sexta-feira, 29 de maio de 2009

Placebos religiosos

Estudos comprovaram que placebos podem realmente aliviar sintomas, se a pessoa doente acredita que são um medicamento efetivo. Algumas pesquisas mostraram que muitas pessoas as consideraram úteis, mesmo depois de descobrirem que as pílulas administradas no tratamento eram simplesmente placebos.


Os placebos são pílulas cujo aspecto é idêntico ao de outra farmacologicamente ativa, mas com material inócuo, como açúcar, farinha de trigo etc.


Algumas mães, ao perceberem que os filhos estão apenas com manha e querendo chamar a atenção, mas choram como se estivessem doentes, utilizam a técnica de ministrarem o “santo remédio” de uma bolinha de pão como se fosse medicamento, e vêem rapidamente seus filhos se acalmarem.


Alguns médicos utilizam o mesmo princípio com hipocondríacos, que saem dos consultórios felizes da vida por terem atingido a glória de tomarem “mais um” remédio.


O princípio do placebo ilustra uma incômoda verdade, que uma crença pode ser temporariamente efetiva, mesmo quando fundamentada em algo que não é verdadeiro.


Isso me leva a pensar nas assombrosas implicações desse princípio na fé religiosa. Do mesmo modo que placebos podem proporcionar algum alívio temporário, crenças erradas sobre Deus podem resultar em falsos sentimentos de paz e alegria.


Nesse sentido, há muitos placebos sendo administrados livremente como se fossem remédios para a dor da separação de Deus, como se fossem medicamentos contra a aflição causada pelo pecado.


Quando isso ocorre, as pessoas podem não sentir a real necessidade de confiarem no sacrifício de Jesus Cristo, o único “Remédio” para a dor humana. Deixam de confiar no Salvador para confiarem em placebos da vã religiosidade.


Saulo de Tarso era um jovem que tinha tomados alguns placebos religiosos, que ele chamou depois de “confiar na carne”. Ele dizia: “Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais: circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu, quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível” (Fp 3.4-7).


Isso tudo era placebo. Quando, porém, Paulo teve um encontro com Cristo, foi salvo e transformado pelo evangelho, que é “o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16). Ele, então, considerou tudo aquilo como perda, para poder ganhar a Cristo.


Jesus contou a história de um fariseu que havia engolido placebos de idéias a respeito de si mesmo que o faziam sentir-se mais perto de Deus. Ele se postava em pé num canto de praça e ficava a orar bem alto, demonstrando um falso senso de bem-estar, confiança e alegria.


Ele se exaltava diante de Deus, mas, apesar disso, sua real condição espiritual era bastante precária. Em contrapartida, um infeliz publicano, no outro lado da praça, batia no peito e exclamava o quanto era um pecador perdido, suplicando pela misericórdia de Deus na sua vida.


O resultado é que o fariseu saiu de lá tão pecador como antes, mas o publicano saiu justificado para sua casa (Lc 18.9-14).


Os placebos sobre como chegar-se a Deus, ou se livrar do pecado, ou ter paz interior, podem até funcionar por um tempo, mas, por fim, vão mostrar a real situação espiritual da pessoa.


Na verdade, o único modo de chegar a Deus é através de Jesus Cristo, que disse. “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6).


Ninguém precisa de placebos religiosos. Só Jesus “pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus” (Hb 7.25).


E por que tudo o mais é placebo, mas só Jesus tem o efetivo remédio contra o pecado?


Por causa da obra que Ele realizou na cruz do Calvário: “Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si... Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is 53.4-6).


Na cruz, Jesus bradou: “Está consumado!” (Jo 19.30). Isso quer dizer que você não precisa de placebos religiosos, basta confiar em Jesus e entregar a sua vida a Ele.
Jesus convida: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28).

Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja MãeConfira os artigos do Pastor Samuel Câmara, todas as semanas no jornal "O Liberal" - http://www.oliberal.com.br/

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Choque do futuro

No início dos anos de 1970, a literatura que mais causava espanto era a que tratava sobre o que nos aconteceria "no futuro", sobre as tendências das diversas áreas do conhecimento, sobre os produtos que usaríamos em casa, as modas das passarelas, os meios de transportes etc. Se considerarmos, porém, o que escreveram antes desses anos dourados da futurologia, assim também o que foi dito a partir de então, podemos deduzir como é difícil saber realmente o que está por vir.

Por exemplo, em 1899, o diretor do US Patent Officer afirmou: "Tudo o que poderia ser inventado, já foi inventado".

Em 1901, o pioneiro da aviação americana, Wilbur Wright, afirmou: "O homem não voará nos próximos 1000 anos". Lord Kevin, presidente da Royal Society, disse: "O rádio não tem futuro". Os empresários europeus, reunidos em Conferência na Alemanha no início do Século 20, disseram: "O telefone é coisa para moleques desocupados".

O que teria acontecido se todos tivessem acreditado nessas afirmativas?

Uma coisa pode-se deduzir: predições sobre o futuro são, geralmente, suposições erradas. Quando eu era menino, li revistas de ciência que apontavam para o Século XX e diziam que, quando esse "tempo distante" chegasse, todos estariam voando em carros aéreos e vivendo em casas dentro de redomas.

Será que podemos confiar em predições? Quem poderia saber sobre o futuro, de modo que pudéssemos confiar sem reservas? A resposta é: depende da fonte!

A única Fonte que trata sobe o porvir que é totalmente confiável, que jamais erra, é a Palavra de Deus, a Bíblia. Só no Antigo Testamento há mais de duas mil profecias que já se cumpriram. Não há nada, em nenhum outro livro em todo o mundo, que se assemelhe a isto, nem vagamente.

