Nas
Olimpíadas de 1968, John Stephen Akhwari, da Tanzânia, foi o último colocado na
Maratona. Ele correu a maior parte do percurso de 42 quilômetros pelas ruas da
Cidade do México com uma perna enfaixada e sangrando, sentindo dores a cada
passo, pois sofrera uma queda logo no início da corrida.
Muito
depois da chegada dos competidores, ele entrou no estádio para a volta final,
acompanhado pelas motocicletas da escolta policial, cujas luzes piscavam
iluminando a noite fria e escura. O mundo assistiu pela televisão quando as
arquibancadas romperam em aplausos ritmados, que se tornaram cada vez mais
fortes à medida que ele rodeava o campo e cruzava a linha de chegada. Todos
vibravam como se ele tivesse vencido.
Mais
tarde, perguntado sobre por que tinha suportado a dor, em vez de desistir da
corrida, Akhwari pareceu perplexo e respondeu simplesmente: “Acho que vocês não
entenderam. Meu país não me enviou à Olimpíada para começar a corrida. Eu fui
enviado para completar a prova”.
Por este
exemplo, podemos comparar a vida a uma competição de maratona, com largada e
chegada. Há muitas provas diferentes, na vida e nos esportes, as quais exigem
as mais variadas gradações de esforços. Portanto, cada pessoa é responsável
pela própria escolha de como enfrentará as competições da vida.
Não são
poucas as pessoas que começam, mas não sabem como terminar. Perdem-se em algum
lugar no caminho, cometem erros que as atrasam ou inviabilizam a sua
trajetória. Há também aqueles que sequer sabem para onde estão indo, andam a
esmo, sem alvos específicos, sem metas claras, de modo que qualquer caminho as
levará para lugar nenhum.
Há os que,
sob o peso das exigências normais da vida, perdem o compasso e desistem, deixam
de lutar, ficam paralisados diante dos obstáculos, deixam de buscar seus alvos,
prendem-se ao passado e, deprimidos, entregam-se às lembranças de conquistas de
outrora.
Mas há
também aqueles, como Akhwari, que lutam até o fim, começam e terminam, e
completam a prova com a certeza de que, a despeito das adversidades, deram o
melhor de si e chegaram lá.
O apóstolo
Paulo, em seus ensinos, fez essa relação entre a vida e o esporte. Ele tratou
especialmente de dois princípios elementares que, se seguidos, remeteriam as
pessoas à conquista de sua retumbante vitória na vida. Aos coríntios, que
viviam certos descontroles na comunidade, ele disse: “Todo
atleta em tudo se domina, agüenta exercícios duros porque quer receber uma coroa
de folhas de louro que, aliás, não dura muito. Mas nós queremos receber uma
coroa que dura para sempre” (1 Co 9.25).
Ao
jovem líder Timóteo, que vivia os altos e baixos de sua inexperiência e
timidez, escreveu: “O atleta que toma parte numa corrida não recebe o prêmio se
não obedecer às regras da competição” (2 Tm 2.5).
São
várias as lições que aprendemos desses conceitos. Na vida, temos de aprender a exercer
domínio próprio, de modo a não permitir que as circunstâncias venham a ser os
elementos determinantes dos nossos alvos e da nossa carreira. Isso mostra que a
nossa maior luta não é contra os outros, mas contra nós mesmos.
Dominar
a si próprio é um dos maiores desafios da vida. A disciplina é, portanto, a
marca maior de uma pessoa vitoriosa. Aquele que se domina, aprende também a dar
o melhor de si. Em fazendo assim, mesmo que não venha a ser melhor do que um ou
outro, certamente terá a consciência tranquila de ter feito o melhor que pôde.
Precisamos,
igualmente, nos preparar e treinar, para quando as oportunidades chegarem, não
sejamos por elas surpreendidos. O valor intrínseco de nossos alvos na vida é
que determinará o tipo de preço que estaremos dispostos a pagar para alcançar a
nossa meta. Quanto mais elevado o ideal, maior o preço.
Há
também a lição de que, na vida, existem regras e princípios que devem ser
observados. Não há atalhos, não podemos queimar etapas; é preciso percorrer o
caminho todo e completar a prova.
Outra
lição é que precisamos decidir que tipo de luta enfrentaremos. Um atleta decide
a prova em que competirá, aquela que seja adequada à sua resistência. Isso
indica que há a pessoa certa para o lugar certo. Um maratonista não será apto a
correr cem metros rasos, e vice-versa. Em outras palavras, não temos de tentar
ocupar o lugar de outra pessoa, mas descobrir o nosso lugar na vida e por ele
lutar até a conquista.
A
maior lição, porém, tem a ver com o nosso destino eterno, se a escolha que
fizermos na vida incluirá ou não obedecer a Deus. Alguns vão preferir meros
aplausos humanos na terra. Mas quem escolhe andar com Deus vencerá as
competições da vida e herdará a glória eterna.