Jesus, o bom Mestre, responde com outra pergunta e acrescenta uma afirmação: “Podem, acaso, estar tristes os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo, e nesses dias hão de jejuar” (Mt 9.15).
A pergunta sugere que nem todo tempo é tempo de jejuar. Não é prática jejuar em tempos de alegria e de bonança. A afirmação de Jesus, por outro lado, traduz o desafio de que o jejum, quando necessário, deve ser levado a sério, jamais deve ser ignorado ou objeto de descuido.
É bom lembrar que oração e jejum são práticas espirituais que andam juntas. No ministério de Jesus, eram tão intrinsecamente ligadas que ensejariam, no mínimo, uma questão: Se Jesus, o Filho de Deus, orava e jejuava, então que atenção devemos dar a essas práticas?
Antes de começar o Seu ministério, Jesus foi “levado pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo Diabo” (Mt 4.1-11). Em razão dessa batalha, Ele passou quarenta dias em oração e jejum. Outros servos de Deus, em meio a grandes lutas, também se detiveram nessas práticas sacrificiais em busca de vitória (Moisés: Ex 34.28; Davi: 2 Sm 12.16).
A ação de orar e jejuar demonstra zelo diante de Deus, em detrimento de todas as outras coisas, assim como ajuda a obter vitória contra a tentação, auxilia a obter poder sobre os demônios, desenvolve a fé, mortifica a incredulidade e ajuda na perseverança (Mt 17.14-21).
O sábio Salomão escreveu que há “tempo para todo propósito debaixo do céu: tempo de nascer e tempo de morrer... tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria... tempo de estar calado e tempo de falar”, entre outros (Ec 3.1-8). Mas nada disse quanto ao tempo de orar.
Qual a razão? O apóstolo Paulo ensina: “Orando em todo o tempo”; e também: “Orai sem cessar”. Jesus contou uma parábola sobre “o dever de orar sempre e nunca esmorecer”. Ou seja, devemos orar em todo o tempo disponível, pois todo tempo é tempo de orar.
Oração é o que se pode chamar de ministério de todos os santos: crianças, adolescentes, jovens, senhores e senhoras, todos são chamados a orar sempre até que a vitória se estabeleça.
Jejum é abstenção de alimento, mas o sentido espiritual é afligir e humilhar a alma diante de Deus (Sl 35.13), crucificar os apetites carnais, evidenciar o controle sobre seus desejos, a fim de dedicar-se integralmente a Deus.
Devemos orar e jejuar para estarmos apto a fazer a vontade de Deus, não para Deus fazer a nossa vontade. Se Deus não quiser, não há oração e jejum que possam movê-lo. Essa é uma verdade central da soberania de Deus sobre a vida e a História.
Se há quem pense poder manipular Deus ao orar ou barganhar com Deus em jejuar, este ainda não aprendeu como convém orar e jejuar.
Orar é mais do que apresentar uma lista de pedidos; é a síntese de um relacionamento efetivo que desemboca em se interessar pelo que Deus se interessa. Por isso oramos: “Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu”.
Jejuar é mais do que deixar de comer, pois o que faz o jejum agradável a Deus é o nosso despojamento pessoal, é lutar contra as injustiças, libertar os cativos e ajudar ao pobre e necessitado (Is 58.6-10).
Desse modo, sabendo que o “Noivo” se foi, mas está para retornar, se quisermos ser igualmente vitoriosos, agora precisamos orar e jejuar. Isso não é uma opção, é uma necessidade.
Humilhemo-nos diante de Deus, oremos e jejuemos pelo Brasil, pela integridade das famílias, pela honestidade dos governantes, para que a luz da Palavra rompa como a alva em nossa nação, para que haja cura aos doentes e justiça para todos, para que a glória do Senhor seja a nossa retaguarda. Amém!
Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe Confira os artigos do Pastor Samuel Câmara, todas as semanas no jornal "O Liberal" -http://www.oliberal.com.br/