segunda-feira, 22 de setembro de 2008

O Perigo da Negação

No início do Século XVII, alguns cristãos serviam fielmente ao Senhor numa ilha do Japão. Um líder provincial, chamado de Shogun, decidiu que os cristãos eram uma ameaça para a cultura tradicional. Então, ele elaborou uma armadilha perversa. Colocou uma figura de Jesus no chão em uma rua e ordenou que os cristãos da província pisassem em cima do quadro, como sinal de renúncia da fé cristã. Quando terminou o teste, 26 crentes em Jesus tinham se recusado. Estes foram crucificadas na praia, como exemplo, para que todos vissem.

Aqueles que “pisaram em Jesus” e negaram a fé escaparam da crucificação, mas tiveram de conviver com sua vergonhosa culpa. Alguns, a exemplo de Judas Iscariotes, consumidos pelo remorso, deram cabo da própria vida. Outros, a exemplo de Pedro, se arrependeram e voltaram a seguir a Jesus.

Lembremos que Pedro, quando questionado sobre sua lealdade, negou que era discípulo de Jesus. Mas depois, profundamente arrependido, voltou-se para o Senhor e dedicou o resto de sua vida ao testemunho ousado de Cristo. (Mt 26.69-75)

As pessoas podem pensar que negar a Cristo é um ato direto, resultado de uma provocação expressa, como nos exemplos acima. Reginald Heber, autor do conhecido hino “Santo, Santo, Santo”, expressou que podemos negar o nosso Salvador de maneiras mais sutis.

Reginald escreveu: “Negamos o nosso Senhor toda vez que, devido ao nosso amor por este mundo presente, abandonamos o dever que Cristo claramente nos deixou para fazermos. Nós negamos o nosso Senhor toda vez que damos o nosso louvor, ou mesmo o nosso silêncio, diante de coisas que cremos ser pecado. Negamos o nosso Senhor toda vez que abandonamos uma pessoa em aflição; ou quando nos recusamos a dar sustento, ânimo e apoio àqueles que, por amor a Deus e para fielmente darem conta de seu dever, são expostos a perseguições e calúnias”.

Quem é nova criatura em Cristo certamente procurará evitar qualquer negação aberta e deliberada do Senhor. Mas as maneiras sutis de negação estarão sempre à espreita a nos desafiar.

Por exemplo, amar o mundo e deixar de fazer aquilo que Deus ordena; ou ser tolerante com o pecado que tenazmente está destruindo as famílias e a sociedade; ou ainda, se recusar a apoiar outros servos do Senhor que estão se esforçando para cumprir cabalmente a vontade de Deus. Essas são maneiras sutis que, de fato, acabam se tornando uma negação Daquele que nos redimiu do pecado e da morte.

Todos os dias enfrentamos situações ou temos de tomar decisões que podem nos tentar a trair o Senhor Jesus. Se alguém escolher os valores do mundo – e não a obediência da Palavra de Deus – por fim negará a fé e cairá da graça.

O apóstolo João nos desafia: “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele (...) Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente” (1 Jo 2.15-17).

O apóstolo Paulo nos alerta: “Se perseveramos, também com ele reinaremos; se o negamos, ele, por sua vez, nos negará; se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo” (2 Tm 2.12,13).

Oro para que a determinação do nosso coração seja de nunca trair o Senhor. Antes, que possamos estar prontos e dispostos a sermos testemunhas fiéis em quaisquer circunstâncias. Vivamos, pois, de tal maneira que ninguém possa nos acusar de “pisar em Jesus”.

Lembre-se: “É muito fácil levar Jesus no peito. Difícil é ter peito para andar com Ele”.

Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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