sábado, 24 de dezembro de 2011

Feliz Natal e um Abençoado 2012!

Ele fez a maior diferença no mundo

Geralmente encontramos inúmeras obras que tentam recontar a história, mas que não escapam de ter como sequência um amontoado de catástrofes recheadas de datas. Porém, é raro encontrar quem busque retratar a história a partir das histórias de personagens que contribuíram com grandes dons para o desenvolvimento da humanidade. E se o autor destaca o personagem que fez a maior diferença no mundo, mais raro ainda.

Thomas Cahill realizou essa façanha, tendo escrito uma obra de sete volumes na qual buscava recontar a história sob esse prisma. No volume III, Cahill trata especificamente de Jesus de Nazaré, a quem denominou de “a figura central da civilização”, aquele que definitivamente fez “a maior diferença no mundo”.

A vida de Jesus na Terra foi extraordinária, de qualquer ângulo que se enxergue, de qualquer contexto que se leia. Mas quando celebramos o Seu nascimento, o fazemos de maneira completamente diferente da que geralmente se faz dos outros personagens da história. Quando é hora de homenagear as figuras imponentes da história, não pensamos neles como bebês.

É difícil sequer imaginar os franceses homenageando Napoleão como um pequeno bebê de fraldas; ou os americanos homenagearem Abrahão Lincoln fofinho em sua cabana de toras de madeira no Kentucky; ou os brasileiros homenageando o Marechal Deodoro num berço, em vez de montado num cavalo e com a espada em riste. Estes e todos os outros são lembrados por suas contribuições como adultos. A obra de Jesus adulto foi mais importante do que qualquer outra, mas especialmente por ocasião do Natal pensamos Nele como “um menino”.

O profeta Isaías escreveu: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”.

“Um menino nos nasceu”, ou seja, Jesus se tornou um de nós, nascendo da mesma forma que todos os simples mortais.

“Um filho se nos deu”, ou seja, Jesus era Deus em forma humana, chamado também de o Filho de Deus, aquele que se tornou carne e habitou entre nós. Ele foi o maior presente de Deus para a humanidade: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.

Jesus como bebê foi marcante porque Ele era o próprio Deus, o Criador do Universo visitando este planeta. Precisamos nos maravilhar com a Sua encarnação, pois foi esse fato que abriu a porta da salvação para todos nós. É preciso celebrar o bebê, sem tampouco esquecer que é necessário confiar no Homem Salvador, pois é isso que torna o Natal tão completo.

Grandes homens exprimiram suas opiniões sobre Jesus: Truett disse: "Cristo era tão realmente homem como se não fosse Deus, e era tão realmente Deus como se não fosse homem". Jean Ritcher asseverou: "Jesus foi o mais puro entre os poderosos, e o mais poderoso entre os mais puros!"

Napoleão Bonaparte sentenciou: "Vós falais de César e Alexandre e de suas conquistas, mas podeis conceber homens mortos fazendo conquistas? Jesus Cristo, morto há séculos, governa o mundo de hoje! Alexandre, César, Carlos Magno e eu fundamos impérios. Sobre o que, porém, repousou a criação dos nossos gênios? Sobre a força. Jesus Cristo fundou seu império sobre o amor, e nesta hora milhões de pessoas morreriam por ele".

O anjo Gabriel anunciou assim seu nascimento: “E lhe porás o nome de JESUS, porque Ele salvará o seu povo dos seus pecados”. Pedro afirmou: “Por meio de seu nome, todo aquele que Nele crê recebe o perdão de pecados”. Assim, o que torna Jesus o maior e mais importante presente de todos é principalmente essa singularidade: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”.

Natal é sinônimo de presente, sendo o maior de todos, Jesus Cristo. Natal é sinônimo de Salvação. Sem Jesus e sem salvação o Natal jamais será completo. Natal é também o tempo de reconhecer que só Jesus faz em nós a diferença que faz a diferença. Quando alguém recebe Jesus no coração como seu Salvador pessoal, tem os pecados perdoados, sua alma é cheia de paz e sua vida é orientada por Deus. Isso é novo nascimento. Isso é viver o verdadeiro Natal.

A minha oração é que neste Natal o Senhor Jesus, aquele que fez a maior diferença no mundo, tenha motivo para se orgulhar da diferença que estamos fazendo e do modo como celebramos o seu aniversário.
Feliz Natal e Abençoado Ano Novo!

Samuel Câmara

Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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domingo, 18 de dezembro de 2011

Pregoeiros de seus próprios defeitos

Geralmente encontramos pessoas que não conseguem ver nada de bom nos outros, a não ser em si mesmas. Esse é o tipo mais abjeto de pregoeiro de defeitos. Mas há um pregoeiro atípico, o da pessoa que se torna arauto de seus próprios defeitos. Embora pareça incomum, qualquer um de nós, aqui e ali, pode encontrá-los nos palcos da vida. Podemos, então, perguntar: por que alguém, voluntariamente, se deprecia e revela falhas e deficiências pessoais sobre as quais seria melhor calar?

Lembro-me de um exemplo ocorrido numa recepção, quando duas moças estavam a conversar num grupo de amigos. Uma, muito bonita; a outra, nem tanto. E cada uma usava um lindo colar de pérolas. Aproxima-se, então, um publicitário detentor da conta de uma grande joalheria, que elogia a beleza da moça bonita e faz referência ao lindo colar, dizendo que, se ela quisesse, poderia utilizá-la como modelo numa grande campanha publicitária. Ela prontamente replica: – Oh, eu gostaria muito, mas como poderia? Tenho as mãos grandes e desajeitadas... e o meu colar custou só 1,99. Alice é que deveria atuar, ela também é bonita, tem muito bom gosto, e seu colar deve ser caríssimo.

O desenrolar da história foi o seguinte: João, outrora interessado em namorar a moça bonita, só então percebe que suas mãos são grandes e os dedos muito separados. Além de começar a notar outros defeitos, perdeu todo o interesse. O publicitário, que nem havia notado Alice, começou a perceber a graciosidade de seus modos discretos, elogiou o seu colar (que ninguém sabia ter sido comprado na mesma loja e pelo mesmo valor) e pensou seriamente em contratá-la.

Na saída, duas idosas conversavam: – Viu, a moça vai ser contratada. – Qual, a de mão grande e colar de 1,99? – Não, não; a lindona do caríssimo colar de pérolas.

A vida nos ensina que jamais devemos ir ao extremo do autoelogio, numa tentativa de anunciar a própria excelência e importância. Sabemos que já há muitos gabolas nesse mundo. Mas precisamos aprender a lição de que, se a modéstia nos impede de atirar confetes sobre a própria cabeça, não devemos também nos jogar pedras. Jamais devemos chamar a atenção sobre as nossas deficiências, pois quando focalizamos um aspecto desfavorável em nós mesmos, todas as boas coisas que porventura tenhamos tendem a se ocultar naquela sombra.

Muitos proclamam os próprios defeitos pela simples razão de buscar, com isso, merecer a compaixão alheia. Mas o resultado é de efeito contrário: perdem os seus atrativos, quando não se tornam ativamente antipáticos.

Muitas pessoas não se dão conta de que expor os defeitos pessoais pode ser simplesmente uma espécie de autocompaixão crônica a revelar um incontornável complexo de inferioridade. De fato, a maioria das confissões voluntárias (quando ninguém pergunta) é devida a fatores que vão desde uma simples inadvertência até uma tendência descontrolada para falar. Porque quando se fala demais, a tendência é falar de si próprio, momento em que a pessoa solta uma espécie de diário verbal, contando tudo o que lhe aconteceu e matraqueando o que tem em mente. Estas, só muito tarde, se dão conta de que é no meio dessa tagarelice descontrolada que escapam as confissões desairosas que um dia poderão lhe obstruir o caminho.

Todos conhecemos pessoas possuidoras de alguma deformação, mas elas jamais se queixam nem mencionam a sua deformidade; pessoas sem beleza, mas que se calam a respeito, e tentam destacar-se de outra maneira; pessoas que sofrem dores, mas que nunca se traem; pessoas que sofreram grandes decepções, mas que conservam o sorriso. Essas pessoas manejam uma força mental e moral obviamente muito maior do que as que não cessam de falar sobre suas próprias dificuldades. Ademais, tendo o caráter em formação, tornam-se mais atentas e buscam ampliar sua influência no meio em que vivem.

Devemos, portanto, nos guardar da autodepreciação. Além dos benefícios práticos disso, conter-se discretamente ajuda a melhorar o moral e contribui para tornar a pessoa mais forte, colocando-a num plano superior de respeito próprio. Se procurarmos mostrar-nos animados e cativantes, se elogiarmos os outros e pensarmos em coisas agradáveis ou interessantes para dizer ou fazer, certamente viveremos melhor e ninguém dará demasiada atenção aos nossos defeitos.

É bom seguir o conselho bíblico: “Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento” (Fp 4.8). Mirando nesse “espelho” podemos ver e viver o que a vida nos deu de melhor.


Samuel Câmara

Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Preparados para o fim da história

Quando pensam no fim da história, muitos migram do profetismo eclético de Nostradamus ao catastrofismo estreito do Calendário Maia, cujo fim do mundo está previsto para 2012. Ou então, no caminho oposto, buscam respostas no intelectualismo teórico de Francis Fukuyama, autor da teoria do fim da história, na qual sustenta que a evolução política da humanidade foi concluída com o desaparecimento do comunismo e a vitória da democracia, cuja estabilidade social e política mundial resultará na tão sonhada paz mundial.

Quando 2012 passar, o Calendário Maia estará definitivamente desacreditado ou necessitando de novas interpretações, assim como acontece costumeiramente com as profecias de Nostradamus. Quanto ao professor Fukuyama, sua teoria tem sofrido um enorme e irreversível descrédito.

