domingo, 30 de dezembro de 2012

Novos desejos para o Ano Novo


Enquanto o ano de 2012 “agoniza” em seu final melancólico, todos os olhares estão fixados no Ano Novo. É sempre a mesma coisa, nesses dias que antecedem a chegada do novo ano. As pessoas começam a exprimir seus mais esperançosos desejos em relação às perspectivas do que querem conseguir nos dias porvir. Geralmente, quando perguntadas sobre o que desejam para si mesmas, respondem que querem “saúde e paz”, “amor e fé”, ou simplesmente “um mundo mais justo” etc.
        Assim como dizer que as coisas são não faz com que as coisas sejam, desejar essas coisas não as torna realidade tão somente porque o queremos. É necessário, primeiro, que pensemos por que queremos essas mudanças objetivas e também o que estamos dispostos a fazer para obtê-las.
Não fazer o “dever de casa” neste quesito é mover-se no terreno movediço da mera fantasia. Tecer fantasias advindas de elucubrações egoístas não custa nada. Sonhar com mudanças porque as desejamos com sinceridade, por outro lado, exige que não apenas identifiquemos o que queremos, mas também buscar a transformação desses mesmos desejos em realidade historicamente palpável.
A segunda coisa que precisamos fazer é pensar a respeito das realidades subjetivas dos valores que pretendemos ver implantados.
Alguns dizem: “Dá-nos saúde e paz, que o resto a gente corre atrás”. Nessa corrida, podem não chegar a lugar algum. Ora, paz e amor, justiça e fé, são valores imateriais que se submetem a princípios essencialmente espirituais. Ou seja, não dependem somente de querer ou se esforçar. Dependem, sim, e principalmente, do que somos. É aqui que a qualidade do fazer é um resultado subordinado à realidade do ser.
Trocando em miúdos. Queremos paz. Mas a paz que desejamos depende de fatores espirituais. No aspecto pessoal, ter paz é necessariamente um resultado de uma relação pessoal com Deus. A Bíblia aponta o caminho da paz, ao afirmar: “Temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5.1). Jesus disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou” (Jo 10.27).
Assim, desejar paz interior sem um relacionamento efetivo com Deus é a negação de nossos melhores desejos de mudança, algo que pode ser fruto apenas de uma fantasia simplista e infantil.
Em termos sociais, a paz não se instala sem que decorra da justiça que praticamos. A Bíblia diz: “O efeito da justiça será paz, e o fruto da justiça, repouso e segurança, para sempre” (Is 32.17). Porém, como ter paz social quando “todos são iguais diante da lei, mas desiguais perante o juiz”?
O Brasil é um país injusto não somente porque a justiça é lenta, mas porque ela é parcial e geralmente fecha os olhos (fingindo que é cega) ao pobre e desvalido. Quando aprendermos efetivamente que “a justiça exalta as nações, mas o pecado é o opróbrio dos povos” (Pv 14.34), teremos dado o primeiro passo para sermos elevados diante de Deus como um país sério e justo.
        Tratemos sobre o amor. O que entendemos do amor? Para alguns, o amor é apenas uma forma de ser irresponsável, de não se importar com o próximo, de não se meter na vida dos outros, de deixar as coisas correrem soltas e permitir a cada um fazer o que bem entende. Mas amor que não se importa não é amor.
Amor que não reprime o mal e não zela pelo bem comum é apenas irresponsabilidade social. O amor emana de Deus, pois “Deus é amor”. Não podemos amar de verdade sem estarmos compromissados com a fonte de emanação desse amor. Mas isso não significa ser “cumpridor” de obrigações religiosas, algo na esfera do mero fazer; isso depende, sim, do fazer, mas como resultado do ser. Eu sou, eu faço.
Ação sem amor é ativismo político. Amor sem ação é escapismo romântico. Somos criaturas de Deus, pois Dele viemos, Nele existimos e nos movemos. É por intermédio de Deus e com a força que Ele supre que devemos amar: a Deus, a nós mesmos e ao próximo. Esta é a essência da verdadeira religião.
Falemos da fé. Os que desejam ter mais fé, precisam saber que a fonte geradora da fé é de natureza essencialmente espiritual. A princípio, está fora de nós e não é objeto de um simples desejo ou resultado de nossas afirmações. A Bíblia ensina: “A fé vem pelo ouvir a palavra de Cristo”. Se alguém quer ter mais fé, deve começar por exercitar-se em meditar na Palavra de Deus, buscando iluminação para compreender seus princípios e viver por eles.
Em 2013, devemos não apenas agendar o que desejamos ter ou fazer, mas principalmente o que queremos ser. E que Deus ajude cada pessoa a ser transformada para viver na excelência da vontade Divina, pois só assim poderemos ter um mundo cheio de fé, amor, justiça e paz.

sábado, 22 de dezembro de 2012

O Natal de Jesus é inclusivo


A cada ano, temos renovado o ensejo para pensar no nascimento de Jesus, quando comemoramos o Natal. Embora Jesus não seja lembrado por muitos, nem mesmo esteja presente em várias dessas festas natalinas, o Seu nascimento incluiu uma variedade de pessoas, as quais tomaram parte naquele maravilhoso evento: os trabalhadores nas pessoas dos pastores, os aposentados nas pessoas dos idosos Simeão e Ana, as mulheres na pessoa de Maria, e especialmente, as crianças na pessoa do próprio menino Jesus.
Dentre os que foram incluídos no grande drama do Natal, gostaríamos de ressaltar especialmente as crianças. Jesus veio ao mundo como uma criancinha: delicada, fraca e carente de cuidados. No tempo devido, começou a falar e a andar, tendo também de aprender todas as coisas inerentes à vida. É necessário, pois, que ensinemos nossas crianças acerca do nascimento de Jesus e da Salvação que Ele realizou, para que compreendam com exatidão os fatos relacionados ao Natal. Uma vez que Jesus mesmo falou que o Reino de Deus — com tudo que lhe é inerente, inclusive Seu Rei — pertence a todas as crianças, o Natal de Jesus também inclui as crianças!
        Falemos também dos pobres. Vale ressaltar que Jesus não fez uma opção preferencial pelos pobres, nem tampouco excluiu os ricos, como tem sido repetido por muitos; a sua opção foi pelos pecadores, pois Ele veio “buscar e salvar o que se havia perdido”. Contudo, Ele tinha um cuidado especial com os pobres, andava entre eles, cuidava deles e os ajudava em suas necessidades. Não se pode negar, porém, que o Natal normalmente exclui os pobres, devido à ostentação movida pela gana comercial que se instalou na festividade.
Sabemos que o verdadeiro espírito natalino não consiste no valor dos presentes que compramos e, sim, na possessão gratuita das grandes e benditas dádivas de Deus, principalmente a bênção da Salvação. Todos podem ter parte nesta festa, não importa sua condição social. Por isso, o Natal de Jesus inclui também os pobres.
Todavia, os ricos não foram excluídos do Natal, como alguns poderiam pensar. Os magos do Oriente não eram somente sábios, eram também ricos. “Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra” (Mt 2.11). As suas preciosas ofertas foram aceitas, mas certamente não foram mais aceitáveis do que as de quaisquer outros. A verdade implícita é que os ricos também devem se voltar para Cristo e adorá-lo, pois o Natal de Jesus também os inclui.
O Natal de Jesus inclui também os desafortunados. Isso abrange os doentes e solitários, os esquecidos e infelizes, os sem vez e sem história, os sem nome e sem identidade, os sem terra e os sem teto. A vinda de Jesus mudou não somente a ordem das coisas, mas também a maneira de cuidar das pessoas.
Se Jesus não tivesse nascido, possivelmente não haveria tantos hospitais, embora com certeza haveria maior número de doentes. Isto é resultado do amor e da “boa vontade de Deus para com os homens” predita no Seu nascimento. Isto tem despertado em nossos corações o cuidado pelos desafortunados e sofredores.
Não haveria, igualmente, orfanatos para crianças e abrigos para velhos se Jesus não tivesse vindo. Essas ações assistenciais surgiram com o advento missionário de levar o amor e a salvação de Jesus Cristo aos povos desafortunados do mundo inteiro.
Em muitos lugares onde Jesus não é conhecido, ainda hoje, as crianças são encontradas mortas nas ruas pelas manhãs, as pessoas muito velhas são atiradas de cima dos despenhadeiros e morrem despedaçadas, ou são enviadas às florestas para serem comidas pelas feras.
Jesus pode se identificar com os desafortunados de todas as espécies porque era “amigo de publicanos e pecadores”, viveu como refugiado quando criança, consolou os tristes, curou os doentes, amou e serviu a todos os desafortunados, aos quais também o Natal de Jesus inclui.
O Natal de Jesus é inclusivo, pertence a todos. Isto inclui todas as pessoas de todas as idades e condições sociais. Jesus Cristo foi enviado para toda a humanidade, não apenas como benfeitor social, mas principalmente como Salvador. Ele mesmo disse: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).
A maior marca do Natal deve ser um coração grato a Deus por tão grande e generoso presente que nos foi dado: Jesus! Pense: mesmo tendo nascido há dois mil anos, Jesus pensou em você. Definitivamente, o Natal de Jesus incluiu você!
Porém, o Natal pode ser muito mais significativo, se Jesus nascer também no seu coração e mudar a sua vida, dando-lhe de graça o perdão dos pecados e a salvação de sua alma. Feliz Natal!

