motivo de alegria, pois não houve melhoras, haja vista que outros dez países deixaram de ser avaliados e alguns outros mudaram de posição. Em 2002, o Brasil estava em 70º lugar.

Há algum tempo, a revista Seleções vem trazendo algumas reportagens especiais sobre honestidade, com o título “O quanto somos honestos?”. Essas reportagens são o resultado de uma experiência realizada em vários países.

Em cada país, escolhem dez cidades; em cada uma delas são deixadas, em diferentes lugares como “perdidas”, 10 carteiras com o equivalente a R$ 50 reais em cada, e um cartão com o nome do suposto dono e dois números de telefones para contato, além de fotografias de família, alguns tíquetes e recibos. Em seguida, ficam monitorando para ver quantas carteiras serão devolvidas.
Pois essas mesmas experiências foram repetidas no Brasil, nos Estados Unidos e em outros 12 países da Europa. Com exceção de Noruega e Dinamarca (países onde 100% das carteiras foram devolvidas intactas), o resultado foi surpreendentemente negativo. Em média, cerca de 50% das carteiras “perdidas” não foram devolvidas, inclusive no Brasil.

O resultado das monitorações indicou que as pessoas que “acharam” as carteiras e não as devolveram pertenciam a diferentes classes sociais e possuíam variados níveis de educação. Esse dado é igualmente verdade em relação às pessoas que usaram de honestidade e devolveram as carteiras. Em suma, concluiu-se que honestidade ou desonestidade independe do nível de escolaridade ou da situação social; é algo inerente ao caráter.

Ao lembrar dessas experiências, não deixei de ficar preocupado com a honestidade brasileira, principalmente a dos políticos. Com o fim das eleições, a partir de 2011 teremos uma nova composição do Parlamento. Ora, tem-se como certo que o Parlamento é um extrato da sociedade, é sua síntese, expressando a média da índole nacional.

Assim, ao cruzar esses dados, senti um arrepio na alma, só de pensar que no Congresso Nacional poderíamos ter uma realidade semelhante, um percentual parecido de parlamentares honestos e desonestos. Não, não quero crer que tenha de ser assim, afinal a manipulação desses dados não é uma ciência exata. Mas admitindo que aquelas experiências trazem dados menos voláteis que os das pesquisas de opinião, meu temor pode não ser de todo infundado.

De qualquer modo, a sempre presente crise de honestidade política no Brasil, com não poucos parlamentares envolvidos em todo tipo de corrupção, faz parte de uma outra grande crise, a de ética, que ainda não foi convenientemente apreciada.

O propósito da ética é decidir entre o certo e o errado de se agir numa situação. Sua preocupação principal é a conduta apropriada, considerando as atitudes e os motivos dos quais a conduta resulta. Isso tem a ver com juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal. Isso é verdade relativamente a comportamentos requeridos em determinada sociedade.

O Brasil, a despeito de ser considerado um país “cristão”, está longe de sê-lo. A ética cristã ainda não se instalou na cultura nacional. O “jeitinho brasileiro” e a “lei do Gérson” são dois ícones louvados nas nossas relações sociais e são antíteses da ética. O problema da corrupção em nosso país é apenas um numa longa lista de pecados tolerados.

A questão da honestidade passa pela discussão de uma ética apropriada à nossa visão de mundo, devendo tanto ser um fenômeno da vontade (porque deve se manifestar na vida exterior) como da virtude (pois envolve julgamento e compromisso). Assim, a honestidade só pode andar lado a lado com a ética. Não importa se é uma carteira ou uma mala de dinheiro, não é a ocasião que faz o ladrão, ela apenas o manifesta.

Resta aos brasileiros que decidiram viver uma vida honesta que se esforcem para viver de mãos dadas com a ética cristã, para podermos dar um basta na desonestidade.


Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Uma escolha necessária

Nas plagas amazônicas, conta-se que há formigas que escravizam as outras, numa flagrante metáfora do dilema do comportamento humano. Periodicamente, centenas dessas formigas marcham para fora de seu ninho à captura de colônias de formigas mais fracas. Após dizimarem a colônia, carregam os casulos contendo as larvas das operárias. Esses “bebês” raptados crescem achando que são parte da família e dedicam-se às tarefas para as quais foram criados, sem jamais terem a menor noção de que são vítimas do trabalho forçado imposto pelo inimigo.

