segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Parece, mas não é


E em quase todas as grandes cidades do mundo é possível encontrar lugares que são pontos de venda de imitações de mercadorias, luxuosas ou não. Esse tipo de comércio prospera porque não são poucas as pessoas que estão dispostas a pagar, sem piscar, por um produto falso. Compram imitações do relógio Rolex, sapatos Gucci, roupas Fendi e bolsas Chanel, que custam uma fração do preço dos originais.

Este é um exemplo pitoresco da tendência humana de valorizar a aparência externa além da realidade. Mesmo que a mercadoria não seja autêntica, pagam uma determinada quantia por uma etiqueta ou um “look” da moda.

Essa tendência pode ser encontrada também na área espiritual. Jesus a localizou fartamente no comportamento religioso de sua época. Não poucas vezes Jesus acusou os fariseus de viverem uma realidade afeita à hipocrisia, tipo “parece, mas não é”.

Eles praticavam boas ações, oravam e jejuavam, mas apenas para criarem a aparência de serem homens santos e devotados a Deus. Eles pareciam bastante autênticos, pareciam ser pessoas espiritualmente desenvolvidas, mas seus corações estavam completamente distantes de Deus. (Mt 6.16-18)

Por causa do seu exemplo de vida, a palavra fariseu passou a indicar, no sentido figurado, o indivíduo que aparenta santidade, não a tendo; um sujeito hipócrita, fingido.

Às vezes me vejo a pensar nessa fraqueza humana de primar muito mais pela aparência que pela realidade. É nesse terreno fértil que floresce o substrato da propaganda enganosa, qualquer que seja o campo de atividade.

Vejamos alguns exemplos. Um político de moral duvidosa, acusado costumeiramente de corrupção, mas cujo discurso tem o dom de inebriar os ouvintes, a ponto dos mesmos esquecerem o que realmente conta.

Um pregador eloqüente e bem vestido, discurso contundente, prometendo riquezas terrenas e um lugar privilegiado no céu, mas cuja vida está completamente distante do padrão de Deus.

Um comercial de cigarro que faz a ligação do ato de fumar com a virilidade, a competência, a fama, o sucesso, mas cuja realidade encoberta certamente terminará em câncer e morte.

O fato é que, embora nos achemos pessoas esclarecidas, de algum modo podemos rapidamente ser convencidos pela forma como as pessoas se expressam, mesmo que tenhamos alguns “senões” a respeito do que falam.

Um homem que tentava explicar o significado da palavra oratória fez o seguinte comentário sarcástico: “Se você diz que preto é branco, está sendo tolo. Mas, se enquanto diz que preto é branco, rugir como um leão, bater na mesa com os punhos cerrados e correr de um lado da sala para o outro, isso é oratória”.

Isso é uma forma jocosa de dizer que, em geral, as massas são movidas mais pelo estilo que pelo conteúdo. Gostam mais do que parece, não do que é. Gostam mais de aparências que de realidades. Contentam-se com o falso, desde que isto os permita expressar o status do verdadeiro.

De acordo com o apóstolo Paulo, chegaria o tempo em que as pessoas se afastariam da verdade e da doutrina e seriam tolerantes com aqueles que enganam e fazem as pessoas se sentirem bem. (2 Tm 4.3)

Então devemos analisar e avaliar cuidadosamente tudo o que ouvimos – mesmo o que for proclamado da forma mais eloqüente. Não devemos nos permitir ser seduzidos pela aparência de um produto, ou pela oratória rebuscada.

Na vida espiritual, precisamos ter certeza a respeito dos que ensinam sobre a Bíblia, se estão “falando a verdade em Cristo e não mentindo”. Precisamos submeter o que é dito e vivido à luz das Escrituras. (1 Tm 2.7)

Andar no terreno movediço do que “parece, mas não é”, ou viver na falsidade, é prejuízo certo, pois aparência e eloqüência nunca são substitutas da realidade.

Não viva de aparências, ande com integridade, lembrando sempre que “o Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração” (1 Samuel 16.7).
Responda: Como o Senhor está vendo o seu coração?

Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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