sábado, 15 de dezembro de 2012

O Natal de Jesus é seu também


Luzes coloridas, lojas lotadas, compras, troca de presentes! A corrida do Natal já começou! Tudo à nossa volta respira a festa natalina que se avizinha. É a propalada presença do “espírito do Natal”, como a ditar o comportamento das pessoas e marcar o compasso do tempo.
Embora o Natal seja a comemoração do nascimento de Jesus, hoje em dia funciona quase como uma entidade autônoma. Jesus parece uma mera lembrança, ou nem isso. É perfeitamente plausível afirmar, portanto, pela vida que Jesus levou e pelas palavras que disse, que Ele não concordaria com tudo o que é feito em Seu nome em tempos natalinos. Mas é inegável que, a despeito dos desvios ou da falta de conhecimento, Jesus deixou a sua marca para sempre em nossa cultura.
        Jesus é a mais extraordinária pessoa que já viveu sobre a Terra. Dizemos “é” porque Ele vive, é o único ser humano no Céu, o único mediador entre Deus e os homens. Ele é Deus, o Verbo que se fez carne e habitou entre nós. A partir do Seu nascimento, Ele mudou todo o curso da História, influenciou tempos e épocas, fazendo o calendário fixar o seu eixo em antes e depois Dele.
        Por isso, deixando um pouco de lado os contornos culturais e comerciais agregados ao Natal ao longo dos anos, é sempre bom refletirmos sobre o seu sentido verdadeiro e sua realidade espiritual. É sumamente importante também pensarmos preferencialmente sobre o Natal de Jesus, pois Ele é o “dono” de todos os natais. Isso é relevante porque  Jesus pertence a todas as épocas, raças e culturas; o Seu nascimento sempre será considerado “boa nova de grande alegria” para todos os povos da Terra (Lc 2.10).
Isto mostra particularmente que o Natal de Jesus é extensivo a todas as pessoas, independentemente de raça, cor, posição social e credo religioso. O Natal de Jesus é também para você celebrar no aconchego do seu coração.
Ao trabalhador, convém lembrar dos pastores da Judeia, que não possuíam vestes finas, apenas poucas posses, e suas vidas dependiam dos parcos recursos que os rebanhos lhes proporcionavam. Pertencentes a uma classe sem expressão nem privilégios sociais, eles representam os trabalhadores que pouco ou nada têm conseguido nesta vida. Foi a esse grupo que apareceu o coro de anjos cantando e anunciando o nascimento do Salvador.
Mesmo sendo socialmente desprivilegiados, a mensagem do nascimento de Jesus veio primeiro a eles, a glória de Deus brilhou ao redor deles, como um indicativo de que eles estavam incluídos no plano de salvação. Os líderes daqueles dias nada sabiam deste evento; não havia coral de anjos cantando no Sinédrio, nem estrela alguma pairando sobre o palácio de Herodes.
Aos idosos, convém pensar sobre a revelação de Deus a Simeão, que não morreria sem antes ver o Cristo. Pela direção do Espírito Santo, o idoso Simeão foi ao templo, exatamente quando Maria e José trouxeram o menino para ser consagrado ao Senhor.
Quando Simeão tomou o menino Jesus nos braços, o Espírito Santo veio sobre ele, que profetizou: “Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo... porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante de todos os povos” (Lc 2.29-31).
O Senhor Deus lhe fez saber que Jesus era o Salvador da humanidade. Foi dessa forma que Simeão tomou parte no primeiro Natal. A profetisa Ana, viúva de oitenta e quatro anos, também participou desse evento, pois chegou ao templo naquele momento e glorificava a Deus pelo nascimento de Jesus. Assim, o Natal de Jesus pertence também aos idosos, pois a salvação de Deus também os contempla.
Às mulheres, convém lembrar como Deus tem honrado todas as mulheres, ao escolher uma simples camponesa para se tornar a mãe de Jesus. Deus só precisou de uma virgem para fazer Jesus nascer, usando Maria para trazer o Redentor ao mundo. Isto é uma honra especial às mulheres e às mães em geral, em todos os tempos, desde o primeiro Natal.
Jesus poderia ter vindo do céu completamente desenvolvido como Filho de Deus, ou poderia ter se manifestado por outro meio qualquer. Porém, Ele preferiu nascer como uma criança, trazendo a salvação para toda a humanidade, porque o Natal de Jesus também pertence às crianças.
O Natal de Jesus é para todos. Isso inclui todas as pessoas de todas as idades e condições sociais. Por isso, Jesus Cristo foi enviado especialmente por você e para você.
Neste Natal, tenha um coração grato a Deus por tão grande e generoso presente, pois Jesus nasceu para lhe dar de graça a salvação e a vida eterna. O maior presente que você pode dar a si  mesmo é confiar em Jesus, deixando-o entrar em seu coração e salvar a sua vida.
Viva o Natal de Jesus, pois ele é seu também!

sábado, 8 de dezembro de 2012

Feliz Dia da Bíblia!


        Nos idos de 1549, na Grã-Bretanha, o Arcebispo de Cantuária Thomas Cranmer incluiu no Livro de Orações do rei Eduardo VI um dia especial para que toda a população intercedesse em favor da leitura da Bíblia. Ele entendia que a leitura bíblica era importantíssima para a sustentação harmoniosa das famílias e da sociedade. Desde então, no segundo domingo de dezembro, tem sido comemorado o Dia da Bíblia, agora em mais de 60 países, inclusive no Brasil.
A Bíblia tem sido considerada o livro mais vendido do mundo, sendo lida e prezada, ao mesmo tempo em que, paradoxalmente, perseguida e ignorada, mais que qualquer outro livro no decorrer da história. Desde os tempos dos primeiros zelosos cristãos (os quais decidiram produzir o máximo de Bíblias que podiam, todas copiadas à mão), até meados do Século XV (quando Johannes Gutemberg desenvolveu a arte de fundir tipos metálicos móveis e produziu a Bíblia em Latim), chegando até nossos dias, calcula-se que foram distribuídos cerca de cinco bilhões de exemplares da Bíblia, completa ou em partes, em mais de 2 mil idiomas. Um número impressionante!
Porém, muito mais fascinante que a imensa tiragem da Bíblia, é a sua afirmação de ter autoria divina. O apóstolo Paulo escreveu: “Toda a Escritura é inspirada por Deus” (2 Tm 3.16). A expressão "inspirada por Deus" (Theo-pneu-stos, no Grego) significa literalmente "soprada por Deus". Ou seja, o Espírito Santo impeliu escritores, como que soprando sobre eles, de modo que o produto final, de fato, pode ser crido e recebido como “Palavra de Deus”. Assim, “homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2 Pe 1.21).
A. W. Tozer, famoso pensador cristão, afirmou: “A Bíblia é a Palavra escrita de Deus; e, por haver sido escrita, está confinada e limitada pelas necessidades da tinta, do papel e do couro. A voz de Deus, entretanto, é viva e livre como o próprio Deus. ‘As palavras que eu vos disse são espírito e vida’ (Jo 6.63). A vida está encerrada nas palavras proferidas por Deus. A Palavra de Deus, na Bíblia, só tem poder porque corresponde perfeitamente à palavra de Deus no universo. É a voz presente no mundo que dá à Palavra escrita todo o seu poder. De outro modo, estaria para sempre adormecida, aprisionada entre as páginas de um livro”.
Ao falar sobre a influência e poder da Bíblia, G. Lloyd Garrison afirmou que ela é a base da moralidade de um povo: "Tirai de nós a Bíblia, e nossa luta contra a intemperança, contra a iniquidade, a opressão e o crime terminará, porque não teremos nenhuma autoridade para falar, nem valor para lutar sem ela".
Falando da abrangência das Escrituras, o filósofo cristão Edgar R. Lee disse: “A Bíblia nos fornece muito mais que doutrinas, mandamentos e preceitos. Do Gênesis (o livro dos começos) ao Apocalipse (revelação do fim), a Bíblia comunica suas mensagens em histórias evocativas tão cativantes quanto um drama shakespeariano ou tão luminoso quanto uma pintura impressionista. Ela mostra, com absoluta imparcialidade, o que há de nobre e ignóbil na natureza humana”.
Como o nome indica, a Bíblia é a maravilhosa “Biblioteca” de Deus. Por ser inspirada por Deus ela é, sempre e acima de tudo, a verdade. Jesus afirmou: “A tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). O salmista declarou: “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para os meus caminhos” (Sl 119.105).
A Bíblia tem respostas para as nossas mais intrínsecas  necessidades. Ao fatigado viajante, é um mapa eficaz e um GPS confiável. Aos que vivem na região das trevas espirituais, é uma luz gloriosa a iluminar o caminho. Aos que estão sobrecarregados e oprimidos pelos fardos da vida, é um suave descanso. Aos feridos por delitos e pecados, é um bálsamo consolador que cura as feridas interiores.
Aos famintos, a Bíblia é o pão que alimenta a alma. Para os sedentos, é a água que sacia a sede espiritual. Aos que estão em conflito, é a espada para a luta contra o mal. Aos amargurados, é o mel que os faz enfrentar o mundo sem perder a doçura. Aos aflitos e desesperados, oferece uma mensagem de esperança. Aos desamparados e arrastados pelas tormentas da vida, é uma âncora segura e firme. Para os que sofrem na solidão, é a mão repousante que acalma e tranquiliza a alma.
Sabemos que a importância de qualquer palavra depende de quem a fala. Por isso podemos confiar na Bíblia, pois o Deus que a inspirou é verdadeiro, o Amor em pessoa; Ele é totalmente confiável, pois sempre cumpre a Sua Palavra, nunca mente e jamais muda.
Alguém lançou este inspirativo desafio como receita para uma eterna felicidade: Leia a Bíblia para ser sábio, creia nela para ser salvo, pratique-a para ser santo!