O que há de metaforicamente emblemático na vida humana, em comparação com o exemplo dessas formigas, é que nós também já nascemos prisioneiros. Embora de certa forma nasçamos livres (posto que ninguém nos escraviza), todos nascemos com a marca de “servo”.

É bem verdade que todos nós passamos por épocas na vida em que gostaríamos de ter feito o que quiséssemos. Desejamos acabar com certas circunstâncias que nos restringiam, nos insurgimos contra limites que cercearam a nossa vontade. Mas o fato é que a liberdade total e a independência completa nunca foram, e jamais serão, opções para nós. A Bíblia é clara em afirmar que somos servos por natureza, mesmo quando não nos damos conta disso.

Certa ocasião, Jesus estava instruindo os judeus que haviam crido Nele, tendo-os orientado a seguir as suas palavras para que fossem seus discípulos. Se eles fizessem isso, teriam o próprio conhecimento da verdade que os libertaria. Eles retrucaram dizendo-lhe que eram descendência de Abraão e que jamais foram escravos de alguém. Como, então, dizia que seriam livres?

Nesse ponto, replicou-lhes Jesus: “Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado” (Jo 8.34).

O que está implícito na mensagem de Jesus é que não somos pecadores porque cometemos pecados, mas pecamos porque somos pecadores. O pecado já está em nós, nascemos com ele. Essa é a marca de “servo” que carregamos a partir do nascimento.

O apóstolo Paulo disse: “Todos pecaram”. E mais: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12). Pela desobediência de um só (no caso, de Adão, o primeiro homem) todos se tornaram pecadores.

A apóstolo João afirmou: Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós (1 Jo 1.8). Normalmente o que se vê é que boa parte dos “bons cristãos” não se sente incluída nessa categoria. Ninguém quer ser tachado de “pecador”, muito pelo contrário. Quando confrontados com essa realidade, não poucos se saem com afirmações desse tipo: “Jamais roubei, nunca matei, não traio, só faço o bem”.

A verdade bíblica é que há um Deus Santo e Justo nos céus, e sem a ajuda de quem realmente pode fazer diferença, não iremos sair dessa ilesos. Por quê? Porque todos, sem nenhuma exceção, somos culpados e permanecemos condenados diante de Deus. Todos estamos sob a pena da morte espiritual, que é a eterna separação de Deus; e ainda mais, somos todos incapazes de lavarmos nossa própria culpa. (Rm 3.19,20; Jo 3.18,36; Ef 2.5)

Esta breve descrição de quem são os pecadores apresenta a necessidade urgente de uma solução satisfatória, algo que seja transformador em nossas vidas. A típica solução humana é tentar certificar-se de que as boas obras superem as más, esperando receber a partir daí a aprovação de Deus.

Mas a única e suficiente solução é a que vem por intermédio de Jesus Cristo, que fez a boa obra definitiva em nosso favor – Ele morreu pelos nossos pecados. Quem serve a Jesus é totalmente liberto das amarras do pecado. Agora precisamos fazer uma escolha: aceitar ou rejeitar a solução.

São as más notícias do pecado e suas consequências que fazem o evangelho de Jesus ser as “boas novas”. Porque é para os pecadores somente. Mas cada um tem de fazer a sua própria escolha.

Há muito tempo, o general Josué desafiou o povo de Israel a que tomasse uma decisão: se iria servir ao Senhor ou aos outros deuses. Ele tomou a sua decisão: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24.15). A sua liberdade era relativa ao fato de que tinha de fazer uma escolha.

É assim também conosco. Somos todos servos. Nossa decisão, como apontada acima, não é se vamos servir, mas a quem vamos servir.

Assim como Josué, eu também escolhi servir ao Senhor! E você, qual é a sua escolha?

Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A luta só termina quando acaba

Um dos personagens mais intrigantes da literatura e da ópera é o Dr. Fausto. Escrita por J. W. Goethe, a obra Fausto é baseada numa lenda alemã sobre um homem que fez um pacto com o Diabo, entregando-lhe sua alma em troca de juventude e poder.

