Na Segunda Guerra Mundial, um submarino afundou com 72 tripulantes. Navios de socorro e homens-rãs foram enviados para resgatá-los. Eles trabalharam rápido, sabendo que o oxigênio no interior do submarino duraria pouco tempo. Finalmente, um mergulhador localizou o submarino e bateu uma mensagem em Código Morse no casco do mesmo: “Vocês estão bem?”. A resposta veio de pronto: “Sim, estamos”. O mergulhador rebateu: “Está chegando ajuda”. Os marinheiros do submarino, sabendo que o oxigênio logo acabaria, responderam: “Daqui a quanto tempo?”.
Em agosto de 2000, o submarino Kurz afundou no mar de Barents, mas seus 118 tripulantes não tiveram a sorte de serem achados a tempo. A equipe de salvamento não os alcançou com vida.
A situação espiritual em que o mundo se encontra hoje é semelhante. Pessoas vivem no pecado e, longes de Deus, estão em perigo de morte eterna. Resta pouco tempo, o fim está próximo, Jesus está voltando. A ajuda pode estar chegando, mas esta pergunta não quer calar: “Daqui a quanto tempo?” A resposta, obviamente, depende do compromisso da igreja com a evangelização. O que acontecerá se demorarmos um pouco mais?
Jesus nos deu uma ordem clara e específica: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura”. Evangelizar é pregar o Evangelho de Jesus Cristo, é anunciar as boas novas de salvação. A principal razão de ser da igreja de Jesus é tornar conhecido ao mundo todo o “conselho de Deus”. Isso significa, em suma, proclamar a palavra da salvação gratuita de Deus através de Jesus Cristo, que morreu por todos os pecadores.
Pedro ensinou: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus”. Em outras palavras, devemos também compartilhar com os outros o maior dom recebido, a dádiva da salvação. Não evangelizar, portanto, é estar na contra-mão da vontade expressa de Deus, ou pelo menos, em contraposição à própria essência da nossa existência como igreja.
Jesus disse: “Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele”. Essa é a boa notícia que temos de anunciar!
A salvação é gratuita, recebida pela fé gerada naquele que ouve a Palavra de Deus. A Bíblia diz: “E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. Mas adverte: “Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?”. A tarefa de evangelizar não foi dada aos anjos; foi dada a homens e mulheres que conhecem a Deus.
Na estrada de Damasco, Jesus apareceu a Saulo e falou com ele. Jesus não explicou a Saulo o que deveria fazer para alcançar a salvação. Antes, o enviou para a cidade, dizendo: “Onde te dirão o que convém fazer”. Por quê? Porque Deus usa pessoas, tal como seu servo Ananias, para ensinar a Saulo o caminho da salvação. Saulo se arrependeu, creu em Jesus e foi salvo!
Quando o anjo apareceu ao centurião Cornélio, em Cesareia, também não lhe explicou o que deveria fazer para ser salvo. Decerto, Cornélio obedeceria ao anjo sem vacilar. Mas não era tarefa do anjo falar sobre a salvação. O anjo disse simplesmente para ele mandar chamar Simão Pedro, “o qual te dirá palavras mediante as quais serás salvo, tu e toda a tua casa”.
Evangelho quer dizer boas novas, boas notícias. É disso que o mundo precisa desesperadamente; e temos de agir rápido, antes que seja tarde! Infelizmente, quando se quer dizer que algo aconteceu rapidamente, cita-se o jargão: “Depressa como notícia ruim”. Notícia ruim ajuda a vender jornal, aumenta audiência televisiva, desperta o interesse das pessoas. Isso revela uma tendência humana pelo grotesco. Por essa razão, o mexerico prospera mais que o elogio sincero. Lembro-me que o jornal britânico The Times inaugurou um caderno só contendo boas notícias. Um ano depois, numa pesquisa de opinião, descobriu que era o menos lido. Foi cancelado.
Porém, como a igreja vive numa perspectiva diferente, precisa se dispor a cumprir a missão para a qual foi chamada, a de sempre anunciar as boas notícias da salvação. Aliás, o significado literal de igreja (ekklesia) é “chamados para fora”, enviados aonde os pecadores estão, para proclamar as boas novas de que Jesus é o único e suficiente Salvador.
A igreja não é nenhum tipo de instituição ou objeto impessoal; antes, é um corpo, um organismo vivo constituído por todos aqueles que são convertidos verdadeiramente a Cristo e são chamados para serem santos e anunciarem o evangelho aos pecadores.
A grande tarefa inacabada da evangelização é urgente. Cabe a cada crente responder a Deus: “Eis-me aqui, envia-me a mim!”
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
Pastor da Assembleia de Deus em Belém