Samuel CâmaraPastor da Assembléia de Deus em Belém - Igreja Mãe
Há um peixe muito estranho nativo da região amazônica chamado de “tralhoto” ou “quatro-olhos”, que vive sempre à flor da água, com olhos divididos em duas porções, uma para ver fora da água e outra para ver dentro dela. Ele teve os seus olhos equipados com lentes para ar na parte superior e lentes para água na parte inferior.
Assim, quando ele nada pela superfície da água, pode olhar ao mesmo tempo para o mundo acima dele e para o mundo subaquático. Esse peixe definitivamente sabe tirar proveito dos dois mundos.
Esse conceito de “olhar para dois mundos” deve estar presente no coração de cada crente em Jesus. Ao caminharmos pela vida, precisamos olhar para o céu e também para o mundo que nos rodeia.
O olhar em direção ao céu nos capacita a concentrarmo-nos no que Deus diz na Sua Palavra, naquilo que é verdadeiro e certo, nos mostra o caminho da obediência ao Senhor. O olhar para o mundo, por sua vez, nos ajuda a ver as oportunidades de demonstrar o amor e a misericórdia de Cristo para as pessoas presas nos grilhões do pecado.
Não viver o padrão de uma “vida de quatro olhos” é o mesmo que negar a essência dos valores para os quais fomos chamados a viver como membros da Igreja, o corpo de Cristo na terra.
Jesus preconizou duas coisas a respeito da Sua Igreja, às quais precisamos sempre retornar para manter a nossa fé e reforçar a nossa esperança, e para cumprirmos a nossa missão no mundo. A primeira, que a Igreja seria indestrutível. Ele disse: “Edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). De fato, historicamente, nada tem conseguido parar ou destruir a Igreja de Cristo.
A segunda, que esta deveria ser relevante e fazer diferença no mundo. Ele ordenou: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt 28.19,20).
A primeira depende única e exclusivamente de Jesus, e Ele está cumprindo fielmente a sua parte. A segunda depende de seus seguidores. E é exatamente nessa perspectiva que repousa o fato de sermos ou não relevantes no mundo.
É absolutamente admirável o fato de que o maior e mais constante perigo com o qual a igreja se defronta não é o diabo, não é a morte, não é enfermidade ou doença, não é o pecado, pois Jesus foi vencedor contra todos na cruz (Is 53.4-6; 2 Co 5.21). O maior e mais constante perigo com o qual a igreja se defronta é a irrelevância.
Ressalte-se que a relevância básica que realmente importa é a aponta para as necessidades profundas das pessoas: necessidade de salvação e de sentido na vida.
O desafio que se impõe é imenso. Precisamos usar de todos os meios disponíveis para pregar o evangelho da graça de Deus, pois muitas pessoas ao nosso redor estão perecendo sem Cristo. Muitos buscam ajuda em outros “deuses”, que não falam e não ouvem e não podem ajudar.
Só os que conhecem a Cristo e são conhecidos por Ele estão em condição de ver os dois mundos. Nossos olhos foram abertos para obedecermos a Sua Palavra e para levarmos as boas novas da salvação de Cristo para as pessoas “mortas em seus pecados” e ajudá-las a viver uma vida abundante. Isso é o que torna a igreja relevante. É isso que significa viver uma “vida de quatro olhos”.Confira os artigos do Pr. Samuel Câmara todas as semanas no Jornal "O Liberal" - http://www.oliberal.com.br/