sábado, 1 de dezembro de 2012

Entre Céticos, Cínicos, Crédulos e Crentes


Há, geralmente, quatro tipos clássicos de cidadãos, relativamente aos quais a sociedade pode ser subdividida: cínico, cético, crédulo e crente. Quem é uma coisa não pode ser outra, ao mesmo tempo, embora possa alternar, vez por outra, essas características. Conhecer melhor esses “estereótipos” exige as seguintes definições:
Cético. É o descrente, aquele que duvida de tudo. Filosoficamente falando, ceticismo é uma atitude segundo a qual o homem não pode chegar a qualquer certeza no domínio de determinado conhecimento.
Cínico. É o partidário do cinismo, cujo comportamento pode ser imprudente e ostentar princípios e praticas imorais ou obscenas. No teatro como na vida, identifica um típico personagem que representa o indivíduo sem escrúpulos, hipócrita, sarcástico e oportunista.
Crédulo. É o que crê facilmente, sem malícia, ingênuo; não pesa as coisas nem examina as ideias e tudo crê sem nenhum esforço.
Crente. É o que acredita em alguma coisa. Neste caso, não estamos falando no sentido religioso amplo de quem tem fé em Deus. Ironicamente, estamos tratando do crente como a identificação do indivíduo que leva demasiado a sério suas obrigações e por elas tem entusiasmo e nelas acredita piamente.
Agora que já fizemos as apresentações dos termos, vamos a duas necessárias aplicações de onde, como cidadãos, nos encontraríamos em termos de julgamento pessoal:
MENSALÃO. Embora digam que a prática de comprar apoio político subornando parlamentares seja antiga, o fato de ter sido escandalosamente utilizada pelo governo anterior foi finalmente desmascarada e punida pelo Supremo Tribunal Federal. Desde que o escândalo irrompeu, qual foi o seu real sentimento a respeito?
Se achou que tudo terminaria em pizza... então você é cético!
Se em algum momento desejou estar entre os beneficiados pela dinheirama porque, afinal de contas, poderia usufruir facilmente de um conforto a mais ou “subir” de classe... então você é cínico!
Se achou que os tais corruptos e corruptores são apenas uns “coitadinhos”, ou talvez que o roubo não foi tão grande assim, mas apenas “erros”, comparado aos propalados e “comuns” desvios de dinheiro de vários órgãos públicos... então você é crédulo!
Se acreditou que o Brasil continuaria mudando irreversivelmente para melhor e que, certamente, os instrumentos jurídicos eficazes de punição desses larápios seriam amplamente utilizados “como nunca antes na história deste País”; se acreditou que este País não é moralmente débil, como alguns querem fazê-lo parecer, e que a presente geração deixará um Brasil melhor para seus filhos e netos... então você é crente!
HOMOSSEXUALISMO. Os ativistas gays querem nos fazer acreditar: que existe uma causa homossexual, como autêntico movimento de massa; que têm o direito de reivindicar mais direitos e de, inclusive, terem tratamento “especial” e acima dos demais cidadãos. Houve um tempo em que a homossexualidade era tratada como doença. Os gays lutaram e conseguiram uma guinada para que sua situação fosse entendida como “opção sexual”. Agora, querem nos fazer crer que são o que são porque tudo é geneticamente determinado. Bem, não dá para ignorar suas reivindicações nem tampouco seus alardes, muito menos a realidade de sua existência como cidadãos. Mas com qual posição abaixo você se identificaria?
Se você acha que isso não lhe diz respeito e que a militância gay quer apenas acabar com o preconceito contra o homossexual... então você é cético!
Se você acha que os gays precisam de mais direitos e que os direitos consagrados de todos os outros cidadãos não são suficientes para protegê-los igualmente; que toda opinião contrária aos interesses da militância gay é homofobia... então você é cínico!
Se você pensa que a violência contra alguns homossexuais são maiores proporcionalmente que a dos demais cidadãos, que os gays estão sendo hostilizados pela maioria da população por causa de sua condição homossexual, e que criar mais leis vai favorecer toda a sociedade... então você é crédulo!
Se você entende que todos os cidadãos são iguais perante a lei, que os homossexuais precisam ser respeitados como pessoas, assim como respeitar as demais pessoas; que a militância gay quer privilégios e não responsabilidades, quer respeito, sem, contudo, ter o dever de respeitar crenças e costumes consagrados; que homossexualidade é uma questão comportamental, cuja opção é de escolha pessoal e que, um dia, cada pessoa dará contas de si mesmo a Deus... então você é crente!
Estes dois exemplos bastam para indagarmos: afinal, quem é você e o que está fazendo para mudar este País para melhor?
É fácil ser cético e apostar no “deixa como está para ver como é que fica”. É fácil ser cínico e fazer de conta que sempre se pode tirar vantagem de alguma coisa. É igualmente fácil ser crédulo, ir passando pela vida e não viver.
Difícil é ser crente, quando sê-lo pressupõe não somente querer que as coisas mudem, mas também contribuir efetiva e responsavelmente numa mudança para melhor e visando ao bem de todos. Viva o crente!