Se lermos o que a Bíblia diz sobre o fim da história, porém, entenderemos que geralmente os investigadores proféticos cometem um erro duplo: de tempo e de modo. De tempo, porque os eventos que determinarão o fim da história ainda estão por vir, e todos estão preditos nas Sagradas Escrituras. De modo, porque o fim virá, não com uma democracia mundial, mas quando o totalitarismo político com viés religioso centrado na adoração estatal estiver instalado em escala global.

Mas todos estão certos num ponto: o fim da história virá! Antes do fim, porém, existirá paz e prosperidade como nunca vistos no mundo, embora por pouco tempo. O ditador será de outra estirpe, pois não tomará nada à força, como os ditadores comuns costumam fazer; antes, todo o poder lhe será entregue pacificamente pelos próprios líderes das nações. Quando, porém, o ditador manifestar sua real personalidade e aquilo que pretende fazer, o mundo virará um verdadeiro caos.

A Bíblia o chama de Anticristo, o homem da iniquidade, o filho da perdição, a besta. Ele será um homem notável e poderoso, responsável pela construção de um sistema econômico global, uma verdadeira teia, da qual ninguém poderá escapar. Perto disso, a Internet, como hoje a conhecemos, será fichinha. Só poderá comprar ou vender quem portar “a marca da besta”. Esse sistema, contudo, desabará inexplicavelmente de uma hora para outra, causando perplexidade e espanto (Ap 13.17; 18.10).

O Anticristo requererá adoração como se fosse Deus. Isto servirá de ponto de partida para uma perseguição sem precedentes a cristãos e judeus, coisa que fará Hitler parecer um monge.

A esse tempo Jesus chamou de “grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais”. Ao final desses dias “os homens buscarão a morte e não a acharão; também terão ardente desejo de morrer, mas a morte fugirá deles” (Ap 9.6).

Mais uma vez os judeus serão culpados pelos males do mundo, agora como vilões da derrocada do sistema econômico mundial. Então, o Anticristo reunirá as nações para atacar Israel e riscá-lo definitivamente do mapa. É o velho espírito de Arafat em ação. Contudo, é neste ponto que a tese do fim da história será redefinida.

Israel estará em grande aperto, sem nenhuma chance diante de forças tão poderosas. Será esmagado, caso não ocorra um milagre. Nesse ponto, os céus se abrirão, e aparecerá o Rei dos reis, Jesus Cristo, com seu poderoso exército. Ele vem para pelejar e vencer. Nada menos. Mas a besta e os reis da terra se voltarão para guerrear contra Jesus. Resultado: eles serão destruídos! “A besta foi aprisionada, e com ela o falso profeta... e foram lançados vivos dentro do lago de fogo” (Ap 19.20).

Em seguida, Satanás será preso por mil anos. Nesse período, Jesus reinará na terra, a partir de Jerusalém, quando haverá paz e justiça. “Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá a seduzir as nações... a fim de reuni-las para a peleja. Marcharam, então, pela superfície da terra e sitiaram o acampamento dos santos e a cidade querida; desceu, porém, fogo do céu e os consumiu” (Ap 20.7-10). Satanás será então lançado no lago de fogo.

Um dia, ouvir-se-á o brado: “O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos”.

O fim da história, portanto, não virá com catastrofismo barato nem com a vitória da democracia, mas com a instalação de um governo teocrático. Não do tipo que conhecemos, com velhinhos de turbante ou sacerdotes falando asneiras e cometendo atrocidades em nome de Deus. Antes, o próprio Jesus Cristo, que é Deus, Senhor e Rei, finalmente governará o mundo com justiça e equidade.

Como todos os sinais preditos por Jesus (Mateus 24) apontam que o fim está próximo, o que mais importa agora não é saber quando isto acontecerá, mas se estamos realmente preparados. Você está?


Samuel Câmara

Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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sábado, 10 de dezembro de 2011

Medley de Natal - Rede Boas Novas



Esse ano a Boas Novas trouxe um coral de muitas vozes para resgatar a tradição do natal. Há 18 anos estamos transmitindo Jesus e preparamos uma bela mensagem de anunciação. O branco mostra a paz e a serenidade que desejamos ter, o vermelho o amor e a promessa de quem deu a vida por cada um de nós. Estamos alegres por lembrar o nascimento do nosso redentor e poder comemorar junto com você.

Feliz Natal e um abençoado Ano Novo!

www.boasnovas.tv

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Deus se importa comigo?

Ninguém ficaria surpreso diante da afirmação de que os problemas fazem parte da vida. De algum modo, todos nós conhecemos muitos problemas de forma íntima e pessoal: saúde debilitada, falta de dinheiro, conflitos conjugais, tristeza, violência, desemprego, perseguições, abandonos, entre muitos outros. Mas quando enfrentamos alguma situação difícil, nos sentimos tentados a perguntar: ‘Deus se importa comigo?’ E se alguém afirmar que sim, ainda restará dizer: Será?

Essa questão normalmente é fruto das armadilhas de se viver neste mundo conturbado. Ao expô-la, podemos dar uma impressão de que estamos interessados no que Deus pensa, mas isso é apenas impressão. De fato, acabamos nos concentrando demasiadamente nos problemas e colocamos neles o foco da nossa atenção, não em Deus.

Gradualmente, nossos problemas começam a parecer enormes, maiores do que realmente são, e acabam ofuscando a nossa fé. O resultado óbvio para a alma aflita é que, diante dos obstáculos, a fé no Deus Todo-poderoso migra da certeza para uma vaga lembrança. Assim, em vez de movermos montanhas pela fé simples no Deus que tudo pode, tornamo-nos constantemente preocupados, criando sobre nós mesmos montanhas de pressões desnecessárias. A pergunta que vaza de nossa alma conturbada, se Deus se importa, acontece quando perdemos a perspectiva correta: quem é realmente grande, os nossos problemas ou Deus?

Jesus foi confrontado com esse tipo de pergunta, em duas ocasiões distintas, por pessoas que o amavam profundamente. Numa ocasião, quando uma forte tempestade ameaçava afundar o barco no Mar da Galileia, os discípulos perguntaram: “Mestre, não te importa que pereçamos?”. Noutra, enquanto Maria ouvia calmamente Jesus ensinar, quedada aos Seus pés, a tensa Marta veio da cozinha dizendo: “Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha?”.

O que há de comum nos dois casos é que ambas as perguntas foram feitas por pessoas que tinham visto o poder de Jesus e esperavam que Ele, de algum modo, as livrasse de suas ansiedades. Quando pareceu que o Senhor estava ignorando a situação, foi acrescentado esse elemento de exasperação: “Não te importas?”

Nas duas ocasiões, porém, as respostas de Jesus foram amáveis, demonstrando o Seu cuidado e amizade. No barco, depois de ter sido acordado de Seu tranquilo sono em meio à tempestade crescente, Ele não somente repreende o vento e acalma o mar, mas acrescenta: “Por que sois tímidos? Como é que não tendes fé?”. Na casa dos amigos, disse: “Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada”.

Podemos tirar uma preciosa lição desses dois episódios. Quando nos sentimos sozinhos ou subjugados pelas adversidades, muitas vezes clamamos: “Senhor, não te importas?”. Entretanto, quando Jesus acalma nossas tempestades ou nos chama pelo nome, percebemos que temos muito a aprender sobre Sua graça e misericórdia e, assim, podemos exercer confiança Nele a despeito dos sobressaltos.

O fato inconteste é que sempre enfrentaremos problemas. Eles estão para a vida assim como os obstáculos para os esportes. Os esportes são uma lição para vida, de como devemos enfrentar as adversidades. Numa corrida com obstáculos, eles estão lá para serem superados. No golfe, os campos com o maior número de obstáculos são os mais desafiadores. Assim, em qualquer competição, sempre haverá obstáculos a serem transpostos, pois eles fazem parte do jogo e estão lá para serem vencidos.

Jesus disse: “No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”. Esse “bom ânimo” só pode ser produzido por uma nova perspectiva de fé simples no Senhor que tudo venceu e pode nos ajudar a vencer também. Portanto, não estranhemos quando os problemas surgirem, pois eles servirão para revelar a fibra de nossa estrutura espiritual e testar a nossa resistência moral. Uma forma eficaz de lidar com eles é continuar confiando em Deus enquanto persistimos em fazer o bem.

Deus não somente nos oferece essa nova perspectiva; Ele também nos concede algo que nos habilitará a viver nessa perspectiva. Se dependermos de Deus, e não nos apegarmos aos problemas, Ele renovará a nossa força e as “asas da fé” levantarão a nossa alma acima das circunstâncias, pois “os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam”.

Alguns problemas podem ser enormes, mas pela fé podemos vê-los menores do que Deus, na certeza de que Ele realmente se importa e dá a última palavra a nosso respeito. É isso que faz toda a diferença!

Samuel Câmara

Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A maior de todas as honras

Na cidade de Amsterdã, na Holanda, em 1986, cerca de 8 mil evangelistas procedentes de 174 países se reuniram no Centro RAI, a fim de receberem treinamento e incentivo. Era a realização do sonho de Billy Graham, um dos maiores evangelistas da história da Igreja, também considerado o cristão mais influente do Século XX, sendo amigo e conselheiro de presidentes e chefes de estado do mundo inteiro. Sua maior paixão era levar pessoas a conhecerem Jesus Cristo. Nessa conferência, ele conversou com um evangelista africano, a respeito do qual disse: “Jamais me esquecerei dele”.

