sábado, 19 de janeiro de 2013

Jornada Feliz


Geralmente, quando vamos empreender uma viagem, o bom senso nos diz que devemos elaborar um planejamento básico que garanta algum controle e certa previsibilidade na jornada. Mesmo assim, às vezes, somos surpreendidos, as coisas saem do controle, temos de depender de como as circunstâncias ocasionais e não planejadas vão se ajeitar, enfim, nas horas incertas da caminhada, temos de decidir como manter a serenidade e a confiança em Deus para marchar avante, mesmo em face das dificuldades do caminho.
O que fazer, portanto, quando adiante de nós há um mar de desafio aparentemente intransponível, à nossa volta uma montanha de problemas, e também nos perseguem um sem número de querelas existenciais que teimam em nos puxar para baixo?
Moisés passou por uma situação dessa, como uma metáfora viva, logo depois de haver libertado o povo de Israel da escravidão do Egito. Adiante dele estava o mar bravio, de ambos os lados as montanhas intransponíveis, na sua ilharga um povo que reclamava e lhe fazia oposição ao menor sinal de perigo, e atrás de si o mais poderoso exército da face da Terra liderado pelo próprio Faraó do Egito. Não havia escapatória possível, do ponto de vista humano. Mas havia ali um homem que confiava em Deus, que não se deixou levar pelo medo do desafio acima de suas forças, tampouco temeu o perigo iminente de ser destruído juntamente com seu povo.
Ali também estava o Deus único e verdadeiro, o Criador do Céu e da Terra, o mesmo que o havia enviado para libertar o povo do cativeiro egípcio. Moisés então clama ao Deus de sua confiança, o único que poderia ajudá-lo. Mas Deus lhe responde: “Por que clamas a mim; ordena aos filhos de Israel que marchem” (Êx 14.15). Aprendemos, assim, que com Deus podemos empreender uma jornada feliz e vitoriosa a despeito de quaisquer circunstâncias.
Embora essa história seja bastante conhecida, vale a pena ressaltar que a jornada será feliz na proporção da palavra de bênção que o Senhor Deus nos concede na caminhada. Cumpre-se a palavra, que diz: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4.4).
Noutra ocasião, depois do cativeiro da Babilônia, no reinado de Artaxerxes, o sacerdote Esdras, ao retornar à terra de Israel, se deparou com uma situação inusitada. Então, ele apregoou um jejum junto ao rio Aava, para se humilharem perante Deus, para pedirem jornada feliz para todos eles, para seus filhos e para tudo o que era deles.
Esdras explica a razão dessa busca: “Porque tive vergonha de pedir ao rei exército e cavaleiros para nos defenderem do inimigo no caminho, porquanto já lhe havíamos dito: A boa mão do nosso Deus é sobre todos os que o buscam, para o bem deles... Nós, pois, jejuamos e pedimos isto ao nosso Deus, e ele nos atendeu” (Ed 8.21.23).
Saiba que Deus quer o melhor para a sua vida, tal como falou através do profeta Jeremias: “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais” (Jr 29.11).
Deus quer o melhor para a sua família. “Filhinhos, eu vos escrevi, porque conheceis o Pai. Pais, eu vos escrevi, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o Maligno” (1Jo 2.14).
Deus tem uma bênção sobre todos os seus bens. Tão somente seja fiel a Deus. “Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida” (Ml 3.10).
Deus tem uma bênção de perdão e provisão de saúde e renovação para você e toda a sua família. “Ele é quem perdoa todas as tuas iniquidades; quem sara todas as tuas enfermidades... quem farta de bens a tua velhice, de sorte que a tua mocidade se renova como a da águia” (Sl 103.3-5).
Se há grandes dificuldades na jornada da vida – e você diz: “Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro? – também poderá afirmar: “O Senhor me guardará de todo mal; guardará a minha alma. O Senhor guardará a minha saída e a minha entrada, desde agora e para sempre” (Sl 121).
É com essa certeza de fé que desejo a você uma jornada feliz neste novo ano, assim como para sua família e tudo o que é seu. Cremos que podemos testemunhar o cuidado integral de Deus nestas três dimensões da vida. Portanto, oro para que você tenha uma viagem segura, um caminho direito, uma jornada feliz, tudo com a bênção plena de Deus.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Porque Deus amou Belém...