sábado, 24 de novembro de 2012

Sob o tremular de duas bandeiras

O dia 19 de novembro de 1910 tornou-se um marco da ação de Deus em Belém do Pará e no Brasil. Era o Dia da Bandeira, homenagem ao pendão nacional, um símbolo oficial de nossa unidade como nação. A data se tornou mais especial ainda porque, naquele dia, provenientes dos Estados Unidos, os missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg desembarcaram em Belém, na Escadinha da Estação das Docas, em obediência a uma expressa chamada de Deus.
Vingrem e Berg não sabiam falar a língua pátria, não tinham dinheiro, não podiam contar com amigos nem instituições de apoio; em suma, não tinham nenhuma garantia de sucesso. Tinham deixado para trás a bandeira de seu país. Eram estrangeiros e desconhecidos. Porém, Deus lhes deu uma nova “bandeira” pela qual lutariam e dariam suas vidas, a bandeira da Boas Novas de salvação.
Com a ajuda de Deus, eles lançaram as bases do maior Movimento Pentecostal do mundo e fundaram, em Belém, a Igreja-mãe das Assembleias de Deus no Brasil, cuja bandeira do Evangelho Pentecostal (que é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê em Jesus) tremula há 102 anos em todo o País.
No livro Diário do Pioneiro, Gunnar Vingren descreve sua chegada: “Quatorze dias após havermos saído de Nova Iorque, chegamos ao Pará. Era o dia 19 de novembro de 1910. O navio ficou fora do porto, e uma pequena embarcação nos transportou até o cais. Quando desembarcamos, não havia ninguém para nos receber... mas confiamos que o Senhor iria nos guiar.”
Daniel Berg, no livro Enviado por Deus, relata: “Estávamos ansiosos por conhecer a terra para a qual o Senhor nos enviara. Todos os passageiros tinham pressa em desembarcar. Parentes e amigos os esperavam no cais. Porém nós não tínhamos ninguém. (...) E começamos a andar até alcançarmos o jardim de uma praça. Sentamo-nos em um banco e oramos ao Senhor para que nos mostrasse o caminho que devíamos seguir.”
Gunnar Vingren faleceu em junho de 1933, aos 54 anos, portanto, não pôde presenciar a fase do maior crescimento da obra. Daniel Berg, porém, participou das festividades do Jubileu de Ouro da Assembleia de Deus no Brasil, em 1961, e vivenciou boa parte de sua expansão, vindo a falecer em maio de 1963, aos 79 anos.
O que ambos não podiam jamais imaginar era que, começando no Norte do Brasil, nasceria o Movimento Pentecostal, que não somente alcançaria todos os rincões dessa grande nação, mas também, pela ação de Deus, alcançaria todos os continentes e quase todos os países do globo.
Qual a razão do sucesso desse movimento? Certamente, os pioneiros Gunnar Vingren e Daniel Berg entenderam, como poucos, a ordem de Jesus: “Ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt 28.19-20). Se você quiser saber um pouco mais dessa bendita história, visite em Belém o Museu Nacional da Assembleia de Deus (Rua João Diogo, 221 – Cidade Velha).
Eles entenderam, obviamente, que Jesus não os mandou criar estruturas pesadas e inoperantes, tampouco subscreveu complicadas diretrizes de administração. A estratégia dos pioneiros era a mesma propugnada por Jesus, pois a Assembleia de Deus foi criada e experimentou vigoroso crescimento sob a égide de uma só planificação: ir e fazer discípulos, no poder do Espírito Santo.
Os pioneiros vieram até nós porque foram enviados por Deus, dependendo do poder do Espírito, embora sem condições mínimas de amparo humano e sem depender de nenhuma proficiência curricular. Ao obedecerem a Deus, vieram e trabalharam arduamente, pregaram a salvação com poder e fizeram discípulos, organizaram igrejas e fizeram tremular a vitoriosa bandeira da Boas Novas.
Nestes últimos 102 anos, a bandeira pentecostal da Boas Novas de salvação foi hasteada e tornou-se o maior agente definitivo de bênção para a sociedade brasileira.
        O Evangelho ajuda no desarmamento da sociedade, pois todos os anos muitos bandidos são libertos e deixam suas armas. É o maior criador de renda útil, pois fumantes, bêbados e drogados são libertos, deixam seus vícios e passam a comprar coisas úteis. É o maior agente de inclusão social. É o maior vetor de antiviolência, transformando vidas e edificando seu caráter. É também o maior abençoador de famílias, ajustando-as e edificando-as no temor do Senhor. O Evangelho nos transforma para sermos sal da terra e luz do mundo, certamente a última fronteira de reserva moral da sociedade.
       Sob a égide da bandeira do Evangelho, as Boas Novas de salvação, o povo de Deus ora e trabalha para que todos tenham a sua esperança em Jesus Cristo, o Príncipe da paz, enquanto nosso pavilhão nacional tremula impoluto e “recebe o afeto que se encerra em nosso peito juvenil, querido símbolo da terra, da amada terra do Brasil!”.

sábado, 17 de novembro de 2012

Relevância, Pertinência e Coerência


A relevância de uma pessoa ou instituição é o resultado da validade ou pertinência dos seus valores em sua aplicação numa existência pontuada na coerência com que os pratica. Em outras palavras, visto da perspectiva do contraditório, se aquilo que alguém apregoa em termos de valores acaba sendo desmentido por seu modo de vida, então sua mensagem se torna impertinente, e sua vida, irrelevante.
E por que isso é importante? Porque vivemos numa época em que todas as instituições são questionadas e desvalorizadas. Isso não é um fenômeno novo, vem do Iluminismo, quando as instituições principalmente a igreja e sua liderança tiveram de deixar o pedestal de “intocáveis” e passaram a ser alvo de duras críticas. Nesse ponto, só uma coisa sempre importou para uma instituição manter-se viva e atuante: demonstrar sua coerência, pertinência e relevância históricas.
Falemos da igreja. Ora, a relevância da igreja ocorre quando ela se sobressai, se ressalta, quando é proeminente e de grande valor; quando o que vive e a mensagem que prega são convenientes aos interesses da própria vida como Deus a instituiu; quando importa à sociedade e se torna indispensável àqueles a quem serve.
A igreja é pertinente quando a mensagem que prega é importante e válida, não somente aos de fora, mas também aos seus membros, principalmente os líderes. Mas ela só tem coerência quando procede de modo próprio e suas ações são consequentes, ou seja, quando sua vida demonstra a coesão e a reciprocidade dos valores que apregoa.
É esse conjunto de valores que permite à igreja se habilitar como serva da sociedade, mesmo estando espiritualmente acima desta. Ao mesmo tempo, isso permite à sociedade funcionar como “juíza” e “cobradora” de coerência entre aquilo que é pregado e vivido pela igreja.
A igreja é o corpo místico de Cristo, mas é composta de gente de carne e osso, que ri e chora, que sua e geme. Desse modo, ela é identificada nas atitudes e ações de todos os que afirmam seguir a Jesus. Se o testemunho de um crente principalmente do pastor corresponde ao que Jesus ensinou, mesmo que nada seja dito ou louvado, ainda assim haverá ali um “luzeiro no firmamento” a indicar o caminho da excelente verdade divina.
Em contrapartida, se o testemunho desdiz a palavra pregada, não é sem razão que o julgamento da sociedade resulte em descrédito. É perfeitamente compreensível, portanto, que a sociedade exija do pastor o que não exige de nenhum outro profissional. Qualquer outro profissional pode obter sucesso público sem que se leve em conta a sua vida privada ou seu caráter. Mas com o pastor é completamente diferente.
Um ponto de suma importância é que o pastor tem de tratar da questão do pecado. Isso incomoda, pois mexe com interesses que subjazem na existência privada de muitos. O cristianismo é único nesse ponto. Não fora isso, a sociedade já estaria irremediavelmente arrasada e sem seguras referências morais e espirituais.
Outras religiões passam ao largo dessa delicada questão. Mas, ao dar “nomes aos bois”, chamando de pecado o que, mesmo socialmente aceitável, é condenado pela Bíblia, e depois disciplinando e buscando curar essas feridas morais e espirituais, o pastor acaba ficando exposto às mesmas cobranças que apregoa. Pois ele também é gente, mortal e falível, comete erros e peca. E quando isso ocorre, perde a graça e se torna proscrito. São essas mesmas razões que desafiam o ministério pastoral a buscar resgatar sua credibilidade.
        Causa-me pesar o fato de o ministério pastoral estar sofrendo, hoje, de tão grande descrédito na sociedade. Dói-me saber que alguns “pastores” que na verdade não o são, por causa de suas práticas alheias ao verdadeiro evangelho, pelo seu comportamento mundanizado e por pregarem “um outro evangelho” estão trazendo afrontas ao bom nome de Cristo. Isso, contudo, não inviabilizará o santo ministério.
Creio que Deus vai nos dar as ferramentas necessárias para reformar o que se deformou, para escoimar o que criou crostas, para polir e aperfeiçoar o que se tornou cheio de defeitos, de modo que possamos novamente demonstrar a mesma e necessária essência que resulte numa diferença visível entre os que vivem “de modo digno do evangelho de Cristo” e os que são meros aproveitadores (Fp 1.27).
        O cerne do evangelho não é o discurso, mas o exemplo, o que é vivido. Alguém disse que pior inimigo do cristianismo não é o Diabo, são os próprios cristãos “profissionais”, cujo testemunho não exala o bom cheiro de Cristo, só o odor azedo de um “outro evangelho”.
        Desse modo, é importante que a igreja e os pastores, assim como todos os crentes, mostrem coerência entre o que pregam e o que vivem, pois só assim a sua mensagem terá os frutos de ser pertinente aos anseios da sociedade e totalmente relevante para abençoá-la.