Billy Graham assim o descreveu: “Pelas suas roupas, tudo levava a crer que ele procedia de um país pobre e tinha poucas posses. Seu rosto irradiava bondade e alegria; relatava também o compromisso e a consagração que presenciei várias vezes durante a conferência. Aquele evangelista e as demais pessoas no hall estavam exaustos; eram homens e mulheres procedentes dos lugares mais miseráveis do mundo, muitos portando cicatrizes físicas e emocionais da perseguição. A maioria esteve na prisão por causa de sua fé”.

Eles travaram o seguinte diálogo: “De onde você é?” – indagou Billy Graham. “De Botsuana”.

Incentivado pela pergunta, ele falou sobre o seu ministério. Disse que viajava, quase sempre a pé, pelos povoados, pregando o evangelho de Cristo a quem quisesse ouvir. Às vezes, admitiu, sentia-se desanimado em razão de constantes oposições e pouca receptividade.

“Há quantos cristãos em Botsuana?”
“Alguns. Bem poucos”.
“Qual é a sua formação? Você frequentou escola bíblica ou fez algum curso para ajudá-lo em seu trabalho?”
“Na verdade, eu recebi diploma de mestrado pela Universidade de Cambridge”.

Impactado, Billy Graham disse depois: “Senti-me imediatamente envergonhado por tê-lo rotulado como alguém sem formação acadêmica. Também recebi uma lição de humildade, não apenas por ser mais instruído do que eu, mas por algo mais: qualquer homem de Botsuana que retornasse à sua subdesenvolvida terra natal com um ambicionado diploma de Cambridge encontraria oportunidades praticamente ilimitadas para conseguir poder político, posição social e progresso financeiro. Aquele homem, porém, sentia-se plenamente feliz por ter atendido ao chamado de Cristo para ser evangelista. Ele poderia repetir com toda a sinceridade as palavras do apóstolo Paulo: “Mas o que para mim era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo”.

Este exemplo contrasta o sentimento reinante no mundo, de que o que realmente importa é posição, prestígio e poder, principalmente quando acompanhados do respectivo reconhecimento público. Dentro de não poucas igrejas, semelhantemente, isso também pode ser visto: líderes mais interessados no prestígio que o reconhecimento público oferece do que na aprovação de Deus. O que ainda parece uma exceção, será um problema se vier a tornar-se regra.

Lembro-me da história de um antigo pastor a quem foi oferecido o título de “doutor honoris causa” em teologia, por causa dos grandes serviços prestados à teologia neste País, com mais de dez obras publicadas. Em sua carta de resposta ao conselho de teólogos que o escolhera para receber essa comenda, disse: “Tudo o que fiz, somente pela graça de Deus o fiz. Sou apenas um servo, nada mais. Por isso, mesmo agradecido pela lembrança, sinto-me no dever de dizer que não posso receber tal honraria, pois só ao Senhor pertence a glória de todo o trabalho que realizou por meu intermédio”.

Não é no mínimo estranho que alguns líderes cristãos, sem jamais terem publicado uma única obra ou cursado alguma universidade, tenham comprado, por alguns milhares de reais, títulos de “doutor honoris causa” em teologia e de “doutor em divindade”?

Talvez precisemos reaprender os princípios bíblicos que devem nortear a nossa posição diante do mundo e perante Deus. Afinal de contas, o que alguns pensam ser lucro pode ser uma completa perda. Paradoxalmente, o evangelho ensina: quem se exalta, é humilhado; quem se humilha, é exaltado. Os últimos serão os primeiros; e os primeiros, os últimos. Quem perde a vida por amor de Cristo, ganha a vida. É em servir, e não em ser servido, que uma pessoa se torna grande. Não é da ponta de uma honraria humana, mas de joelhos, que se olha mais longe.

A maior perda de todas, porém, é ser honrado por si mesmo ou pelos homens e não ser honrado por Deus. Como disse Paulo: “Porque não é aprovado quem a si mesmo se louva, e sim aquele a quem o Senhor louva”.

Por isso, a maior de todas as honras é ser o que o Senhor quer que sejamos, ocupar a posição que Ele quer que ocupemos e fazer a obra que Ele quer que realizemos, para a glória e louvor de Deus.


Samuel Câmara

Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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sábado, 19 de novembro de 2011

O Mandamento mais violado de todos

Tenho ouvido as pessoas confessarem que infringiram cada um dos Dez Mandamentos, menos aquele que diz: “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo”. Porém, esse nono mandamento é o que violamos mais frequentemente. Não há outro desvio da natureza humana que seja ao mesmo tempo tão comum e pleno de malignidade. Todos nós, de uma forma ou de outra, ou somos culpados ou fomos alvos dessa crueldade. Quanto dano irreparável tem sido causado a pessoas inocentes por causa dessa prática irrefletida!

Esse mau hábito revela duas coisas. Primeiro, a falta de misericórdia, por não sabermos o que há por trás dos atos da pessoa a quem condenamos. Por isso, em nossas relações diárias, arriscarmo-nos a estragar a reputação de alguém por deixarmos de ver sob a superfície com olhos de compaixão. Segundo, revela uma desagradável falha de caráter na impressão deixada de que somos “perfeitos”. Essa nossa atitude parece dizer: “Eu devo ser bom; basta ver todo o mal que encontro nos outros”.

O impulso de julgar o próximo é uma medida defensiva bem entranhada em nossa natureza. Censuramos as características dos outros e louvamos as nossas. Aquilo que vemos em nós como firmeza, no outro é obstinação. Em nós é virtude; nos outros, vício. Essa característica reacionária nos leva a uma conclusão: quem quiser descobrir os pontos fracos de uma pessoa, observe as falhas que esta vê com mais facilidade nos outros.

O nono mandamento é de fundamental importância para as relações sociais. Cumpri-lo não é necessariamente uma virtude, é uma obrigação que tem a ver com o caráter. Pode até ser difícil cumpri-lo, mas gostaria de citar cinco regras que certamente nos ajudarão a vencer o mau hábito de julgar, se tomarmos a firme decisão de praticá-las, a seguir:

Nunca fale por detrás o que não disse antes ao próprio criticado. Como a maioria das críticas são injustas e jamais poderiam ser ditas à pessoa interessada, essa regra é fundamental para acabar com a atitude crítica peculiar à nossa natureza. De modo geral, o que foi dito à pessoa alvo da observação jamais será dito levianamente na sua ausência.

Esteja certo de conhecer toda a verdade, para que o seu testemunho não seja apenas circunstancial. Somos responsáveis tanto pelo que ouvimos como pelo que falamos. Por isso, é importante avaliar os fatos, assim também como as intenções e os motivos de quem os conta, antes de julgar precipitadamente.

Certifique-se de que possa haver circunstâncias atenuantes, por mais que a culpa de outrem pareça certa. Na vida há sempre uma adversativa da esperança, um “mas” a ser dito de forma positiva. Cultive o hábito de olhar o que há de bom nas pessoas. Faça comentários positivos a respeito das pessoas, pratique a arte dos “mexericos favoráveis”. Esse hábito dá amplitude à alma e melhora o ambiente ao nosso redor.

Sempre que possível, procure evitar que a crítica seja levada adiante. Use a regra dos três crivos. Se alguém quiser falar algo a respeito de outrem, pergunte-lhe se isso já foi passado pelos três crivos. Primeiro crivo: o que vai dizer é verdade? Segundo crivo: se eu ouvir, isso vai me edificar? Terceiro crivo: se eu contar a alguém, isso vai edificá-lo? O crítico contumaz nunca passa no teste.

Deixe a Deus todo o julgamento dos pecados alheios. Não tente ser como Deus, pois isso é presunção pecaminosa. Só Ele pode julgar com perfeição. Jesus disse: “Não julgueis, para que não sejais julgados”. Lembremos de Sua clássica reação contra os julgadores da mulher pecadora encontrada no ato de adultério, quando disse: “Quem estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire a pedra”.

Lembre-se do líder que, injustamente caluniado por um membro de sua comunidade, sentiu uma tristeza tal que quase o levou à morte. Pesado de consciência e desesperado pelo mal feito, aquele homem resolveu pedir perdão ao líder, que resolveu perdoá-lo, mas pediu-lhe antes que levasse um travesseiro de penas a um alto monte e as espalhasse ao vento, e depois voltasse. Feito isso, o homem retornou. Aquele líder lhe disse: “Agora volte e apanhe cada uma das penas que você soltou”. O homem retrucou: “Mas isso é impossível! Está ventando muito e as penas se espalharam sem controle”. “É isso,” – disse o líder – “assim também ocorreu com suas calúnias contra mim”.

Não quebre o nono mandamento. Não deixe, portanto, que o Diabo use sua vida para enlamear a de outros. Atente para o conselho do estadista Edmund Burke: “Para que o mal triunfe, basta que os bons não façam nada”. Siga o que Jesus ensinou: “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas”.


Samuel Câmara

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sábado, 12 de novembro de 2011

Perguntas honestas, respostas francas

De algum modo, as respostas que damos a certas perguntas têm a capacidade de desvendar o que está no nosso íntimo, desnudando-o e demonstrando quem realmente somos. Quem já passou por uma crise de identidade — quando se perguntou quem é realmente e por que está aqui — sabe que há três momentos específicos quando esta crise é mais comum.

Na adolescência, no período das “descobertas”, ao mesmo tempo em que tentamos saber quem somos, procuramos nos adaptar ao círculo de amigos e buscar aprender o significado da vida. Na meia-idade, no auge da luta contra os anos, alguns ficam desapontados por não terem alcançado o que esperavam da vida, mas sem ânimo para buscarem novos rumos. Bem mais tarde, quando bate a consciência de que a vida chegou ao seu ocaso, somos forçados a pensar em que tipo de pessoa nos tornamos.