Afligindo-se com “a desumanidade do homem para com o homem”, Goethe conseguiu perscrutar a alma de seu tempo nessa obra, caracterizando a sociedade em que vivia como longe de Deus, leviana, egoísta, injusta, desumana e cheia dos mais degradantes pecados, retratada na figura do Dr. Fausto, um homem velho e doente de alma.

Um pintor retratou a lenda sobre tela, descrevendo essa história como um sombrio jogo de xadrez. De um lado do tabuleiro está Fausto, o símbolo das pessoas do mundo, com apenas três ou quatro peças à sua frente. Seu rosto está contorcido de desespero. Do lado oposto do tabuleiro, o Diabo está sentado em seu trono regozijando-se com sua aparente vitória. O artista intitulou sua pintura de “xeque-mate”.

Um mestre do xadrez, em visita à galeria de arte, parou diante do quadro, estudou-o por um longo tempo, até que exclamou: “Não acabou! Não é xeque-mate! O rei e o cavalo ainda têm outro movimento!”

Não poucas vezes na história da humanidade, pareceu que o Diabo estava ganhando o jogo, semeando guerras, pestes, intrigas, desintegração social, injustiça, ódio, fome, pobreza etc. Parecia estar dominando o tabuleiro. Ainda assim, havia um movimento final e tudo voltava a uma certa normalidade. O que parecia estar se desintegrando, retornava finalmente ao controle das pessoas de bem. Tem sido assim no mundo todo, inclusive no Brasil.

Sem dúvida, vivemos em um mundo que se revolve nas mesmas mazelas e pecados. Assim como naquele tempo, há um Fausto em cada um de nós que quer poder e riqueza, mesmo ao preço da própria alma.

Nossa história é pródiga em mostrar variados momentos em que até a própria alma do País estava como que “vendida ao Diabo”. Não poucos pactos efetuados nas entranhas do poder foram realizados em busca de mais privilégios, para quem já os tinha de sobra, mesmo consignando-se com eles o sacrifício de gerações inteiras.

O que dizer dos acontecimentos envolvendo dezenas de políticos nos repetidos escândalos de corrupção? Não são uma edição piorada da célebre ópera de Fausto? Tão seguros de que, uma vez vendida a alma, seu projeto de poder se imporia e jamais seriam apanhados, eles acabam por encenar uma ópera-bufa da pior qualidade.

Contudo, como a luta ainda não acabou, os que acreditam na decência e lutam pela verdade acabarão por fazer os últimos e vitoriosos movimentos no tabuleiro da vida política nacional. O “Ficha Limpa” é um exemplo disso.

Voltemos à alegoria de Fausto, pois ela nos remete a duas importantes verdades.
Primeiro, nos leva ao fato de que há uma luta renhida sendo travada nos bastidores do mundo espiritual pela alma da nossa nação.

Paulo, o apóstolo, desenha assim esse quadro: “Porque não estamos lutando contra gente feita de carne e sangue, mas contra seres espirituais – os poderosos seres satânicos e grandes príncipes malignos das trevas que governam este mundo; e contra um número tremendo de maus espíritos no mundo espiritual. Portanto, usem a armadura de Deus para resistir ao inimigo” (Ef 6.12).

Desse modo, podemos contribuir com oração, como está escrito: “Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito” (1 Tm 2.1,2).

Segundo, nos diz que a sociedade não pode experimentar uma felicidade que a pacifique e deixe as pessoas plenamente realizadas, senão quando cada um busca amar e servir ao próximo, em vez de lutar para levar vantagem ou espoliá-lo.

Jesus nos deu o exemplo: “Eu vim, não para ser servido, mas para servir”. Esse é, portanto, o maior conceito de cidadania que qualquer povo pode experimentar. O exercício desse amor e serviço abnegado apregoa ao Diabo que a nossa alma não tem preço.

Vender a alma, qualquer que seja o meio usado para isto, não traz felicidade. A realização pessoal é encontrada quando amamos a Deus acima de tudo e amamos ao próximo como a nós mesmos.
O diabo não pode e não irá vencer. Como servos de Jesus, podemos viver na firme confiança de que a luta só termina quando acaba. O último movimento é do Rei Jesus!


Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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sábado, 16 de outubro de 2010

Faltam 226 dias para o Centenário!