sábado, 10 de novembro de 2012

Pela simplicidade do Evangelho


A singeleza sem igual do Evangelho de Jesus Cristo, cuja mensagem descomplicada e clara, posta em linguagem simples e compreensível, faz com que seja entendido até pelas crianças. A resposta ao Evangelho precisa estar imbuída de uma fé igualmente simples, sem ser simplista. No entanto, inúmeras pessoas, dentro e fora das igrejas, não conseguem ou não querem entender que as exigências esdrúxulas e mirabolantes que muitas vezes são apresentadas como mensagens “evangélicas” não passam de tábua rasa do legalismo com verniz religioso, nada tendo a ver com o verdadeiro Evangelho de Cristo.
        Se o Evangelho fosse complicado, talvez seria mais palatável aos afeitos a enfrentar desafios difíceis. Se dependesse de grandes exercícios intelectuais, talvez fosse considerado suficientemente culto aos que se gloriam do próprio saber. Se dependesse de investimento financeiro e pudesse ser comprado numa apólice, talvez os ricos estivessem dispostos a pagar grandes somas pelas suas bênçãos.
Se o Evangelho dependesse de esforços pessoais para recebimento do perdão de pecados, não seria “boas novas”. O Evangelho tem uma marca indelével: tudo o que tinha de ser feito para o reatamento da nossa comunhão com Deus foi realizado definitivamente por Jesus! O próprio Jesus, no patíbulo da cruz, bradou: “Está consumado!”.
Essa é a boa notícia: o Evangelho “é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê”. Jesus disse: “Arrependei-vos e crede no Evangelho” (Rm 1.16; Mc 1.15). Desse modo, o que Deus requer de cada pessoa é a simplicidade da fé devida ao Evangelho, a mensagem das “boas novas” de que somos salvos pela graça de Deus; não algo a ser explorado para proveito próprio, como temos visto hoje em dia.
Infelizmente, alguns líderes religiosos abusam da credulidade do povo e se aproveitam da disposição humana de achar-se “merecedor” de bênção. Em vez de levarem as pessoas ao exercício de uma fé simples e descomplicada em Deus, complicam tudo ao remetê-las a uma caminhada de luta baseada em esforço pessoal, que para nada aproveita. Bem disse o sábio Salomão: “Tudo o que eu aprendi se resume nisto: Deus nos fez simples e direitos, mas nós complicamos tudo” (Ec 7.29).
O exemplo de Naamã, o famoso comandante do exército da Síria, que havia contraído lepra, é sintomático. Por causa da doença, seu prestígio estava minguando e ele tinha pouco tempo de vida. Nisso, uma menina escrava apresentou a mensagem de que havia em Israel um profeta de Deus que podia curá-lo. Ciente disso, ele juntou presentes finos e muito dinheiro, e partiu ao encontro do profeta.
O profeta Eliseu lhe disse: “Vai, lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne será restaurada, e ficarás limpo”. Mas Naamã, decepcionado e indignado, filosofou toda a sua frustração: “Pensava eu que ele sairia a ter comigo, por-se-ia de pé, invocaria o nome do Senhor, seu Deus, moveria a mão sobre o lugar da lepra e restauraria o leproso”. Mas os seus oficiais lhe disseram: “Meu pai, se te houvesse dito o profeta alguma coisa difícil, acaso, não a farias? Quanto mais, já que apenas te disse: Lava-te e ficarás limpo”.
A mensagem era simples, franca e direta. Tudo o que ele tinha de fazer era banhar-se sete vezes no rio Jordão. Convencido pelos oficiais, Naamã fez o que dissera o profeta, obtendo sua cura. Depois disso, afirmou: “Reconheço que em toda a terra não há Deus, senão em Israel”. (Leia 2 Re 5.1-15).
Em suma, enquanto o profeta de Deus queria que Naamã exercesse uma fé simples em Deus, este queria espetáculo. Mas foi só depois de fazer “consoante a palavra do homem de Deus” é que Naamã recebeu a bênção.
A Bíblia diz que “a fé vem pelo ouvir a palavra de Deus”, não a loquacidade humana. Jesus disse: “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Rm 10.17; Mt 4.4). Sendo assim, quando alguma mensagem sugerir algo que a Palavra de Deus não autoriza, desconfie.
Quando alguém pregar que a sua fé precisa de um malabarismo religioso para receber cura; quando lhe disserem para se utilizar de alguma “simpatia”, como se tal coisa pudesse proteger a sua vida; quando tentarem extorquir dinheiro em troca de bênçãos; quando disserem para colocar sal grosso na casa para expulsar os maus fluidos; quando tentarem atribuir a responsabilidade de seus pecados a “encostos”; quando quiserem vender qualquer coisa (rosas, azeite, sal, fita etc.) para “abrir portas” a fim de receber alguma bênção; sim, desconfie, pois essas coisas são tentativas engenhosas de pantomimizar o Evangelho, mas sendo tropeço aos pequeninos e escândalo aos símplices.
O Evangelho de Jesus é simples, mas deveras exigente; é de graça, mas não barato. A porta é apertada; e o caminho, estreito e sem atalhos. Viva a simplicidade do Evangelho!

sábado, 3 de novembro de 2012

Quando os túmulos falam


          Há muitos anos, li a história de um homem que mandou construir um túmulo indestrutível, de tal modo inexpugnável que jamais poderia ser violado depois de seu sepultamento, nem mesmo por uma bomba atômica. Esse homem não procedeu assim por temor de um cataclismo ou receio da ação de ladrões, mas por soberba. Ele desdenhava da ressurreição de que a Bíblia fala. Para ele, nem mesmo Deus poderia abrir seu túmulo, pois era lá que queria ficar, incólume e imperturbável, por toda a eternidade.
Ele também sabia que os túmulos “falam”, cuja mensagem, mesmo silenciosa, pode ser “ouvida” em toda parte. Esse entendimento levou o cético francês Ernest Renan a zombar igualmente, mas por outro motivo, da verdade da ressurreição: “O cristianismo vive da fragrância de um frasco vazio”. Involuntariamente, Renan estava se referindo ao fundamento da fé cristã, a pedra angular do Evangelho: um túmulo vazio! Uma tumba sem um corpo nela, naquela primeira manhã da ressurreição! Um túmulo que até hoje fala!
Um personagem do romance “O Porto”, de Ernest Poole, comenta cinicamente: “A História é apenas um noticiário do cemitério”. Ou seja, túmulos que falam.
O que o soberbo homem, o cético Renan e o cínico Poole não conseguiam ver era a incontestável verdade de que há uma grande exceção à tristeza de todos os cemitérios e as silenciosas mensagens de seus túmulos: as eletrizantes notícias do túmulo onde Jesus foi sepultado, de que a morte foi vencida e as portas da vida eterna foram abertas por Jesus. É essa mensagem que trouxe esperança para toda a humanidade: “Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito. Vinde ver onde ele jazia” (Mt 28.6). Jesus Cristo “não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho” (2 Tm 1.10).
De certa forma, os túmulos falam da História na mesma proporção da morte que os favorece. Por isso, convém perguntar: que mensagem os túmulos estão proclamando para os vivos? Pensemos então em duas preciosas mensagens que deveriam ser consideradas.
Primeiramente, os túmulos falam que é preciso repensar as nossas prioridades. Sabendo que a vida era curta demais para perder-se tempo com futilidades, o legislador Moisés clamou a Deus: “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio” (Sl 90.12). Orar assim nos levará indubitavelmente a considerar o que, de fato, vale a pena na vida. Dinheiro, poder, prazer, tão avidamente buscados, muitas vezes ao custo da própria vida, empalidecem e sucumbem diante das prioridades que realmente contam.
Não são poucos os exemplos que conhecemos de pessoas que encararam a morte, mas, salvas “por um fio”, resolveram mudar as suas prioridades e reorganizar a vida. Assim, descobriram que servir é muito melhor que ser servido; que dar é mais bem aventurado que receber; que honrar está acima de ser honrado; que o que vale a pena na vida não pode ser comprado pelo dinheiro, conquistado com o poder, nem tampouco desfrutado com desonra.
           Em segundo lugar, os túmulos proclamam que devemos pensar na eternidade. Embora a morte seja o fim de todos os mortais, ela certamente não é o fim de tudo nem detém a última palavra sobre o futuro. É precisamente isto que nos ensina o Evangelho, ou “boas novas”, no fato de que Cristo Jesus veio ao mundo para nos libertar do poder do pecado e da morte.
Jesus nos propiciou a única maneira de escaparmos da morte, física e espiritualmente. Sua morte na cruz possibilitou a nossa reconciliação com Deus, e, desse modo, desfez a separação e a alienação espirituais resultantes do pecado. Pela ressurreição, Jesus finalmente venceu e aboliu o poder de Satanás, do pecado e da morte.
Há os que não querem pensar na eternidade, por isso afirmam: “Morreu, acabou!”. Mas como será, quando chegarem “do outro lado” e descobrirem que a vida aqui era apenas o embrião da eternidade?
Uns dizem: “Quando eu estiver mais velho seguirei a Cristo”. Outros pensam: “Antes de morrer aceitarei a Cristo”. Mas quem sabe o dia da própria morte?
O túmulo vazio de Jesus manda uma mensagem de reflexão, preparação e esperança aos que creem: “O próprio Senhor descerá dos céus, ouvida a voz do arcanjo, e o som da trombeta de Deus. Aqueles que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Então, nós os vivos, seremos levados junto com eles, para nos encontrarmos com o Senhor nos ares, e assim ficaremos para sempre com o Senhor. Consolem-se uns aos outros com estas palavras” (1 Ts 4.16-18).
Você gostaria de saber o que aconteceu com aquele túmulo indestrutível? Ora, uma simples sementinha germinou e, finalmente, sua raiz rompeu o concreto e expôs os ossos do homem soberbo. Aquele túmulo mandou sua última mensagem: o poder de Deus é ainda maior!