Assim, em qualquer época da vida, a resposta que damos sobre quem realmente somos pode falar muito a nosso respeito. Responda, portanto, as três perguntas seguintes. Suas respostas poderão dizer quem você é e para onde está indo.

Como viveria se soubesse que teria apenas 24 horas de vida? Se escolhesse ficar com seus entes queridos, você é de uma natureza profundamente emotiva. Se preferisse ficar sozinho, você é inseguro e descontente com a vida, estando sujeito a venetas. Se preferisse fazer uma farra de despedida, você daria provas de ser um fatalista que, conformado, aceita o que quer que a vida lhe reserve. Se guardasse consigo esse segredo e passasse o dia como qualquer outro, então mostraria ter uma têmpera forte e um espírito determinado.

Onde você passará a eternidade? Se dissesse que não sabe, porque isso só a Deus pertence, mas não sabe o que Deus já falou a respeito, então você está em apuros e sua vida corre perigo. Se dissesse que não se importa, porque depois da morte acaba tudo, está fazendo o papel de cético e desinformado. Você não seria muito diferente de alguém que parte sem saber para onde.

A Bíblia diz que depois da morte segue-se um acerto de contas com o Supremo Juiz (Hb 9.27). Assim, se você afirmasse estar seguro pela fé em Jesus, que vai habitar para sempre com o Senhor no Céu, pois crê na obra que Jesus realizou na cruz por todos os pecadores e que a Sua ressurreição nos garante o direito à vida eterna, então você encontrou o verdadeiro caminho, a única verdade e a plenitude da vida. Tudo isso sintetizado numa só pessoa: Jesus!

Quem é você? Segundo a Bíblia, há somente dois tipos de pessoas: os salvos pela fé em Jesus Cristo e os perdidos. É bom, portanto, rever o que a Palavra de Deus diz sobre os salvos. São perdoados: “Dele [Jesus] todos os profetas dão testemunho de que, por meio de seu nome, todo aquele que nele crê recebe o perdão dos pecados” (At 10.43). Foram reconciliados com Deus: “Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo... Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões” (2 Co 5.18).

Os salvos são novas criaturas em Cristo: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Co 5.17). São filhos e herdeiros de Deus: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo” (Rm 8.16).

Se você sabe quem é, de fato, tem de saber também o que está fazendo aqui e para onde está indo. Do contrário, será como o rei que deu um cetro ao bobo da corte, para que o repassasse a uma pessoa ainda mais tola que ele, quando finalmente a encontrasse.

Ora, tempos depois, estando muito doente, o rei mandou chamar o bobo para que este lhe fizesse umas gracinhas. Enfadado e sem conseguir rir, o rei lhe confessou que estava para partir numa longa viagem sem volta. O bobo lhe perguntou: “Vossa Majestade se preparou para essa longa viagem?” O rei respondeu que não. Então, o bobo passou o cetro às mãos do rei, e concluiu: “Vossa Majestade ordenou que eu desse este cetro a um homem mais bobo do que eu. Sinto muito, Majestade, mas acabo de encontrá-lo; o cetro lhe pertence”.

Agora, responda francamente: você está preparado? Apenas lembre-se: quem você é, ou onde vai passar a eternidade, depende das escolhas que faz na vida. Com Jesus ou sem Ele.

Escolha seguir a Jesus e desfrute o melhor da vida, aqui e agora, e por toda a eternidade!


Samuel Câmara

Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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sábado, 5 de novembro de 2011

Ações de Deus nos bastidores da vida

Numa exposição de pinturas abstratas, um visitante curioso estava absorto a contemplar uma das telas, onde uma anotação no cavalete trazia o desafio para se encontrar ali a face de Abraão Lincoln. Ele olhou fixamente para a pintura por um longo tempo, observando-a bem de perto e de diferentes ângulos. Um pouco confuso, pensou resignadamente que não havia nenhum Abraão Lincoln na tela, e rumou para a saída.

Contudo, já à porta, por mera curiosidade, se virou para uma última olhada. Então pôde ver, à distância de 30 metros, a figura imponente que se sobressaía. A face de Lincoln enchia a tela, mas não podia ser vista claramente quando demasiadamente próximo, apenas quando tinha distância e perspectiva corretas.

Assim é a vida. Vez por outra, as circunstâncias que nos envolvem podem ser tão confusas como aquela pintura abstrata. Nessas horas, a vida parece perder o sentido ou não ter propósito, como se tudo corresse a esmo e não seguisse padrão algum. Em ocasiões assim, ganha força e visibilidade a teoria de que a vida é um mero acaso, que não há propósito algum no universo, que Deus não existe, que tudo acaba depois da morte.

Como crer de modo diferente, quando seu cônjuge deixou-lhe por outra pessoa? Ou quando seu emprego de muitos anos acabou devido a um corte de custos na empresa? Ou quando seu filho foi apanhado usando drogas?

Como pensar diferente, quando o médico lhe diz que o câncer é terminal? Como pensar que há algum comando divino no mundo, quando a violência gratuita e insana lhe rouba um ente querido? Como crer, quando você fez um mau investimento que resultou na perda das economias de toda uma vida?

Embora na maioria das vezes não se possa ver, a Bíblia diz que há um padrão em algum lugar na pintura de nossa vida. O que geralmente ocorre é que podemos estar demasiadamente perto do quadro para percebê-lo. Devemos estar olhando em demasia para a lesão e não podemos ver a cura; talvez estejamos dando atenção demasiada ao dano para podermos perceber a solução.

Um dos maiores problemas que temos de enfrentar diz respeito à nossa concepção de Deus, que frequentemente se torna distorcida quando estamos em crise. Somos tão imediatistas, que se Deus não vem logo nos ajudar, falsamente supomos que Ele é injusto, ou simplesmente está alheio ao que nos acontece.

Quando percebemos só o imediato e deixamos de ver o todo, a nossa fé terá uma expressão deficiente. Assim, devemos contemplar o que está acontecendo conosco ou à nossa volta, sem jamais perder de vista a totalidade do propósito de Deus que está em andamento. Se cremos que Deus está no controle da História e das situações que enfrentamos na vida, em contrapartida devemos crer também que Ele dará a última palavra a nosso respeito. Uma fé sem essa dupla característica não estará completa.

Veja o exemplo de Moisés, que passou 40 anos como fugitivo no deserto. Isto era o acontecimento imediato; mas Deus estava dando seguimento ao plano de preparação de um líder para libertar o Seu povo do cativeiro egípcio. Observe o caso de José, cujos irmãos o venderam como escravo. Isto era o acontecimento imediato. Porém, através dessa traição familiar, o que estava em andamento era o plano de Deus de salvar não somente a sua família, mas também as nações circunvizinhas ao Egito.

Mesmo nas situações causadas por nossos próprios erros, Deus pode fazer brotar algo de bom, pois está escrito que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28). É por isso que, a despeito do detestável pecado cometido por Davi, depois de seu arrependimento, Deus permitiu-lhe inspiração para escrever e deixar abençoados Salmos para a posteridade.

Talvez você esteja sendo perseguido. Lembre-se de Estevão, que foi apedrejado até a morte, sem deixar de ver que Deus estava levantando o apóstolo Paulo para um poderoso ministério. Lembre-se que, embora o governo romano tenha exilado João na Ilha de Patmos, daquela situação Deus fez fluir em livro a revelação do Apocalipse.

Por fim, olhe o exemplo de Jesus. Enquanto Ele sofria uma morte violenta, o que estava em andamento era o plano eterno de Deus para a salvação de todo aquele que crê.

Não é diferente com os demais filhos de Deus. O que está acontecendo nos bastidores da sua existência pode ter um resultado glorioso, se você guardar a fé e andar com Deus, até que Ele conclua os Seus propósitos na sua vida.



Samuel Câmara

Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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sábado, 29 de outubro de 2011

Quando o cemitério traz boas notícias

No romance “O Porto”, Ernest Poole coloca na boca de um personagem o comentário contundente: “A história é apenas um noticiário do cemitério”. Ele lembrava que há uma grande e inconteste tristeza em todos os cemitérios, expressa em incontáveis lápides e suas silenciosas mensagens de morte e separação. Desse contexto, brota sempre a pergunta: que boa notícia traz um cemitério?

Há, sim, uma grande e inconteste exceção à tristeza de todos os cemitérios: a alvissareira notícia do túmulo onde Jesus foi sepultado, proclamada pelos anjos às mulheres: “Por que buscais entre os mortos ao que vive?”; e também: “Ele ressuscitou, não está mais aqui”. Ali, ao vencer a morte, Jesus abriu definitivamente para nós o portal da vida eterna. Mas essa notícia, de tão eletrizante, nem sempre é acatada sem contestação.

Conta-se que Lord Lyttelton, parlamentar e homem de letras, cujo nome aparecia em todos os importantes debates no parlamento britânico do século retrasado, e que mantinha o ofício de ministro das finanças, e seu amigo advogado, Gilbert West, estavam ambos convencidos de que a fé cristã era uma fraude, e resolveram desmascará‑la.

Como objetos de sua pesquisa hostil, Lyttelton escolheu a conversão de Paulo, e West, a ressurreição de Cristo, dois pontos decisivos do Cristianismo. Eles formularam quatro proposições que consideravam esgotar todas as possibilidades do caso: ou Paulo era um impostor que disse o que ele sabia ser falso; ou era um fanático que impôs a si mesmo a força de uma imaginação superaquecida; ou foi enganado pela fraude de outros; ou o que declarava ser a causa de sua conversão realmente aconteceu e, portanto, a fé cristã provém de uma revelação divina.

