Enquanto o ano de 2012 “agoniza” em
seu final melancólico, todos os olhares estão fixados no Ano Novo. É sempre a
mesma coisa, nesses dias que antecedem a chegada do novo ano. As pessoas
começam a exprimir seus mais esperançosos desejos em relação às perspectivas do
que querem conseguir nos dias porvir. Geralmente, quando perguntadas sobre o
que desejam para si mesmas, respondem que querem “saúde e paz”, “amor e fé”, ou
simplesmente “um mundo mais justo” etc.
Assim como dizer que as coisas são não
faz com que as coisas sejam, desejar essas coisas não as torna realidade tão
somente porque o queremos. É necessário, primeiro, que pensemos por que
queremos essas mudanças objetivas e também o que estamos dispostos a fazer para
obtê-las.
Não fazer o “dever de casa” neste
quesito é mover-se no terreno movediço da mera fantasia. Tecer fantasias
advindas de elucubrações egoístas não custa nada. Sonhar com mudanças porque as
desejamos com sinceridade, por outro lado, exige que não apenas identifiquemos
o que queremos, mas também buscar a transformação desses mesmos desejos em
realidade historicamente palpável.
A segunda coisa que precisamos fazer
é pensar a respeito das realidades subjetivas dos valores que pretendemos ver
implantados.
Alguns dizem: “Dá-nos saúde e paz,
que o resto a gente corre atrás”. Nessa corrida, podem não chegar a lugar
algum. Ora, paz e amor, justiça e fé, são valores imateriais que se submetem a
princípios essencialmente espirituais. Ou seja, não dependem somente de querer
ou se esforçar. Dependem, sim, e principalmente, do que somos. É aqui que a
qualidade do fazer é um resultado subordinado à realidade do ser.
Trocando em miúdos. Queremos paz.
Mas a paz que desejamos depende de fatores espirituais. No aspecto pessoal, ter
paz é necessariamente um resultado de uma relação pessoal com Deus. A Bíblia
aponta o caminho da paz, ao afirmar: “Temos paz com Deus por meio de nosso
Senhor Jesus Cristo” (Rm 5.1). Jesus disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos
dou” (Jo 10.27).
Assim, desejar paz interior sem um
relacionamento efetivo com Deus é a negação de nossos melhores desejos de
mudança, algo que pode ser fruto apenas de uma fantasia simplista e infantil.
Em termos sociais, a paz não se
instala sem que decorra da justiça que praticamos. A Bíblia diz: “O efeito da justiça será paz, e o fruto da justiça, repouso
e segurança, para sempre” (Is 32.17).
Porém, como ter paz social quando “todos são iguais diante da lei, mas
desiguais perante o juiz”?
O Brasil é um país injusto não
somente porque a justiça é lenta, mas porque ela é parcial e geralmente fecha
os olhos (fingindo que é cega) ao pobre e desvalido. Quando aprendermos
efetivamente que “a justiça exalta as nações, mas o pecado é o opróbrio dos
povos” (Pv 14.34), teremos dado o primeiro passo para sermos elevados diante de
Deus como um país sério e justo.
Tratemos sobre o amor. O que entendemos do
amor? Para alguns, o amor é apenas uma forma de ser irresponsável, de não se
importar com o próximo, de não se meter na vida dos outros, de deixar as coisas
correrem soltas e permitir a cada um fazer o que bem entende. Mas amor que não
se importa não é amor.
Amor
que não reprime o mal e não zela pelo bem comum é apenas irresponsabilidade
social. O amor emana de Deus, pois “Deus é amor”. Não podemos amar de verdade
sem estarmos compromissados com a fonte de emanação desse amor. Mas isso não significa
ser “cumpridor” de obrigações religiosas, algo na esfera do mero fazer; isso
depende, sim, do fazer, mas como resultado do ser. Eu sou, eu faço.
Ação
sem amor é ativismo político. Amor sem ação é escapismo romântico. Somos
criaturas de Deus, pois Dele viemos, Nele existimos e nos movemos. É por
intermédio de Deus e com a força que Ele supre que devemos amar: a Deus, a nós
mesmos e ao próximo. Esta é a essência da verdadeira religião.
Falemos
da fé. Os que desejam ter mais fé, precisam saber que a fonte geradora da fé é
de natureza essencialmente espiritual. A princípio, está fora de nós e não é
objeto de um simples desejo ou resultado de nossas afirmações. A Bíblia ensina:
“A fé vem pelo ouvir a palavra de Cristo”. Se alguém
quer ter mais fé, deve começar por exercitar-se em meditar na Palavra de Deus,
buscando iluminação para compreender seus princípios e viver por eles.
Em 2013, devemos não apenas agendar o que desejamos ter ou fazer,
mas principalmente o que queremos ser. E que Deus ajude cada pessoa a ser transformada
para viver na excelência da vontade Divina, pois só assim poderemos ter um
mundo cheio de fé, amor, justiça e paz.