sábado, 27 de outubro de 2012

É preciso reformar a Reforma


Sabe-se que no início do Século XVI, a Igreja precisava de muito dinheiro para a conclusão da Basílica de São Pedro. O então Papa Leão X assinou um documento que prescrevia a venda de Indulgências, que seriam a suprema “garantia” da absolvição dos pecados passados, presentes e futuros e dariam “segurança” eterna àqueles que queriam alcançar o céu. Até mesmo aqueles que já haviam morrido podiam receber a absolvição de seus pecados, através das indulgências compradas pelos seus parentes ainda vivos.
A ideia era simples: ao mesmo tempo em que as Indulgências garantiam o perdão dos pecados e um lote no céu a quem as adquirisse, ajudariam a encher os cofres da Igreja. Os clérigos bradavam dos altares das igrejas: “Ao tilintarem as moedas no fundo da sacola, automaticamente os vossos pecados e ofensas serão perdoados, e até mesmo as almas dos vossos parentes que estão no purgatório serão levadas ao paraíso!”.
Tudo parecia ir muito bem, até que um obscuro monge chamado Martinho Lutero se insurgiu contra essa prática e conclamou a Igreja a voltar à obediência da Palavra de Deus e retornar às doutrinas e práticas cristãs primitivas, afixando as 95 Teses na porta da Catedral de Wittemberg, na Alemanha, em 31 de outubro de 1517. Esse evento desencadeou a Reforma Protestante. Aqueles que se juntaram a Lutero e se opuseram aos dogmas da Igreja foram historicamente reconhecidos como “Protestantes”.
Não pretendo aqui polemizar com os cristãos católicos, a quem respeito e amo no amor de Jesus. Mas gostaria de considerar, com a ênfase que o caso requer, que a Reforma só aconteceu porque a Igreja estava moralmente em decadência, pois distanciara-se muito do evangelho. A Igreja preocupava-se mais com as questões políticas e econômicas do que com os assuntos espirituais; ao buscar aumentar ainda mais suas riquezas, vendia indulgências, cargos eclesiásticos e relíquias, tudo como forma dos fiéis adquirirem bênçãos. E isso estava errado, e os próprios católicos reconhecem.
Passados quase quinhentos anos da Reforma Protestante, penso que não seria precipitado afirmar que, em muitos aspectos, precisamos reformar a Reforma, como filhos e herdeiros da mesma. Basta olhar a situação de não poucas igrejas ditas evangélicas. Em muitos aspectos, não estamos muito longe da decadência moral que pode preceder uma verdadeira reforma. É bom lembrar que algo precisa de reforma quando se deteriorou, ou tomou curso errado, ou se deformou. Assim, reformar é formar de novo, reconstruir, corrigir, retificar, restaurar. Em suma, reformar é fazer um “movimento para trás”, é levar algo à sua situação original. Então, meditemos sobre isto.
Os evangélicos não vendem Indulgências, mas muitos continuam proliferando ensinamentos que enganam os crentes com a promessa da salvação em troca de dinheiro e bens materiais. Não temos um papa, temos vários papas; cada denominação tem o seu. Muitos pastores vivem como se fossem “papazinhos” nos seus tronos de “infalibilidade”, ou melhor, há sempre um “reizinho” para cada feudo eclesial.
Também não temos santos e imagens, mas muitos tratam a Bíblia (ou partes dela) como “amuleto”. Não temos catecismo, mas temos uma “cartilha” de usos e costumes. Não há missa, mas temos cultos liturgicamente engessados. Não há paramentos sacerdotais, mas temos paletó e gravata. Não há reza, mas temos orações repetitivas. Não pagamos promessa, mas damos culto de ações de graça como se fosse. Não há penitência, mas temos algumas “simpatias” e “campanhas”, que muitos usam como forma de barganhar com Deus. Muitos evangélicos, como os católicos, pensam que a salvação só é conseguida na “sua” igreja.
Desse modo, não são essas mesmas coisas que indicam a nossa real necessidade de reforma? Pensemos, portanto, em quatro princípios fundamentais adotados pelos líderes da Reforma. Primeiro: a religião deve ser baseada nas Escrituras Sagradas, pois nada substitui a autoridade da Bíblia como nossa regra de fé e prática. Nem costume, nem tradição, nem cultura. Sola Scriptura! Segundo: a religião deve ser racional e inteligente, significando que, embora a razão esteja subordinada à revelação, a natureza racional do homem não pode ser violada por dogmas e doutrinas irracionais.
Terceiro: a religião é pessoal, ou seja, cada crente deve confessar o seu pecado diretamente a Deus, sem a necessidade de um sacerdote humano para perdoar-lhe. A adoração também é pessoal, de modo que os crentes podem ter comunhão com Deus, individualmente. Quarto: a religião deve ser espiritual, não formalista. Isso pressupõe a volta aos princípios evangélicos de simplicidade e pureza, indicando que o crente era santificado pela presença do Espírito Santo em sua vida interior, não pela observância de formalidades e cerimônias externas.
Todos os cristãos devem ter isto sempre em mente: ao estarmos constantemente nos reformando, manteremos sempre aberto o canal para que a “multiforme graça de Deus” continue a operar na igreja e em nossas vidas “sem impedimento algum” (1 Pe 4.10; At 28.31). Soli Deo Gloria!