Eles realizaram seus estudos com sinceridade, embora cheios de preconceitos. As pesquisas foram feitas separadamente e por um período considerável. Quando se encontraram para confrontar as provas e exultar‑se na revelação de mais uma “impostura”, conforme combinado, ambos estavam convictos, porém, que eram impotentes para desacreditar o relato bíblico.

Desses e de outros argumentos, deduziram três conclusões finais: Paulo não era um impostor a narrar uma história forjada acerca de sua conversão; se o fosse, ele não teria tido êxito; a ressurreição de Cristo foi um milagre, realmente aconteceu, e Jesus está vivo para sempre.

Quando eles se reuniram, afinal, foi para regozijar‑se na descoberta de que a fé cristã era, de fato, baseada na boa nova da ressurreição de Jesus e que a Bíblia era a Palavra de Deus. Isso resultou na conversão de ambos a Cristo.

Portanto, a melhor notícia que um cemitério já testemunhou é também o fundamento da fé cristã: um túmulo vazio! Assim, a pedra angular do evangelho é a tumba sem um corpo nela, naquela gloriosa manhã da ressurreição.

O cético francês Ernest Renan involuntariamente testemunhou sobre a poderosa verdade da ressurreição, ao zombar: “O Cristianismo vive da fragrância de um franco vazio”. Mais precisamente, a fé cristã vive sustentada nos pilares da graça salvadora de Jesus ressuscitado. Ele realmente quebrou as cadeias da morte e deixou vazio o sepulcro, sendo essa a boa notícia que tem sido, desde então, sustentada e proclamada por todos os seguidores de Cristo.

Nos cemitérios, podemos pensar na dor de muitas pessoas, na angustiante separação que sofreram, nos destinos que foram mudados. Mas também podemos pensar no túmulo vazio de Jesus Cristo e na gloriosa esperança que isso traduz, de que um dia os túmulos dos que Nele creem também serão abertos e que iremos experimentar o mesmo poder de Sua ressurreição.

Foi essa certeza que levou Paulo a declarar: “Nem todos vamos morrer, mas todos nós vamos ser transformados, num instante, num abrir e fechar de olhos, quando tocar a última trombeta. Ela tocará, os mortos ressuscitarão como seres imortais, e todos nós seremos transformados. Pois este corpo mortal precisa se vestir com o que é imortal; este corpo que vai morrer precisa se vestir com o que não pode morrer. Assim, quando este corpo mortal se vestir com o que é imortal, quando este corpo que morre se vestir com o que não pode morrer, então acontecerá o que as Escrituras Sagradas dizem: A morte está destruída! A vitória é completa! Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu poder de ferir?... Mas agradeçamos a Deus, que nos dá a vitória por meio do nosso Senhor Jesus Cristo!” (1 Co 15.54-57).

Na próxima vez que você for a um cemitério, lembre-se da boa notícia: a morte não é o fim, ela foi vencida por Jesus! Mas você precisa estar do lado certo quando Deus fizer o ajuste de contas.


Samuel Câmara

Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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sábado, 22 de outubro de 2011

Os fundamentos de uma fé inabalável

Não foi sem propósito que Jesus comparou a fé cristã a uma casa edificada sobre a rocha: quanto mais firme o fundamento, mais elevada e inabalável será. Por isso, algumas vezes, penso na razão da fé cristã ter conseguido sobreviver, a despeito das muitas perseguições ferozes e insanas a que foi submetida ao longo da história. Adicione-se o fato de que, diferentemente das demais, ela é única no tratamento do pecado, chamando-o pelo nome e expondo suas entranhas perniciosas, além de responsabilizar seus praticantes.

Cristãos do primeiro século foram lançados às feras pelos imperadores romanos. Como diz a Bíblia: “Alguns foram torturados... outros, por sua vez, passaram pela prova de escárnios e açoites, sim, até de algemas e prisões. Foram apedrejados, provados, serrados pelo meio, mortos a fio de espada; andaram peregrinos... necessitados, afligidos, maltratados (homens dos quais o mundo não era digno)...” (Hb 11.35-38). A opção de viver em santidade em meio a um mundo pecaminoso, os tornou ainda mais odiados. Mas sua fé era inabalável.

Isso, por si só, já poderia identificar uma completa falta de atrativos à vida de fé. Porém as adversidades implacáveis não têm impedido que milhões de pessoas amem a Jesus e sigam os Seus passos, mesmo que lhes sobrevenham ferozes perseguições, ou apenas digam não aos “normais” prazeres pecaminosos do mundo.
Se alguém quiser supor, mesmo por um instante, que o cristianismo não seja verdadeiro, deveria obrigar-se a pensar também por que alguém sofreria ou seria morto por causa da fé, se tudo isso fosse uma mentira!

Podemos considerar duas razões para ajudar a explicar esse fenômeno. A primeira razão que evidencia a fé cristã como verdadeira é a ressurreição de Jesus dentre os mortos, evento sobre o qual existe forte e incontestável evidência histórica. Sob essa realidade, a igreja pode viver aqui e agora centrada na esperança vindoura. Como contrapôs Paulo, se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens (1 Co 15.19).

A segunda razão é o vaticínio de Jesus: “Edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). A igreja pertence a Jesus, Seu edificador. A igreja está sendo edificada sobre fundamentos que não podem ser abalados. Nem mesmo as portas do inferno, em suas múltiplas formas (perseguições diretas, privações, infâmias, mentiras, morte, armadilhas perniciosas do pecado etc.), são páreo para essa obra que Jesus realiza pelo Seu eterno poder.

Igualmente, a fé cristã está alicerçada sobre profecias messiânicas que tiveram o seu cabal cumprimento. No Antigo Testamento, há mais de duas mil profecias já cumpridas, o que mostra a singularidade das Sagradas Escrituras. Nenhum outro livro de qualquer religião nem vagamente se assemelha a isto, pois não contêm previsões proféticas específicas.

A Bíblia não tem paralelo no campo profético, exatamente porque os homens que a escreveram foram divinamente inspirados pelo Espírito de Deus (2 Pe 1.20,21). Há 333 profecias relativas à vinda de Cristo somente no Antigo Testamento, as quais foram escritas entre cerca de 1500 a.C. e 400 a.C. Dá para imaginar como teria sido difícil inventar algo assim?!

Vejamos, portanto, algumas delas. Foi profetizado que Jesus nasceria em Belém (escrito em 720 a.C., em Miquéias 5.2). Estava escrito que o Messias seria crucificado, previsão feita antes mesmo de os fenícios terem inventado a crucificação (escrito no Salmo 22.16, cerca de 1000 a.C.). Foi predito que Cristo levaria sobre Si os nossos pecados e que pelas suas pisaduras seríamos sarados (escrito em Isaías 53.5, cerca de 750 a.C.).

Segundo os cálculos do matemático Peter Stoner, a probabilidade de uma pessoa cumprir apenas oito dessas profecias era de uma em 100 quatrilhões (o número 10 elevado à décima sétima potência). Stoner mostrou uma analogia com este fato: “Pegue 100 quatrilhões de dólares de prata e espalhe-os sobre o Texas (696.241 km²). Eles cobrirão todo o estado até 65 cm de profundidade. Agora, marque uma dessas moedas e depois as misture vigorosamente. Ponha uma venda nos olhos de alguém e peça-lhe que encontre aquela moeda que você marcou, andando o quanto quiser através do estado. Qual seria a chance dessa pessoa encontrar a moeda certa? Exatamente a mesma que teriam os profetas de escreverem essas oito profecias e tê-las realizadas, ao mesmo tempo, através de um único homem, como Jesus o fez”.

Nessa certeza de fé, o rei Davi exclamou: “Vive o SENHOR, e bendita seja a minha Rocha! Exaltado seja o meu Deus, a Rocha da minha salvação!” (2 Sm 22.47). É isso que torna a fé em Jesus inabalável!



Samuel Câmara

Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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sábado, 15 de outubro de 2011

O tempo de Deus

Sempre ouvimos dizer que “o tempo de Deus não é o nosso tempo”. Essa afirmação popular tem fundamento bíblico. Na Bíblia, há dois conceitos de tempo: chronos e kairos. O chronos (do qual derivam cronologia e cronômetro) é o tempo marcado pela divisibilidade do relógio: minutos, dias, décadas, séculos; compreende passado, presente e futuro. O kairos é o tempo como substância, é indivisível e não-sequencial; é a existência pura e simples; é a categoria de tempo segundo Deus, assim como chronos é a categoria humana.

Chronos (com seu “gerente” relógio) dita o nosso ritmo de vida e, geralmente, faz-nos viver confinados em agendas e prazos impostos. Para vivermos os planos divinos, temos de mudar o nosso “fuso horário” para o kairos de Deus. Isso significa sincronizar o nosso relógio diante da sala do Trono, orando e esperando que a vontade de Deus seja feita no Seu tempo e do Seu modo.

Quando Jesus estava com seus discípulos no pátio do Templo, em Jerusalém, estes teceram rasgados elogios àquela majestosa construção. Mas Jesus, surpreendentemente, lhes disse que daquele edifício não ficaria pedra sobre pedra. Momentos depois, vencidos pela curiosidade, estavam interessados em saber detalhes sobre o desenrolar dos acontecimentos. E perguntaram a Jesus: “Dize-nos quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da tua vinda e da consumação do século?” (Mt 24.3).

Jesus lhes deu diversas instruções sobre o fim dos tempos e acrescentou que isto estava circunscrito à exclusiva autoridade do Pai. Ou seja, tudo dependia do kairos de Deus.

Não devemos estranhar, portanto, que a Bíblia ensine que Deus também tem um “relógio”. Está escrito que Ele fixou “tempos previamente estabelecidos” (At 17.26). Por exemplo, Jesus nasceu em Belém da Judeia no tempo determinado por Deus: “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou Seu filho” (Gl 4.4).