De bem com a crise

A palavra crise, na língua chinesa, é a junção de dois ideogramas representativos de outras duas palavras: perigo e oportunidade. Desse modo, uma crise não é necessariamente boa ou ruim. Ela é perigo e oportunidade, porque traz em seu bojo o desafio inerente a uma situação de mudança. A nossa atitude face à crise é que determinará o resultado que obteremos na vida, de bom ou de ruim, a vitória ou a derrota, o sucesso ou o fracasso.

A palavra crise é uma velha conhecida no mundo e todas as línguas procuram dar-lhe uma definição. A maioria dos brasileiros talvez sequer saiba defini-la, mas sabe na prática principalmente sobre os seus custos. Em um plano mais amplo, muito já se falou em diversos tipos de crises: econômica, política, de moralidade, de ética etc.

Em termos pessoais, há as crises nossas de cada dia, quer se trate das constantes adaptações da nossa personalidade ou dos turbilhões que enfrentamos na busca de um lugar ao sol. Assim, pode-se facilmente intuir que crise é uma manifestação violenta e repentina de ruptura do equilíbrio; é também um estado de dúvidas e incertezas, de tensão e conflito; é uma fase difícil e grave na evolução das coisas, dos fatos e das ideias. Isso faz com que a presença da crise tenha uma enorme capacidade de incomodar.

Mas como devemos nos comportar em relação à crise?

Há pelo menos cinco comportamentos humanos numa situação inerente a uma crise.
Há os que veem a crise como uma catástrofe, como decomposição e o fim da ordem e da continuidade. Para esses a crise é algo anormal que devemos evitar a todo custo. São os catastrofistas.

Há os que se dão conta da crise, mas, em vez de explorar as forças positivas contidas nela, fogem para o passado, numa tentativa de imitar e reconstituir os costumes, as categorias de pensar e a vida do passado. São os arcaizantes.

Há os que tentam resolver a situação de crise fugindo para o futuro. Eles se situam dentro do mesmo horizonte que os arcaizantes, apenas no extremo oposto. São os futuristas.

Há os que tentam resolver a crise escapando dela num processo de interiorização; até se dão conta das nuvens negras no horizonte, mas fazem ouvidos moucos. Evitam o confronto, preferem não saber, não ouvir, não ler e não se questionar. Querem permanecer no seu pequeno mundo. São os escapistas.

Como se vê, todos esses comportamentos, em menor ou maior grau, são reprováveis.

Mas, felizmente, há aqueles que veem na crise uma chance de uma nova vida. Buscam tematizar as forças positivas contidas na crise e formulam uma resposta integradora das várias dimensões da vida. Não rejeitam o passado, mas buscam aprender dele como um repositário das grandes experiências humanas; e não se eximem de continuar experimentando. Todo valor, donde quer que venha, é apreciado como tal e deverá ajudar na formulação de um modelo de vida que possa ser vivido e tenha a chance de levar a história adiante e dar sentido à vida. Esses são os responsáveis.

Não sei onde o leitor se situa nessas conceituações, mas esses comportamentos podem ser vistos principalmente em relação aos atuais problemas políticos nacionais.
Os catastrofistas acham que está tudo apodrecido, que ninguém presta, que todos os políticos são ladrões e corruptos.

Os arcaizantes preferem pensar que é melhor sentir “saudades do Sarney” do que tentar mudar o que precisa ser mudado.

Os futuristas continuam a teimar que o Brasil é o país de um futuro que nunca chega.
Os escapistas preferem não votar, não participar, não escolher, para não se comprometerem.

Os responsáveis são os que estão tentando passar o Brasil a limpo. Não me refiro às “ex” (secretárias e esposas) ou aos flagrados em corrupção que, por se sentirem preteridos, dão com a língua nos dentes, embora isso acabe ajudando. Refiro-me, sim, aos que estão denunciando os corruptos e punindo os criminosos, lutando de algum modo para termos um país melhor.

Na verdade, ninguém pode negar que, na vida, os momentos mais significativos são precedidos por crises. Mesmo que seja difícil perceber a sua utilidade imediata, a crise, uma vez superada, é uma passagem inevitável e obrigatória para o sucesso.
Os que creem em Deus e na Bíblia sabem que a esperança cristã apresenta um quadro futuro de superação de todas as crises. Paulo afirma: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28).

Por isso, eu continuo orando e jejuando, acreditando que o Brasil tem jeito, e que o melhor ainda está por vir.


Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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