domingo, 21 de outubro de 2012

Um Carcereiro chamado Fé-na-Fé


Geralmente fala-se com muita ênfase sobre a libertação que a fé produz, mas pouca atenção é dada ao aprisionamento que a fé pode causar. Depende do tipo de fé, obviamente. Ao meditar, pois, sobre a doutrina da fé, em como está sendo ensinada e recebida entre os cristãos por toda parte, preocupa-me o fato de que o moderno conceito de fé atualmente apresentado por alguns pregadores está distante do significado que a Bíblia apresenta.
Refiro-me ao conceito atualmente em voga, que pode ser denominado de “fé-na-fé”, ou seja, fé em coisas e pessoas; fé em métodos, no que podemos fazer, não uma genuína e legítima fé em Deus baseada na Palavra de Deus.
A minha preocupação se confirma pelos resultados que podem ser vistos nas vidas de muitas pessoas que se esforçaram sinceramente em manter uma vida de fé. Vejo, com pesar, muitas pessoas frustradas e machucadas, sentindo-se infelizes porque a sua fé não funcionou. Vejo não poucos espiritualmente esgotados, cansados da própria fé, com medo de confiar em Deus.
Como resultado, pesa-lhes ainda a autoacusação contínua de que não creram como deveriam, ou que apenas têm pouca fé. Isso as esmaga mais ainda, pois ficam a pensar que Deus as ama menos por causa do seu fracasso em crer. Outros há que elegem Deus como um grande vilão a exigir de pobres mortais o que não pode ser alcançado, a não ser pelos dotados de espíritos superiores.
Penso que nesse ponto reside a diferença entre a verdadeira vida de fé e a vida meramente religiosa. Religião e fé não são palavras sinônimas, e a prática de uma é a negação da outra. Religião é quando tentamos chegar a Deus pelos nossos próprios esforços; a vida de fé é Deus chegando até nós na revelação de Seu Filho Jesus Cristo.
Quando as pessoas são instruídas a confiar em coisas e métodos, elas estão sendo levadas simplesmente à prática religiosa. Usar sal grosso para espantar mau-olhado, colocar um copo de água sobre a televisão para receber cura, utilizar um ramo de arruda para espantar maus fluídos, dar dinheiro para receber bênçãos, entre outros, é estar subordinado à fé-na-fé, é praticar religião. Isso não tem nada a ver com o Evangelho ou com os princípios de fé, conforme expressados nas Sagradas Escrituras.
Quando usamos a palavra fé estamos tratando de uma reação de confiança a determinado conjunto de fatores. No caso da fé em Deus, ela não se inicia com o ser humano, como diz a religião. Antes, inicia-se quando Deus se revela a nós, quando Ele abre o Seu coração para conosco e revela o Seu amor e Sua graça concretizados em Jesus Cristo. Assim, a fé começa com o caráter de Deus e a obra que Ele realizou por nós através de Seu Filho.
A Bíblia apresenta a seguinte definição de fé: “A fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem” (Hb 11.1). A fé é uma certeza que vem da revelação da Palavra de Deus, é um canal de confiança viva, é “a certeza” que se estende do homem até Deus em confiança no que o próprio Deus falou. A palavra certeza significa “uma percepção mental segura” e refere-se à convicção de que as promessas de Deus nunca falham. Ter fé significa “acreditar no testemunho de outrem”. Assim, a verdadeira fé envolve inteiramente a confiança no testemunho da Palavra de Deus.
A revelação vem da Palavra de Deus, e a verdadeira fé começa com a revelação e por ela é fundamentada. Após a revelação, vem a compreensão dessa revelação. Quando a revelação é recebida e  compreendida, obtém-se então o conhecimento. Quando se adiciona a confiança a esse conhecimento, a fé pode ser demonstrada. Essa é a ordem das coisas. A manifestação de qualquer coisa proveniente de Deus é por fé somente, porque Deus estabeleceu esta lei da fé: “O justo viverá pela fé” (Gl 3.11). Não podemos mudar esse conceito, pois a nossa vida será sempre decorrente do que cremos.
Podemos viver um sólido tipo de fé inteiramente baseada numa correta interpretação das Escrituras, quando a verdade se credencia na prática, ou viver uma fé aprisionante originada de conceitos advindos meramente da religiosidade humana.
Em suma, quando confiamos na Palavra de Deus e agimos de acordo com a mesma, obtemos o que Deus diz que teremos ao confiarmos Nele. O Deus verdadeiro é quem garante a Sua Palavra.
Quando, porém, seguimos regras humanas e religiosas, colhemos somente a decepção de não sermos suficientes para as exigências que o carcereiro chamado fé-na-fé nos impõe. Pois fé-na-fé só conhece cobrança e exigência, não garante nenhuma liberdade, e ainda mais, nos aprisiona em regulamentos e nos torna reféns do nosso próprio infortúnio.
Crer em Deus e em Sua Palavra produz liberdade. Seja livre!

sábado, 13 de outubro de 2012

Cultura e Religião versus Evangelho


            Cultura e religião são como irmãs siamesas, estão sempre intimamente ligadas, pois o cerne de cada cultura é alguma forma de religião. Como a religião é um conjunto de crenças e valores, a cultura funciona de algum modo como vetor de expressão e visibilidade da religião na sociedade. Uma vez que o ser humano foi criado por Deus, as culturas ainda guardam, em parte, beleza e bondade, pois a graça de Deus ainda opera no mundo. Porém, todas as culturas – crenças, usos e costumes – foram maculadas pela Queda e estão influenciadas pelo pecado. Além disso, grande parte das culturas sofrem da influência das animalidades do caráter humano e da malignidade de variadas inspirações demoníacas.   
            No cerne de toda cultura há também um forte elemento de egocentrismo, da autoadoração do homem, a despeito de sua busca incessante pelo sagrado, pois nenhuma cultura é perfeita em verdade, bondade e beleza. Assim, pois, a influência da cultura na religião gera alguns riscos espirituais, principalmente o de se confundir tradição com revelação de Deus. Na verdade, muitas das práticas religiosas oriundas de tradições conhecidas não condizem de modo algum com o evangelho de Cristo.
            Jesus várias vezes enfrentou a ira dos religiosos de seu tempo quanto a essa questão. Numa ocasião, os líderes pressionavam os discípulos para que cumprissem a tradição dos anciãos a qualquer custo. Jesus, porém, os responsabilizou de negligenciarem e transgredirem o mandamento de Deus, quando então invalidavam as Escrituras por causa da sua tradição (Mt 15.3).
            Esse exemplo é uma clara ilustração de que nem sempre a tradição, por mais rica que seja, culturalmente falando, ou de quanta beleza estética esteja adornada, ou mesmo de quão espiritual possa parecer, sim, nem sempre ela estará de acordo com o evangelho de Jesus Cristo.
            A igreja, por ser uma comunidade histórica, tem uma rica herança cultural e teológica, à qual não deve jamais negligenciar, sob pena de correr o risco de tornar-se espiritualmente empobrecida. No entanto, exatamente por ser igreja, ou corpo de Cristo, não deve receber essa mesma tradição de um modo acrítico, mas, sobretudo, submetê-la a um rigoroso teste à luz das mesmas Sagradas Escrituras que prega, sob cuja autoridade deve viver.
            Em outras palavras, se a tradição, mesmo travestida de ricos adornos culturais, não estiver de acordo com o que diz a Palavra de Deus, deve ser questionada. Por exemplo, se a tradição coloca outra pessoa no lugar devido unicamente a Cristo, isso evidencia que ela está a ferir o princípio fundamental do evangelho, que é o Senhorio absoluto de Jesus Cristo sobre todas as coisas. Jesus disse: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt 20.18). Isto torna explícito que o senhorio de Cristo e a sua autoridade sobre a sua igreja, em geral, e sobre a nossa vida, em particular, deve ser total, inequívoca e intransferível.
            Quando um indivíduo se converte a Cristo, começa a fazer parte de seu corpo, que é a igreja. O significado essencial da conversão é uma completa mudança de lealdade, pois deixamos de lado os ídolos aos quais reverenciávamos e passamos a servir única e exclusivamente ao Senhor Jesus. Desse modo, a igreja não deve submissão a nenhum outro ser, como também não deve adorar a nenhum ídolo, sob nenhum pretexto, mesmo que este venha maquiado de verniz religioso ou teológico. E por quê? Porque só Jesus é digno “de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor”, conforme é plenamente reconhecido no Céu (Ap 5.12).
            É bom sempre lembrar que não foi a tradição que nos deu a salvação, foi Jesus. A vida eterna foi dada por Jesus, não por anjos, ou santos, ou ídolos. Quando a tradição diz o contrário, que algum outro ser deve ser colocado no lugar de Deus; quando coloca outro mediador entre nós e Deus, então, essa mesma tradição elimina o conceito de Deus e subtrai a honra devida a Jesus, pois escrito está: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1 Tm 2.5). 
            Devemos, pois, estar atentos ao fato de que muitas vezes os valores culturais buscam substituir a fé pura e simples na Palavra de Deus. Essa sutileza que substitui valores espirituais por conceitos culturais é importante na proporção dos danos que causa. Se interfere no destino eterno de uma pessoa, distanciando-a de Deus aqui e para toda a eternidade, então deve ser levada em conta, reavaliada e descartada. Torna-se, portanto, necessário um novo processo de conversão, ou seja, uma mudança radical de rumo e de perspectiva.
            A religião (religare) só é boa se nos religa a Deus. A cultura só é boa se não nos afasta de Deus. Acima destas está o evangelho, que “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê”.