Não é de admirar que Jesus tenha começado o seu ministério somente aos trinta anos de idade, não antes. Ele disse: “O tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.15). Ele o fez de acordo com o relógio de Deus.

Até mesmo a Sua morte na cruz se deu “a seu tempo”, ou seja, no tempo de Deus (Rm 5.6). Desse mesmo modo, Deus também estabeleceu o tempo para o retorno do Seu Filho e fixou uma época para o acerto de contas com a humanidade.

O kairos de Deus não falha. Embora aconteça dentro do chronos humano, não se atrasa, a despeito da tortuosidade da história humana.

Quanto ao retorno de Jesus, há quem pense que Deus está atrasado, pois já se passaram cerca de dois mil anos, desde Sua ascensão aos céus. Porém, o apóstolo Pedro responde: “Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento”. O tempo de Deus não é como o nosso, pois “para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia” (2 Pe 3.8,9). Assim, para Deus, relativamente falando, só se passaram dois dias.

O tempo estabelecido por Deus será integralmente cumprido. Embora não saibamos o chronos (dia e hora) do regresso do Senhor, Deus não nos deixou à mercê da incerteza. Pelo contrário, nos indicou vários sinais.

Jesus falou da incidência de guerras, de filhos se voltando contra os pais e vice-versa, do surgimento de enganadores se fazendo de “Cristos”, de fomes e terremotos em vários lugares. Disse que muitos destilariam ódio sem causa, que a traição estaria na ordem do dia, que a iniquidade se multiplicaria e o amor se esfriaria, que muitos perderiam a fé, entre outros sinais. Mas acrescentou que isso ainda não seria o fim, mas apenas “o princípio das dores”. (Leia Mateus 24)

O apóstolo Paulo disse: “Nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, antes amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder” (2 Tm 3.1-5).

Em nossos dias, o declínio da moral tornou quase comum essas coisas acima. Estamos completamente cercados por uma onda crescente de imoralidade e sua influência danosa na vida social.

O “relógio” de Deus, porém, continua com o seu inexorável tic-tac, marcando cada compasso de um tempo que está prestes a se consumar. Em sabendo disso, seremos sábios se acertarmos o nosso “fuso horário” com o kairos de Deus, para que não sejamos pegos desprevenidos.

O tempo de Deus está se cumprindo, a volta de Cristo se aproxima... Você já se preparou?


Samuel Câmara

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terça-feira, 11 de outubro de 2011

De volta ao Céu

Em conversa com seu filho de quatro anos, a mãe, grávida, comunica que ele brevemente ganhará um irmãozinho. Perguntada sobre a procedência dos bebês, a mãe tenta mascarar a situação dizendo que eles vêm do Céu. O esperado bebê finalmente nasce. Certo dia, ao escutar um barulho estranho vindo do quarto dos meninos, ela corre para ver se eles corriam algum perigo. No quarto, a mãe encontra o filho mais velho balançando intensamente o berço e gritando ao recém-nascido: “Maninho, diga como é o Céu, diga logo, antes que você esqueça”.

Esta anedota pode até parecer excêntrica, mas tem algum sentido e traduz uma relativa verdade. De certa forma, todos viemos do Céu. A Bíblia diz que, ao morrermos, o nosso corpo volta ao pó e o espírito volta a Deus, que o deu (Ec 12.7). Que o nosso corpo vira pó, ninguém duvida. Isto é uma clara evidência bíblica de que fomos feitos pelas mãos do Criador, segundo está escrito: “Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente” (Gn 1.7). A palavra hebraica traduzida como “fôlego” é a mesma para “espírito”. Assim, o que nos torna essencialmente diferentes de todos os outros animais veio da parte do próprio Deus: o nosso espírito.

Ora, se viemos de Deus, por que não nos lembramos de nada do Céu? O que justificaria, então, a fome humana pelo sagrado? Por que todas as pessoas, de todas as culturas, sem exceção, de alguma forma tentam através da religião se comunicar com a Divindade? Talvez essa busca seja mais bem identificada pelo que disse o filósofo Blaise Pascal: “Há no coração do homem um vazio tão grande que só Deus pode preenchê-lo”.

Vamos começar, portanto, do princípio. A Bíblia diz que Deus criou o homem e a mulher perfeitos e mantinha com eles uma constante comunhão. Para que haja comunhão, convenhamos, é preciso ter conhecimento mútuo e intimidade. Assim, o relacionamento do primeiro casal com Deus, mais do que o aparentemente físico podia permitir, era também profundamente espiritual. Havia uma ligação íntima entre o espírito humano e o Espírito de Deus, de um modo especial, como só o conhecimento profundo e mútuo produz. É por isso que podemos dizer que o homem “conhecia o Céu”.

Quando o homem caiu em desobediência e pecou, seu espírito entrou em estado de morte, ou seja, perdeu não somente o contato com o Criador, mas também a possibilidade de estar em Sua presença santa.

Foi por isto que Jesus veio ao mundo, para redimir a raça humana. Tendo morrido na cruz pelos nossos pecados e ressuscitando dentre os mortos, tornou-se o Salvador de todos os que, através Dele, se chegam a Deus. Esse foi o caminho proposto pelo próprio Deus para vivificar o espírito humano, possibilitando a nossa salvação e o retorno da comunhão íntima com Ele.

Essa ação de vivificar é também chamada de novo nascimento. No encontro que teve com o líder fariseu Nicodemos, Jesus lhe disse: “Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”. Quando Nicodemos perguntou-lhe como um homem poderia nascer, sendo velho, se voltaria ao ventre materno para nascer uma segunda vez, Jesus retrucou: “Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo” (Jo 3.3-7).

A possibilidade do novo nascimento estava predita na Palavra: “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis” (Ez 36.26).

Dessa feita, quando alguém entrega sua vida a Jesus, recebe de graça o perdão dos pecados e tem o coração transformado. Está escrito: “Se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Co 5.17). Deus nos dá um espírito novo, que volta a ter comunhão com Ele.

Há um fato comum a todos os crentes nascidos de novo: têm “saudade do Céu” sem jamais terem estado lá fisicamente. Por quê? A resposta talvez esteja no fato de que, embora a mente não possa explicar essa realidade, o espírito vivificado sabe que um dia retornará ao lar de onde partiu: o Céu que não pode ser esquecido.


Samuel Câmara

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sábado, 1 de outubro de 2011

Para se pensar nas coisas do Céu

O pensador cristão C. S. Lewis, autor das Crônicas de Nárnia e outros clássicos, escreveu: “Os homens que foram mais relevantes e operosos são os que viveram a pensar na vida futura. E os que viveram a vida sem pensar no Céu foram os que menos realizaram de relevante para mudar a sua geração”.

Desse modo, aprendi a pensar, não nas coisas da terra, coisas grandes demais para mim, mas permanecer com o foco voltado para o Céu, pensando “nas coisas lá do alto, onde Cristo vive” (Cl 3.1,2), pois entendo que somente isso é que dá pleno sentido à existência. A questão que sempre ronda a minha mente, da qual jamais procuro fugir, é sobre o que realmente é valioso na vida.

Em respondê-la, deparo-me com a razão que dá sentido ao que realizo e dignifica a posição que ora ocupo, assim como um farol a me mostrar se o caminho trilhado está de acordo com o que Deus requer de mim. A minha resposta é simples. O que vale a pena para mim é ocupar-me das coisas que têm a marca do celestial, ou seja, que servem primeiro ao propósito do Céu. Nada do que faço terá valor algum se não trouxer essa marca.

Isso pode parecer antiquado, mas é assim que enxergo a vida. Só me interessa dar prioridade àquilo que estava na agenda de Jesus, ao que Ele falou e fez. Sendo o Verbo divino, parece ter dito muito pouco, embora tenha falado tudo aquilo que precisávamos ouvir. Por isso, tenho me voltado intensamente para os Seus ensinamentos, principalmente ao conhecido Sermão do Monte. Eu me pergunto: que mundo teríamos se agregássemos integralmente esses valores à nossa vida?

Jesus falou que os mansos herdariam a terra, mas o que vemos são os poderosos, pela bala ou pela manipulação da justiça, tomarem para si o naco dos fracos e indefesos.

Jesus falou em humildade, mas só vemos as pessoas se promoverem na busca de fama, riqueza e poder.

Jesus disse que os famintos e sedentos de justiça seriam fartos, mas o que vemos de injustiça ainda não nos remete a isso.

Jesus indicou que os puros de coração veriam a Deus, mas sabemos que no mundo, quiçá nas igrejas, pouco resta de pureza que nos remeta a esse encontro.

Desse modo, será que Jesus era um idealista simplório que pregava o inalcançável? Aconteça o que acontecer, porém, vou continuar crendo no que Jesus falou, pois mesmo sabendo que os Seus ensinamentos na prática tenham pouca relevância para a maioria das pessoas, um dia o mundo verá que Ele tinha razão.

Quero manter, portanto, a mesma tenacidade de fé do profeta Habacuque, que disse: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação” (Hc 3.17,18).

Gosto de me ocupar com as coisas que têm valor no Céu. Assim como a oração, o jejum e a palavra de Deus tinham um lugar especial e único na agenda de Jesus, quero que esses pontos sejam também essenciais na minha vida e na vida normal da Igreja.

Se fizermos desses ensinamentos de Jesus a parte principal da agenda das nossas vidas, eles poderão produzir grandes frutos espirituais e nos manterão atentos ao cumprimento da vontade de Deus e inteiramente focados nas coisas do Céu.