O escritor Euclides da Cunha assim se referiu à cidade de Belém, ao conhecê-la no início do século passado: "Não se imagina, no resto do Brasil, o que é a cidade de Belém”. E depois de muitos elogios, concluiu: “Foi a maior surpresa de toda a viagem".
O que impressionou o escritor Euclides da Cunha sobre Belém seria o mesmo que, ao longo do tempo, tem encantado os poetas, que lhe chamam carinhosamente de Cidade das Mangueiras, terra do cheiro-cheiroso, lugar das bandeiras vermelhas dos pontos de venda de açaí. Nessa boa terra que, igualmente, “em se plantando, tudo dá”, encontra-se também uma gente de religiosidade pulsante, lugar da chuva diária que limpa as ruas e alivia o calor tropical, cidade de gente hospitaleira.
Nessa época, Belém era das cidades brasileiras mais isoladas, encoberta nas brenhas das matas amazônicas e cercada por grandes rios, tendo ao seu redor quarenta e duas ilhas, furos fluviais e igarapés, com praias de rios e horizonte de oceano, como que encobrindo a cidade dos olhares do mundo.
Nascida sob a inluência do Renascimento, que começava a dominar a Europa no início do século XVII, Belém experimentou muito bem toda a pujança que a riqueza da exploração da borracha lhe trouxe, tendo sido a segunda cidade brasileira, logo depois de Manaus, a ter luz elétrica nas ruas, bonde e telefone.
Obviamente Belém não tinha a glória nem a beleza de Nova York ou do Rio de Janeiro, tampouco a riqueza e a potência industrial de Chicago ou de São Paulo. Contudo, embora pequena, era uma cidade bem urbanizada e possuía um magnífico patrimônio arquitetônico.
Esse conjunto de circunstâncias que ao longo do tempo tem levado romancistas e poetas a imortalizarem Belém como sendo “uma festa para os olhos e para a alma” é, decerto, parte de uma abençoada realidade... porque Deus amou Belém.
Parabéns, Belém, pela tua exuberância natural!
O mesmo Deus que amou Belém e a cobriu da glória natural de uma natureza exuberante, também, em decorrência desse amor, procurou expô-la ao mundo por outros motivos. Desse modo, podemos dizer que Deus tem um “negócio” com Belém, assim como teve com Belém da Judeia (sua “xará” mais velha), que foi escolhida para ser o berço do Salvador Jesus Cristo.
Como fruto desse amor, no início do século passado, igualmente, dois homens foram enviados por Deus a Belém com uma mensagem transformadora e revolucionária. Gunnar Vingren e Daniel Berg aqui chegaram em 19 de novembro de 1910, para ministrarem o Evangelho pleno, que consiste na mensagem: “Jesus salva, cura e batiza com o Espírito Santo, e voltará em breve”.
Foi assim que, pela providência divina, Berg e Vingren fundaram a Assembleia de Deus, em 18 de junho de 1911. Belém foi escolhida não apenas para ser o berço da Assembleia de Deus no Brasil, mas também uma “padaria espiritual” (literalmente “casa de pão”, significado hebraico do seu nome) para alimentar as almas famintas de muitos. Por isso, Deus fez de Belém a Capital Pentecostal do Brasil.
Hoje, o movimento pentecostal capitaneado pela Assembleia de Deus está presente em todos os municípios do Brasil, e também em cerca de 160 países, sendo reconhecido como o maior movimento cristão pentecostal do mundo.
Por que Deus escolheu Belém? É certo que no coração de qualquer investidor Belém seria descartada em razão da sua localização isolada no Norte do País, com sua população sofrendo com surtos de febre amarela, malária, tuberculose e lepra. Mas não para Deus. O amor é a essência de Deus, é a força que o move.
Por isso, a razão de a Assembleia de Deus existir não é outra senão demonstrar a Belém o amor de Deus. E esse amor é tão forte que nos constrange o coração, principalmente ao vermos muitos dos filhos desta bela cidade lotando as delegacias, destruídos pelas drogas, lares em crise, casamentos falidos, muita gente sem sustento, bens públicos destruídos e a violência invadindo suas ruas e bairros.
É por causa desse amor que há 102 anos a Assembleia de Deus  ama e serve a esta cidade em nossos 511 templos (onde regularmente se reúnem os nossos 122 mil membros, 1.452 pastores, 1.841 diáconos) espalhados por todos os bairros, em cumprimento da ordem de Jesus: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações...” (Mt 28.19).
Parafraseando as palavras do Filho de Deus, podemos também dizer: “Porque Deus amou Belém de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).
O maior presente a Belém não poderia ser outro, mas a certeza de que o amor de Deus é incondicional e permanente, pois Ele “deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1 Tm 2.4).
Parabéns, Belém, pelos 397 anos de existência!