sábado, 6 de outubro de 2012

Para decidir o destino da cidade


Chegou a hora de decidir o destino da sua cidade. Neste domingo, 7, as eleições municipais, em todo o Brasil, ajudarão a decidir os rumos que cada cidade seguirá nos próximos quatro anos. De algum modo, você certamente terá de pensar sobre o voto que vai dar, sobre qual candidato escolher, pois sendo uma pessoa responsável, o que você depositar nas urnas vai ajudar a dirigir sua própria vida.
Talvez você seja daqueles que se encontram frustrados com a escolha das eleições passadas, se sentindo enganado ou abandonado. Talvez seja um daqueles que nem mesmo se lembra em quem votou. Ou talvez, você seja uma das pessoas que ache eleição uma coisa chatíssima.
Quero que você pense sobre duas coisas. Primeiro, nesse exato momento, cerca de metade da população do mundo não sabe sequer o que quer dizer votar e escolher os seus próprios governantes, pois esse é um instrumento inexistente em não poucas culturas e países. Por esse prisma, podemos nos considerar privilegiados por fazer parte da escolha da vida política da nossa cidade. Isto porque, bem ou mal, vivemos em uma democracia.
Segundo, se uma pessoa começar a votar aos 16 anos e viva até aos 80 anos, poderá votar, no máximo, dezessete vezes. Quantas coisas na vida você pode fazer que lhe dê dezessete oportunidades para mudar ou melhorar algo, mas acaba desprezando?
Essas duas ponderações ajudam a nos mostrar a importância e a urgência que as eleições devem merecer de cada um de nós. Afinal, esta é a festa da democracia. Na definição de Abraham Lincoln, “Democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo”. Assim, o próprio povo escolhe, pelo voto, o seu destino.
A maneira como cada eleitor trata o seu voto fornece uma pista segura para sabermos se o mesmo tem consciência política e exerce plenamente o seu direito de cidadão, ou não. Desse modo, a estatura de cada cidadão é medida pela valorização que dá ao seu voto, pelo modo como expressa a sua vontade política.
Por isso, o voto é não somente intransferível e inegociável, mas também precisa refletir a compreensão que o eleitor tem de sua cidade. Em função disso, ele não deve, em hipótese alguma, violar a sua consciência política, principalmente no que diz respeito à sua maneira de ver a realidade social. Cada eleitor deve, portanto, discernir se o candidato que pede o seu voto é uma pessoa lúcida e comprometida com as causas da Justiça e da Verdade, e não um oportunista de plantão, que só aparece em época de eleição.
Se o eleitor quer ter compromissos éticos na política, deve lembrar-se de que os fins não justificam os meios. Por isso, nunca deve aceitar promessas de qualquer candidato que possam corromper a sua consciência, mesmo que a “recompensa” propalada seja, aparentemente, muito boa para si ou para a sua comunidade. O eleitor não deve aceitar de forma alguma promessas de ganhar os “reinos deste mundo” por quaisquer meios que lhe roubem a glória de ser um cidadão responsável e útil à sociedade com o seu voto.
Devemos ter em mente que o nosso voto é, de algum modo, um instrumento revolucionário e pacífico de transformação social. E essa é uma característica única e essencial de democracias sólidas e estáveis, cuja ação só pode ser realizada por um ato da vontade e da consciência de cada cidadão.
Quer queiramos admitir ou não, estaremos caminhando para uma situação que pode melhorar ou piorar a nossa cidade, dependendo da nossa atitude, da nossa escolha. Se formos omissos ou desinteressados, ajudaremos a piorar a situação; se formos responsáveis e diligentes, solidários e participativos, com o voto consciente e de qualidade, daremos um grande passo para melhor a “polis”, a cidade onde vivemos, pois daí advém o termo política.
Se não dá para mudar tudo e fazer o bem de uma só vez, podemos ao menos tentar evitar que o mal prospere, ao votarmos e elegermos os candidatos sérios e de melhores propostas.
Procure avaliar a vida dos candidatos, pergunte sobre os mesmos, se informe a respeito, veja se é um bom caráter, se é uma pessoa séria, se tem propostas coerentes, e prime por escolher o seu candidato num elenco que traga essas legítimas características.
Se estes não puderem mudar o que precisa ser mudado, na pior das hipóteses evitarão que pessoas nocivas sejam eleitas e ocupem o lugar que nos é devido, exerçam autoridade sobre nós, persigam a nossa fé e blasfemem contra o nosso Deus.
       Nesta hora de decisão, saiba que o seu voto ajudará a decidir o destino da sua cidade. Além disso, oro para que Deus dê a todos sabedoria e graça, para que cada eleitor faça a melhor escolha!

sábado, 29 de setembro de 2012

O que pode fazer Deus sorrir


O que pode fazer Deus sorrir? Vendo a feiosidade do mundo de hoje, teria Deus motivos para tal? Evocando-se também as centenas de anos de teologias que mostram um Deus irado e carrancudo, poderíamos minimamente pensar que Deus seja dado a sorrisos? E, decerto, talvez Deus tenha tantos motivos quanto na época de Noé, quando se arrependeu de ter criado o homem e pensou em destruir a raça humana que se havia irremediavelmente corrompido (Gn 5.6). 
De qualquer modo, foi nesse meio tempo que Deus descobriu, entre tanta podridão comportamental, um homem chamado Noé, que lhe dava prazer e certamente o fazia abrir um largo sorriso. Foi exatamente quando Deus decidiu começar tudo de novo com a família dele. 
A razão de estarmos vivos hoje é que Noé agradou a Deus. O modo de Noé agradar a Deus se baseava numa legítima adoração, a qual perpassava a sua vida inteira e fazia dele alguém especial e possuidor de uma vida com propósito, o que o tornava, inclusive, diferente do resto das pessoas de sua geração. Deus verdadeiramente tinha nele motivos para sorrir. Ele cria que tinha sido criado por Deus e para Deus; e foi em Deus que Noé descobriu a sua origem, identidade, significado e propósito. 
A ideia de fazer Deus sorrir pode parecer absolutamente estranha para muitas pessoas, principalmente àquelas que se acostumaram à imagem de Deus como um velhinho carrancudo e irado, com raios nas mãos para atirar no primeiro pecador que sair da linha. 
Rick Warren, em seu livro “Uma Vida com Propósitos”, ainda hoje um best-seller, aborda a intrigante questão do propósito para o qual fomos criados, trazendo como exemplos da observação da vida de Noé, os cinco atos de adoração que faziam Deus sorrir. Isso, no fim das contas, serve como contraponto de que alguém pode conseguir poder, dinheiro, sucesso e alcançar os pícaros da glória humana, mas, mesmo assim, vir a sentir o imenso e inominável vazio de ter corrido a vida toda atrás do vento.
O que, porventura, pode fazer Deus sorrir?
Deus sorri quando o amamos acima de qualquer coisa. Isso ocorreu com Noé, que amava a Deus mais do que tudo, mesmo quando ninguém mais o amava. A sua vida era pautada por seguir a Deus ininterruptamente e isso o fazia desfrutar de um íntimo relacionamento com Ele.
Deus sorri quando confiamos Nele completamente. Noé confiou em Deus mesmo quando isso não fazia nenhum sentido. Deus o mandara construir um gigantesco barco para salvar a sua família e os animais, pois iria alagar o mundo. Ora, Noé jamais vira uma chuva, pois naquela época apenas o orvalho irrigava a terra. Também não sabia o que era um barco e morava a centenas de quilômetros do oceano. Mesmo assim, Noé levou 120 anos para construir a Arca, a despeito das críticas de ser louco varrido; tudo porque confiava completamente em Deus.
Deus sorri quando o obedecemos incondicionalmente. Deus dera a Noé instruções detalhadas (tamanho, forma, matéria-prima) a respeito da construção da Arca e sobre que tipos de animais deveria recolher. A Bíblia diz que “Noé fez tudo exatamente como Deus lhe tinha ordenado”, pois ele sabia que esse era o modo certo. Obediência parcial é uma completa desobediência. A obediência a Deus é um ato de adoração, pois nela dizemos o quanto o amamos. Obedecer a Deus incondicionalmente é um tipo de devoção que o faz sorrir.
Deus sorri quando o louvamos e damos graças. Quem não gosta de receber um agradecimento? Deus também gosta. E Noé sabia disso, tanto que a sua primeira atitude após o dilúvio foi expressar a sua gratidão a Deus oferecendo-lhe um sacrifício “tomando alguns animais e aves”. Hoje, diferentemente daquele tempo, podemos oferecer a Deus sacrifícios de louvor e gratidão (Hb 13.15; Sl 116.17).
Deus sorri quando usamos nossas habilidades. Alguém pode pensar que Deus só se agrada de nós quando estamos em atividades “espirituais” — ler a Bíblia, ir ao culto, orar, testemunhar etc. — e que Ele é indiferente às outras áreas de nossa vida. Deus disse a Noé e sua família que eles deveriam ser férteis, se multiplicar, encher a terra; que eles podiam trabalhar e comer animais e vegetais. É como se Deus dissesse: “Siga a sua vida, eu vou estar por perto. Eu me importo com você”. A Bíblia diz: “Os passos dos justos são dirigidos pelo Senhor. Ele se agrada de cada detalhe da vida deles” (Sl 37.23). Assim, todas as atividades humanas, com exceção do pecado, podem ser feitas para agradar a Deus.
Sendo assim, permita-se um momento de reflexão, se você está ou não agradando a Deus, se sua vida tem sentido ou é um mero correr atrás do vento. E, finalmente, responda: será que Deus tem algum motivo para sorrir pela sua vida?