A constância da nossa oração expressa o grau de nosso relacionamento com Deus. Na oração, podemos adorá-lo, louvá-lo e agradecê-lo; podemos também confessar, suplicar e interceder. No jejum, expressamos o grau de nossa estatura espiritual diante de Deus. Em vez de procurar barganhar e despojá-lo de algo, nos entregamos e nos despojamos de nós mesmos para obtermos mais Dele.

Quando nos mantemos focados nas coisas do Céu, procuramos nos esvaziar dos nossos motivos egoístas e razões absurdas, para nos enchermos do conhecimento de Sua perfeita vontade e sermos capacitados do poder para realizá-la. Sabemos que é isso o que interessa ao Céu: a palavra, a oração e o jejum, os quais nos ajudam a sermos mais santos e menos mesquinhos, mais úteis e menos fúteis na vida, pois na sua prática nos encontraremos mais próximos do coração de Deus e das coisas do Céu.

Focar a existência nas coisas do Céu ajuda a arrumar a nossa vida. Isto porque Deus colocou a eternidade no nosso coração (Ec 3.11). É por isso que a vida perde o sentido se só pensamos nos valores terrenos e efêmeros. Pense nas coisas do Céu!


Samuel Câmara

Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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sábado, 24 de setembro de 2011

Para se alcançar o Céu

Um pastor e sua esposa foram convidados para um jantar na casa de uma família da igreja, juntamente com outras pessoas. A mãe da anfitriã, que ficara sentada à sua frente, lhe disse: “Ah, pastor, que bom que estou sentada à sua frente, porque há uma pergunta que eu sempre quis fazer a um ministro”. Ele replicou: “Muito bem, ficarei feliz em tentar respondê-la. Espero que não seja muito difícil, senão vou ter de perguntar à minha esposa. Mas o que é?”. Ela disse: “Quão boa uma pessoa precisa ser para poder alcançar o Céu?”.

O pastor pensou que muitos deviam estar fazendo essa pergunta a si mesmos e que não poucos se preocupavam com isso. Porém, aquela senhora pelo menos teve inteligência o bastante para concluir que, se as pessoas vão para o Céu por serem boas, então alguém deveria perguntar quão bom é o bastante para chegar lá. De fato, ela queria saber qual seria a nota mínima para passar no teste.

Ele então disse: “É essa a pergunta? Ora, isso é fácil”. O rosto da distinta senhora se iluminou por ele saber a resposta. Ele concluiu: “Esta é a pergunta mais fácil de responder. A senhora nunca mais vai precisar se preocupar com essa pergunta, pois a partir de hoje saberá a resposta”. Ela disse: “O senhor nem imagina como estou aliviada. Venho me perguntando isso há anos. Qual é a resposta?”.

Ele disse: “Jesus deu a resposta de maneira bem clara e inteligente, quando afirmou: “Sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste” (Mt 5.48). Já que nenhum de nós é perfeito, nem pode corresponder ao padrão de Deus, e todos estamos muito aquém disso, Jesus Cristo veio fazer o que éramos incapazes de realizar. A lei de Deus mostra a nossa condição de desamparo e desesperança. Ela indica que se transgredimos em um único ponto já somos culpados de todos; além disso, nos levaria imediatamente ao julgamento, onde veríamos o inexorável final de nosso processo. No final, todos seríamos condenados”.

O sorriso deixou o rosto daquela senhora. Ela parecia um daqueles personagens de desenho animado que acabam de ser atingidos por uma panela. Seu rosto parecia ter caído em cima da mesa, e ela ficou um bom tempo sentada ali em silêncio. Então, ela disse: “Acho que agora me preocupo com esta pergunta mais do que antes”. Desse ponto em diante, o pastor passou a compartilhar com ela as boas novas do evangelho de Jesus Cristo.

De início, é importante salientar que há dois tipos de pessoas: as que estão tentando chegar ao Céu pelos seus próprios esforços (boas obras) e aquelas que confiam inteiramente em Cristo para a sua salvação eterna (boas novas). Mas para estar em qualquer um desses extremos é preciso fazer uma escolha pessoal. E essa questão de como podemos alcançar o Céu, convenhamos, é uma daquelas situações que têm duas alternativas. O que é comum às duas é que, enquanto estamos decidindo qual opção escolher, descobrimos que já estamos em uma delas.

Imagine que, numa noite escura, você esteja velejando em alto mar e um navio enorme esteja vindo em sua direção, já bem próximo. Você tem duas opções: pegar uma boia e saltar no mar para salvar sua vida... ou ficar para tentar fazer uma manobra impossível para salvar o barco e a vida. Bem, uma coisa é certa: enquanto você pondera a respeito dos prós e contras das duas opções, já está envolvido numa escolha — você está dentro do barco e o navio está se aproximando.

Para se alcançar o Céu, é preciso fazer uma escolha entre o caminho da religião e o caminho de Cristo. Todas as religiões pregam que devemos fazer algo para nos elevarmos a um estágio superior e, de algum modo, chegarmos a Deus. O que elas pregam pode ser resumido numa só palavra: “faça”. O Evangelho, porém, é a antítese de todas as religiões. Sua mensagem básica não é que devemos fazer algo, mas sim que tudo “está feito”.

Não foi sem propósito que as últimas palavras de Jesus na cruz foram: “Está consumado!”. Um fato notável é que a palavra grega (tetelestai) dita por Jesus em seu último alento era usada geralmente em transações comerciais, cujo significado era: “completamente pago”. Em suma, isso quer dizer que Jesus já pagou toda a dívida dos nossos pecados. Agora, em contrapartida, todos os que confiam inteiramente Nele podem ser completamente perdoados e ter livre acesso à vida eterna.

De fato, para se alcançar o Céu é preciso fazer uma escolha: crer em Jesus ou não. Qual a sua escolha?


Samuel Câmara

Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
Confira os artigos do Pastor Samuel Câmara, todas as semanas no jornal "O Liberal" -http://www.oliberal.com.br



sábado, 17 de setembro de 2011

Orações dos santos egoístas

Um estudante se prepara mal para um concurso, mas, na hora da prova, suplica que Deus o ajude a passar. Um motorista atrasado passa várias vezes na mesma rua, tentando achar um lugar para estacionar. Cansado, pede que Deus lhe mande um anjo para arrumar uma vaga de estacionamento. Um atleta, cujo time mal treinado está perdendo, fala aos companheiros: “Vamos orar com fé para Deus nos dar a vitória”. Um empregado sai costumeiramente atrasado para o trabalho, mas pede oração aos familiares para Deus o fazer chegar no horário e não perder o emprego. Um executivo parte para a mais importante apresentação de vendas de sua companhia. Como não se preparou suficientemente, pede aos “irmãos” que orem para ele ter sucesso e suplantar os concorrentes.

O que há em comum nesses exemplos é que a maioria dos “santos” já teve, em maior ou menor grau, esse comportamento egoísta. Algumas pessoas pensam em Deus como um agente de mudanças sobrenatural, que está à disposição para responder a todos os seus caprichos; ou ainda, um tipo de “gênio da lâmpada” divino que se põe diante deles para satisfazer-lhes os desejos.

Indubitavelmente, isso é um reflexo de nosso tempo, da nossa cultura pós-cristã e pós-moderna. Quando dizemos pós-cristã, não estamos falando que as pessoas não mais professem ser cristãs, ou que não frequentem mais a igreja, pois a maioria faz ambas as coisas. Antes, afirmamos que a maior parte das culturas ocidentais não mais confia nas verdades cristãs – nem como a base de sua fé e prática, nem de sua ética pública ou de seu senso de moralidade.

Quando dizemos pós-moderna, isso significa que há uma resistência cabal não somente às reivindicações de verdades cristãs, mas a qualquer tipo de reivindicação da verdade. O pós-modernismo rejeita qualquer noção de verdade universal e absoluta e reduz todas as ideias a meras elaborações sociais.

Sendo assim, tendo uma sociedade voltada para valores cada vez mais egocêntricos e humanistas, foca-se não mais a soberania de Deus, mas a supremacia do ser humano. Não é de estranhar que muitas igrejas estejam cheias de pessoas ávidas para que Deus dê um jeito em suas vidas e se vire para atender aos seus caprichos egoístas.

A mensagem mais ouvida, hoje em dia, não é sobre a nossa necessidade de arrependimento e busca da salvação em Jesus; muito pelo contrário, ouve-se que Deus existe para realizar os nossos desejos e necessidades, aliviar o nosso sofrimento, e tornar a nossa vida o mais agradável possível.

Esta imagem de Deus pode até ser proveniente de algum romance secular, ou de algum pregador neófito ou inescrupuloso, mas não das Escrituras Sagradas. Além disso, essas tentativas de manipulação de um Deus Soberano e Todo-poderoso, cuja finalidade é servir aos próprios propósitos egoístas, podem até ter um verniz de teologia, mas não passam de um insulto ao Senhor.

Jesus nos ensinou a pedir. Tiago, o irmão de Jesus, afirma que pedidos egoístas podem ser responsáveis por intrigas e contendas entre pessoas: “Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis; pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres” (Tg 4.1-4; Mt 7.7). Tiago acrescenta que esse comportamento mundano se constitui “inimizade contra Deus”.

O fato é que as pessoas preocupadas com tais pedidos egocêntricos têm uma visão muito superficial de Deus e pouco sabem sobre o Seu propósito de redenção da humanidade. A motivação maior da oração não é o mero exercício espiritual, tampouco conseguir que Deus faça coisas por nós ou por outros; antes, oração é o meio de um efetivo relacionamento com Deus.