sábado, 5 de janeiro de 2013

Ano Novo sem Miopia Moral


A miopia é uma deficiência da visão, quando os raios luminosos que entram nos olhos são levados a um foco aquém da retina, causando borrões nas imagens, principalmente as mais distantes. Mas, filosoficamente falando, miopia moral identifica uma estreiteza de visão que não consegue ver o mal que o mal faz, assim como a falta de perspicácia (agudeza de espírito) para identificar e condenar esse mesmo mal.
O fascínio humano por notícias ruins e escândalos ruidosos explorados pela mídia, assim como por filmes, novelas e programas que expõem as mais ignominiosas mazelas humanas, pode até servir para identificar um autêntico desejo de informação ou entretenimento, mas serve para revelar, igualmente, essa miopia moral de que está acometida a nossa sociedade.
Certamente, em razão dessa fascinação, por exemplo, a mídia televisiva ofereça os mais variados “cardápios”, desde as indigestas baboseiras explícitas dos reality shows até as apelativas novelas e filmes, tudo recheado dos mais variados pecados. Para obter a nossa atenção, as chamadas desses programas geralmente invocam o que de mais vil existe na natureza humana, o que inclui: violência, intriga, prostituição, incesto, ódio, traição, imoralidade de toda sorte e inomináveis desvios de conduta no seio da família, pelo simples fato dessas sujidades morais possibilitarem enormes picos de audiência.
As pessoas, sem se darem conta de que o pecado encravou as garras nas entranhas do seu ser, acabam torcendo para que uma garota de programa destrua um casamento, torcem para que o bandido não seja pego pelas malhas da lei, desejam a morte de uma pessoa correta só porque parece “careta”, almejam estar na posição de um político corrupto ou de um rico mau-caráter, admiram o poder sedutor de um irresponsável, louvam a coragem de um canalha, almejam o sucesso de um belo e irresistível criminoso que costuma se dar bem, entre outros obscuros desejos.
No entanto, nossa capacidade intrínseca de dissimulação em relação ao mal tem o seu preço. Primeiro, pode nos tolher a capacidade de indignação. Quando não esboçarmos sequer o menor sinal de tédio ou de revolta quando o mal está aparentemente fora do nosso alcance, só porque não nos atinge diretamente, corremos o risco de deixar de desejar e buscar o que é certo. Assim, passamos involuntariamente a aplaudir o que é errado, quando o espectro do mal sai do terreno da ficção e invade o campo da realidade em nossa volta.
Segundo, pode nos tornar egoístas, prisioneiros de nós mesmos, envolvendo-nos em um casulo existencial que nos conforma com os nossos interesses pessoais em detrimento do bem público. Possivelmente advém dessa vertente moralmente míope a nossa cultura do “jeitinho brasileiro” com toda a sua ética canhestra de “levar vantagem” em tudo.
Terceiro, pode nos tornar reféns da desesperança, pois o mal é banalizado e a injustiça reduz a vida a estereótipos de esperteza e sagacidade.
Além de indicarem uma elevada miopia moral, essas reações mostram a dura realidade de que a nossa tessitura espiritual está seriamente comprometida.
Logicamente, o problema não é primariamente a mídia e sua produção “cultural” apodrecida, pois esta tão somente se alimenta do nosso latente desejo de consumi-la e representa apenas um dado a mais no mostruário das indignidades humanas.
O problema principal é a nossa natureza essencialmente comprometida com o pecado e a injustiça que dele resulta. O nível de comprometimento com o pecado identifica o grau de miopia moral em qualquer outra área que se pense.
A miopia moral faz com as pessoas optem por escolhas erradas. Quanto a isso, aconteceu um fato pitoresco em relação a Jesus. Os líderes sabiam que Ele era o Messias, que viera para salvar os pecadores e instaurar o Reino de Deus; sabiam que tinham de proceder corretamente, mas preferiram corresponder ao que lhes favorecia em “sua” religião. “Muitos dentre as próprias autoridades creram nele, mas por causa dos fariseus não o confessavam, para não serem expulsos da sinagoga; porque amaram mais a glória dos homens, do que a glória de Deus” (Jo 12.43).
De modo semelhante, a maioria de nós sabe o que é certo e como proceder corretamente. Mas prefere a opção de menor resistência, como refém da lei do menor esforço, fazendo o mínimo necessário e não o máximo possível.
É claro que o mal não vai prevalecer sempre. É óbvio também que ainda há uma reserva moral que não deixa este país apodrecer. O capítulo final da História, descrito na Bíblia, mostra que o mal será subvertido, pois Jesus e seus seguidores vão finalmente reinar em um mundo de justiça e paz.
Todavia, enquanto isso não vem, cada um de nós precisa corrigir sua miopia moral com as “lentes” da Palavra de Deus, tomando uma inequívoca posição de fazer o bem, ao receber iluminação e poder do Alto para viver uma vida irrepreensível e justa diante de Deus e do mundo.
Feliz Ano Novo, mas sem Miopia Moral.