Fama, importância política, poder, assim como todas as benesses da popularidade na sua potência máxima.
Jesus, porém, responde firmemente: “Não só de pão viverá o homem”. Antes que o Tentador perguntasse: “Mas, então, viverá de quê?”, Jesus continua: “mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4.4).
Vive-se, segundo Jesus, da Palavra de Deus. Da mesma Palavra que criou os céus e a terra, com todas as suas belezas e cheiros, com todas as cores e formas, com toda a pujança da vida que pode e deve ser celebrada. Da mesma Palavra que nos convida a enxergar a vida com os olhos de Jesus e sorver o que ela tem de melhor.
Em que consiste a nossa vida, hoje? Para que e por que vivemos? O que nos motiva, qual a causa que inspira a nossa vida? A vida é um corre-corre, um vai-e-vem sem limites e, às vezes, temos a sensação de não estar construindo nada, de estar apenas passando pela vida sem vivê-la de fato. Ganhamos dinheiro para viver, e vivemos para ganhar dinheiro. Dormimos, acordamos, trabalhamos, comemos... e o ciclo continua.
A mesmice se instala e perdemos a capacidade de enxergar as coisas essenciais da vida, aquilo que lhe dá sentido e colorido e a torna mais bela e desejável. Refiro-me às coisas simples e legadas ao ostracismo da nossa inconsciência. Por exemplo, ler um bom livro, cheirar uma flor, ver o pôr-do-sol; enfim, poder expressar livremente a beleza poética que o Criador colocou em cada um de nós.
“Não só de pão viverá o homem”. Mas, então, de que viverá?
Enquanto meditava sobre isso, encontrei um texto muito antigo (de autor anônimo), que adaptei para compartilhar com você. Ele amplia com lirismo e poesia a resposta de Jesus, a seguir:
“Não só de pão viverá o homem, mas de beleza e harmonia, verdade e bondade, trabalho e recreação, afeição e amizade, aspiração e adoração. Não só de pão, mas do esplendor do firmamento à noite, da beleza dos céus da madrugada, da fusão de cores do crepúsculo, do encanto das flores, da magnificência das montanhas, da imponência dos rios.”
“Não só de pão, mas da majestade das ondas dos mares, da altivez da pororoca, do brilho suave da lua na superfície de um lago, do cintilar de um riacho precipitando-se monte abaixo, das formas singulares das nuvens no céu, da criação dos artistas. Não só de pão, mas do doce canto dos pássaros, do sussurro do vento nas árvores, da sedução mágica de um instrumento musical, da sublimidade de uma catedral levemente iluminada.”
“Não só de pão, mas do aroma das rosas, do perfume dos botões das fruteiras no pomar, do cheiro do mato cortado, do odor da terra molhada pela chuva, do calor da mão amiga, da ternura de um beijo, do conforto de um abraço. Não só de pão, mas dos versos dos poetas, da sabedoria dos sábios, da santidade dos santos, da leitura de bons livros, do ouvir boa música, da vida das grandes almas.”
“Não só de pão, mas de companheirismo e aventura, de procurar e encontrar, de servir e compartilhar, de amar e ser amado. Não só de pão, mas de sua fé na oração, da inspiração do Espírito Santo, em discernir e executar, agora e sempre, a vontade de Deus.”
“Não só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.”
Porém, quando perdemos a capacidade de ver essas coisas “simples”, a nossa alma fica endurecida, calejada, insensível e cega.
Oro para Deus abrir os olhos da sua alma. Veja que não se vive só de pão, o alimento trivial e passageiro. Mas principalmente do Pão da Vida, da Palavra de Deus, da verdadeira vida que vem do Verbo Divino.
Jesus disse: “Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede”.
Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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