Jesus passava noites inteiras em oração, buscando principalmente manter a comunhão com o Pai. Na oração conhecida como “Pai Nosso”, ensinada por Jesus, vê-se que o interesse na comunhão com Deus e no cumprimento de Sua vontade na terra vem antes do suprimento de nossas próprias necessidades. (Mt 6.9)

À medida que nos aproximamos de Deus e buscamos uma íntima comunhão com Ele, as nossas orações serão voltadas menos para nós mesmos. Aí, então, buscaremos muito mais a Sua glória e nos subordinaremos à Sua perfeita vontade, em vez de nos atermos aos pedidos egoístas.

A comunhão é, por assim dizer, o fio que liga a nossa alma à bateria do poder de Deus. Quando o fio está desligado, os nossos pedidos não passam de conversa ao vento. Quando ligado, descobrimos que o privilégio de ter comunhão com Deus é que dá real sentido e valor à vida.

Samuel Câmara

Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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sábado, 10 de setembro de 2011

Frente a frente com a adversidade

As adversidades são, na maioria das vezes, uma realidade inescapável. Elas aparecem, e pronto! Todos nós, de alguma forma, já estivemos frente a frente com alguma adversidade: fracasso, doença, morte, perda, tristeza, traição, falência, abandono etc. E, num reflexo que desponta da nossa humanidade convulsionada pela dor, sempre perguntamos: Por que eu? Por que Deus deixou isso acontecer comigo?

Outras vezes a adversidade alheia nos choca e entristece. Quem não sentiu tristeza pelo ataque terroristas de 11 de setembro (que amanhã completa 10 anos) com a perda de milhares de vidas?

Pensemos. A principal questão que as adversidades nos impõem é esta: como manter a fé em face das tragédias?

Alguns simplesmente negam a fé e ficam a se perguntar: Como é que um Deus amoroso fica parado, sem intervir? Colocam a culpa em Deus, como se não tivessem nenhuma responsabilidade diante da vida e da história. Acham que, no palco da vida, somos marionetes nas mãos de um Deus insensível e distante, que não se importa com nosso sofrimento.

Outros não conseguem acatar a dor da vida sem a fé. Tentam enxotar o sofrimento pela tática simplista de ignorá-lo, vivendo uma fé fantasiosa. Tentam fazer desaparecer a tragédia mediante a fé. Isso é um tipo de “abracadabra espiritual” que funciona mais ou menos assim: ‘Se eu tiver uma fé maior, terei a resposta e tudo ficará bem. Basta confessar a minha grande fé e a tragédia desaparecerá’. Mas a tragédia continua lá a fitá-los nos olhos com sua afronta cruel e implacável.

Há aqueles cuja fé os faz sobreviver após uma colisão com a adversidade, porque creem que Deus é Soberano, aborrece a dor e o sofrimento e, finalmente, vai recriar o mundo de tal forma que esses males vão ser eliminados da nossa existência.

Estes sabem que Jesus sofreu a mais injusta das tragédias: mesmo inocente e sem pecado, receber sobre si a culpa de todos os pecados da humanidade e a carga nefasta das nossas enfermidades e dores. Mas, nela, nos tornou participantes de uma Nova Ordem, elevou-nos à condição de filhos de Deus e herdeiros da esperança da vida eterna.

Porém, enquanto isso não vem, sua fé enfrenta honestamente a feiúra deste mundo, crendo firmemente que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”.

Nessa atitude, a sua fé honra a Deus, porque está bem certo de que “nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem coisas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 8.28-38).

Sabemos que o problema maior não é basicamente o grau da adversidade enfrentada, mas o tipo de pessoa que brota dela. A palavra inglesa resiliência traz esse conceito psicológico (emprestado da Física), definido como a capacidade de uma pessoa lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas, mas sem desmoronar.

A despeito dessas diferentes posturas, contudo, uma coisa é comum a todos: queremos saber as respostas! Quanto maior o grau da tragédia, maior a busca por respostas que possam aplacar a perplexidade das mentes atônitas.

Na maioria das vezes, porém, não há respostas fáceis ou claras sobre as adversidades que nos atingem. Sendo assim, as nossas melhores incursões são um mero tatear no escuro, pois não temos infalíveis dons de análise.

Às vezes, colhe-se o que foi plantado, como diz a Bíblia: “O que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7). Em outras, apenas somos vítimas ocasionais dos desarranjos de nosso mundo pecaminoso, pois “o mundo inteiro jaz no maligno” (1 Jo 5.19).

Por isso, estamos sujeitos a enfrentar tragédias, mas devemos manter a esperança, como disse Jesus: “No mundo tereis aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo 16.33).

Um dia haverá uma redenção completa. Mas, hoje, temos que viver pela fé e fazer a coisa certa, orando pelos que sofrem e os servindo, orando pela paz no mundo e trabalhando por ela, enfim, para que possamos ter dias melhores.

Portanto, não negue a sua fé, nem a torne uma fantasia. Creia em Deus, apesar das adversidades. Se você não puder encarar a adversidade frente a frente, e, apesar disso, crer em Deus, então talvez nunca crerá em Deus.

Creia em Deus, pois Nele você pode confiar! Saiba que, independente de quem você seja, Deus ama você e quer o seu bem!

Samuel Câmara

Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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sábado, 3 de setembro de 2011

A tragédia de estar no lugar errado

Na história de Israel, Gideão foi o protagonista que libertou o povo do jugo de sete anos de opressão dos midianitas. Reconhecido como líder, ele foi convidado pelo povo para ser seu rei; mas recusou, dizendo que somente o Senhor Deus reinaria sobre eles. Foi então que Abimeleque, filho de Gideão, se aproveitou desse vácuo de liderança para matar os próprios irmãos e se fazer rei. Porém, Jotão, o mais moço, escapou.

Depois, o jovem Jotão, de um alto monte, proferiu um apólogo, ou seja, uma historieta que ilustra uma lição de sabedoria e cuja moralidade é expressa como conclusão. Ei-lo:

“Foram certa vez as árvores a ungir para si um rei, e disseram à oliveira: Reina sobre nós. Porém a oliveira lhes respondeu: Deixaria eu o meu óleo, que Deus e os homens em mim prezam, e iria pairar sobre as árvores? Então disseram as árvores à figueira: Vem tu, e reina sobre nós. Porém a figueira lhes respondeu: Deixaria eu a minha doçura, o meu bom fruto, e iria pairar sobre as árvores? Então disseram as árvores à videira: Vem tu, e reina sobre nós. Porém a videira lhes respondeu: Deixaria eu o meu vinho, que agrada a Deus e aos homens, e iria pairar sobre as árvores. Então todas as árvores disseram ao espinheiro: Vem tu, e reina sobre nós. Respondeu o espinheiro às árvores: Se realmente me ungis rei sobre vós, vinde, e refugiai debaixo da minha sombra” (Juízes 9.7-21).

O moral da história fica claro quando se compara a resposta de Gideão e se acompanha o desastroso reinado do egoísta e despreparado Abimeleque. A vocação de Gideão, ele bem o sabia, era apenas de libertar o povo, pois para isto fora chamado por Deus, não para ser rei. A ilustração dos diversos tipos de árvores indica que cada pessoa tem que ser fiel à sua vocação, pois disso depende o reconhecimento de Deus e dos homens às obras de toda uma vida.

De modo oposto, quando isto não é observado, torna-se necessário engendrar enganos, como o do espinheiro oferecendo sombra, ele que sombra não produz. Isto ilustra, igualmente, que é a vocação, e não a esperteza, o elemento motivador de carreiras, cujo resultado mais provável é a colocação da pessoa certa no lugar correto.

Esse é um dos maiores desafios da nossa sociedade: encontrar a pessoa certa para cada posição. Em qualquer área que se pense, quer seja no mundo corporativo empresarial, ou no âmbito religioso, ou no bojo da vida política, deslizes que possibilitem colocar pessoas despreparadas em posições de comando produzirá resultados desastrosos.

A nossa sociedade pragmática e voltada ao lucro pessoal, que preza mais a performance que o caráter, tem perdido de vista essa característica essencial de ver na vocação o elemento inicial de carreiras que primem por servir a sociedade, e não por espoliá-la. Ao observarmos certos fatos marcantes da vida nacional, percebe-se que há algo de muito torto neste quesito.

Quando não poucos policiais se imiscuem em atividades ilegais, matam e roubam, ao invés de promoverem a segurança e cumprirem as leis que juraram defender; quando juízes são flagrados vendendo sentenças, em vez de serem imparciais e justos; quando políticos são comprados para mudar de partido ou recebem vantagens para aprovarem leis, ao invés de honrarem o mandato para o qual foram eleitos; quando professores fingem ensinar e alunos fingem estudar, em vez de ajudarem a mudar o país através da educação — apenas para citar alguns exemplos mais notáveis e menos recomendáveis — isto mostra que algo precisa de correção.

Estamos fartos de ver pessoas nos lugares errados, só porque tiraram proveito de alguma situação. Por exemplo, quando um líder passa a vida defendendo a justiça e o direito, apenas porque está em desvantagem; mas depois, no poder, vive como se acima destes estivesse, ele só provou que é oportunista e que, portanto, está no lugar errado.

Uma visão equivocada da vida, com pessoas ocupando espaços que não lhes pertencem, por esperteza e não por vocação, gera uma sociedade plena de ineficiência. Assim, quando algum membro da sociedade está no lugar errado, obviamente fazendo as coisas com ineficiência e desonra ou somente não agindo com a eficiência e honra que lhe são requeridas, isso gera um desequilíbrio que facilmente pode resultar em tragédia. Basta olhar governantes corruptos e as resultantes mazelas sociais como exemplo.

Essas distorções fazem jus ao que preconiza o dito popular: “Quando se vê um jabuti numa árvore, ou foi enchente ou alguém o colocou lá”.

Samuel Câmara

Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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