Um caçador das montanhas, conta a lenda, encontrou um ninho de águia, tomou um dos ovos e o levou para casa, colocando-o sob uma galinha que chocava seus próprios ovos. Cumprido o tempo, nasceram os pintinhos e também uma aguiazinha. A galinha criou os seus pintinhos e o filhote de águia, dedicando-lhes o mesmo cuidado. A aguiazinha aprendeu a ciscar e a comer a comida dos pintinhos, além de fazer tudo o mais que eles faziam. E foi crescendo e vivendo naquele terreiro como se fosse uma galinha.
Ela sequer imaginava que podia voar nas alturas e dominar os céus, pois, vivendo como galinha, não aprendera a voar. Certo dia, a pequena “águia de galinheiro” viu uma águia voando nas alturas, como se fosse a dona dos céus. Achou aquilo maravilhoso e até sentiu vontade de voar. Ela achegou-se à sua “mãe galinha” e perguntou-lhe sobre aquela ave que estava a voar tão lindamente nas alturas. Sua mãe respondeu-lhe que aquela ave era uma águia, a “rainha das aves” e que só ela conseguia voar tão alto. E acrescentou: “Isto não é para nós; somos apenas galinhas!”
Desse modo, a pobre aguiazinha, acreditando que fosse apenas uma galinha, viveu toda a sua vida naquele galinheiro, sem jamais conhecer as alturas.
Esta lenda funciona como uma poderosa parábola da vida de muitas pessoas, que de algum modo estão a viver em condições semelhantes. Em vez de voarem, arrastam-se pela vida, frustradas e infelizes, sem reconhecerem o que são, sem jamais experimentarem os dons que Deus lhes deu na vida.
Deus nos compara à águia, chamada de a rainha das aves, pois é a que voa mais alto; os seres humanos são chamados de coroa da criação de Deus. A águia tem um vôo impetuoso, como impetuosos são os homens. Ela habita nas alturas e em lugar seguro; espiritualmente falando, fomos feitos para habitar no esconderijo do Altíssimo e descansar à sombra do Onipotente (Sl 91.1). Ela é forte e rápida; e aqueles “que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam” (Is 40.31).
O salmista Davi instava para que não esquecêssemos nenhum dos benefícios do Senhor: o perdão dos pecados, a cura das enfermidades, e o livramento do mal. Além do mais, indicava que a nossa força seria “renovada como a da águia” (Sl 103.1-5).
Embora não se tenha conseguido provar cientificamente a renovação da águia, há indicações bíblicas de que tal ocorra. A águia, assim como o homem, chega a viver setenta anos. Aos quarenta anos, ela experimenta grande decrepitude. Suas unhas estão compridas e flexíveis, o que a impede de agarrar as presas das quais se alimenta. O bico fica alongado e se encurva. Suas asas, envelhecidas e pesadas, em função da grossura das penas, tornam difícil a tarefa de voar.
Desse modo, a águia tem duas alternativas: morrer ou enfrentar um penoso e longo processo de renovação. Esse processo consiste em se recolher a um ninho no alto de um penhasco, onde começa a bater com o bico na pedra até arrancá-lo; depois, espera nascer um novo bico, com o qual arranca suas unhas. Quando as novas unhas começam a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas. Depois de cinco meses, a águia está pronta para o vôo da renovação.
Embora muitas pessoas desejem mudar de vida, paradoxalmente, a maioria não quer mudanças. Continuam a fazer tudo do mesmo modo, como se pudessem obter resultados diferentes sem precisar agir de modo diferente. Há quem pense que seria feliz, se tão somente tivesse mais dinheiro ou bens; ou se talvez fosse outra pessoa.
Como na lenda da águia, o problema está naquilo que fomos criados para ser, não no que temos ou nas circunstâncias que enfrentamos na vida. Fomos criados para nos relacionarmos com Deus através de Jesus, que disse: “Eu sou o caminho... ninguém vem ao pai a não ser por mim”.
Esse é o ponto de partida, sem o qual a vida fica nebulosa e confusa, e tudo o mais perde o sentido. “Se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Co 5.17).
Não se deixe conformar com o que é medíocre, mas renove a sua mente para poder experimentar “a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2). Sua vontade nos diz que renovar é preciso!
Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
Confira os artigos do Pastor Samuel Câmara, todas as semanas no jornal "O Liberal" -http://www.oliberal.com.br/
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