quarta-feira, 23 de maio de 2007

Um jeito sábio de orar

O filósofo grego Platão citou a oração de um antigo poeta como sendo a melhor forma de mortais, como nós, sem visão, orarem. “Dá-nos aquilo que é melhor para nós, quer estejamos pedindo ou não; mas afasta de nós o que for mal, mesmo que seja algo pelo qual estejamos implorando”.

Muito embora tenha sido uma oração feita a uma divindade pagã, decerto temos algo que aprender com ela. A visão desse filósofo é encontrada na Bíblia, porém com um enfoque mais específico e com maior clareza. Alguns séculos antes de Platão, Agur entendeu plenamente que a mesma sábia oração deve ser baseada na verdade e no desejo de dar glória a Deus.

Ele pediu ao Senhor que lhe concedesse duas coisas antes de sua morte: “Afasta de mim a falsidade e a mentira; não me dês nem a pobreza nem a riqueza; dá-me o pão que me for necessário; para não suceder que, estando eu farto, te negue e diga: Quem é o Senhor? Ou que, empobrecido, venha a furtar e profane o nome de Deus” (Pv 30.7-9).

Ao abordar, em sua oração, dois lados extremos do comportamento humano – esquecer do Senhor quando tudo está bem e desonrar o Senhor quando vem a adversidade – Agur ansiava por integridade e contentamento. Assim, sua vontade incluía o desejo sincero de que Deus impedisse qualquer coisa que o fizesse tornar-se auto-suficiente e esquecer-se do Senhor, ou diante da adversidade viesse a roubar e profanar o nome de Deus.

O enfoque de Platão centrava-se no que era melhor para nós. Agur, porém, via a figura completa: ele também queria o melhor para si, mas somente se isso refletisse a glória de Deus.

Em fervente oração, Agur se antecipa à possibilidade de alguma crise que possa lhe ocontecer. Ele tenta elaborar os balizamentos morais que nortearão o seu comportamento, de modo que no Senhor possa ser louvado em qualquer circunstância.

Esse comportamento é bem diferente do de muitas pessoas hoje em dia, que se voltam para Deus somente quando a crise já está instalada. É claro que orar numa emergência é muito melhor do que não orar nunca. Mas não deveria fazer diferença se as coisas estão a nosso favor ou contra. A oração deveria ser uma coisa tão natural em nossa vida, que deveríamos praticá-la independentemente das circunstâncias.

A oração é um meio eficaz de lidar com dificuldades de todos os tipos e tamanhos. Paulo nos orientou a usarmos a oração em toda e qualquer situação: “Não se preocupem com nada, mas em todas as orações peçam a Deus o que vocês precisam e orem sempre com o coração agradecido” (Fp 4.6).

Às vezes, quando oramos, Deus afasta a dificuldade rapidamente. Outras vezes, Ele nos mostra que nossos problemas não são tão grandes como imaginamos.

Se os problemas persistem, se os obstáculos são fixos, temos de manter a confiança em Deus, temos de manter a vida de oração, pois a oração é o canal pelo qual fluem a sabedoria, a força e a paciência de Deus. Se tivermos de aprender a conviver com eles, até que possam ser retirados, esforcemos-nos para fazer disso algo que glorifique a Deus.

Lembremos-nos de que há três maneiras de Deus responder as nossas orações. Ele pode dizer “sim” ou simplesmente “não”. Mas a Sua demora em responder pode ser apenas “espere”.

Depois de orar sabiamente, “descansar no Senhor e esperar Nele” é o melhor investimento de uma vida que busca a glória de Deus.

Pastor Samuel Câmara
Pastor da Assembléia de Deus Igreja Mãe, em Balém - Pará
Presidente da Rede Boas Novas - CVC