O Antigo Testamento contém 333 profecias relativas à vinda do Cristo, que incluem 456 fatos específicos ou detalhes concernentes ao Messias que viria. Todas essas profecias foram escritas entre cerca de 1500 a.C. e 400 a.C., de modo que é fácil imaginar como teria sido difícil engendrar isso.

Estava escrito que o Messias seria crucificado, uma previsão feita antes mesmo que os fenícios tivessem inventado a crucificação! (Sl 22.16, cerca de 1000 a.C.). Foi profetizado que Ele nasceria em Belém (Mq 5.2, cerca de 720 a.C.). Estava escrito que Ele levaria os nossos pecados e que pelas suas pisaduras seríamos sarados (Is 53.5, cerca de 750 a.C.).

A Bíblia não tem paralelo neste campo. Sabe por quê? Porque os homens que a escreveram foram divinamente inspirados por Deus e dirigidos pelo Seu Espírito ao redigirem as Sagradas Escrituras (2 Pe 1.20-21).

Tudo isso aponta para a veracidade do verdadeiro Choque do Futuro que está para vir. Refiro-me à volta de Jesus para buscar a Sua Igreja, composta de todos os crentes fiéis. Escolhi sete previsões quanto a isso, que são sete promessas, nas quais devemos atentar para alimentar a nossa fé e fortalecer a nossa esperança:

A vinda de Jesus será como um relâmpago (Mt 24.27).

Jesus virá numa nuvem, com poder e grande glória (Lc 21.27-28).

Os anjos ajuntarão os escolhidos em toda a terra (Mt 24.30-31).

Cristo assentará no trono da Sua glória (Mt 25.31).

Os que estiverem vigiando são bem-aventurados (Lc 12.37-38).

O crente fiel será colocado sobre os bens do Senhor (Lc 12.42-44).

Jesus virá nos buscar para morarmos eternamente com Ele (Jo 14.3).

O apóstolo Paulo indica como será esse momento: "Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor" (1 Ts 4.16-17).

Paulo ensina também que devemos estar "aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus" (Tt 2.13). Este é o modo seguro para não sermos pegos desprevenidos.

A vinda de Jesus é o Choque do Futuro fartamente previsto e que vai acontecer em breve. Convém estarmos preparados. Responda: você está pronto?
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segunda-feira, 18 de maio de 2009

Conhecendo a vontade de Deus

Todo discípulo de Jesus é confrontado diuturnamente com o desafio de conhecer se o seu procedimento na vida está de acordo com os pensamentos de Deus. Em outras palavras, se depara com essa questão: como reconhecer a vontade de Deus para a minha vida?

Os irmãos da Igreja em Corinto escreveram ao apóstolo Paulo sobre algumas questões a respeito da vontade de Deus, inclusive se era correto comer carne sacrificada a ídolos. Em resposta, Paulo expõe princípios que podem ser aplicados a todos os nossos procedimentos e, por isso, se constituem diretrizes importantes para nortear a nossa vida cotidiana. O texto se encontra em 1 Coríntios 10.23-33.

O que eu quero fazer é lícito? A palavra de Deus proíbe?

Paulo diz: "Todas as coisas são lícitas" (v.23). Ou seja: tudo é permitido. É claro que Paulo não estava falando em termos absolutos, pois não temos permissão de fazer o que a Palavra de Deus proíbe expressamente, como: matar, roubar, adorar ídolos, mentir, dar falso testemunho etc. Paulo está tratando de coisas que não são vetadas pelas Escrituras.

Geralmente, quando não existem proibições declaradas, são nessas circunstâncias onde pairam a maioria das dúvidas se podemos ou não fazer certas coisas. Nem sempre, porém, ao aplicar esse princípio, poderemos fazer as coisas sem restrições. Por isso, é bom passar para o próximo passo.

Isto é conveniente, gera algum benefício?

"Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm". Ou seja: tudo é permitido, mas nem tudo é proveitoso. Mesmo que as Escrituras não proíbam expressamente, isso não quer dizer que a ação seja proveitosa.

Paulo ensina que os nossos atos devem caracterizar-se pela utilidade que representam, tanto para nós como para os outros. Ir a certos lugares pode ser lícito, mas será que é conveniente? O que eu vou fazer é realmente proveitoso para outros?

Paulo acrescenta que as coisas "lícitas" ainda devem corresponder a um segundo parâmetro, cujo critério é mais aprofundado. Ele retoma a frase: "todas são lícitas", mas acrescenta um adendo: "mas nem todas edificam". Ou seja: toda a nossa conduta deve resultar em edificação, não só para mim, mas também para os outros.

A minha conduta tem em vista o proveito dos outros? Convém ao interesse deles?

"Ninguém busque o seu próprio interesse; e, sim, o de outrem" (v.24); ...assim como também eu procuro em tudo ser agradável a todos, não buscando o meu próprio interesse, mas o de muitos , para que sejam salvos" (v.33).

Em suma, a nossa conduta sempre gera efeitos sobre outras pessoas. Devemos, portanto, nos empenhar para que, em tudo o que fizermos, não tenhamos primeiramente em vista as nossas próprias prioridades e interesses, mas sim as da nossa coletividade. O todo é mais importante que as partes; o corpo, mais que os membros.

O que faço é para a glória de Deus?

"Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus" (v.31).

Deus deve não somente se glorificado nos templos, mas também fora deles; não somente na vida privada, mas também na esfera pública. Não somente nas coisas referentes à sobriedade do "ministério cristão", mas também nas coisas "comezinhas" do nosso cotidiano como "comer e beber".

Devemos nos perguntar: Quantas coisas, em nossas lidas diárias, são feitas para a glória de Deus ou buscam apenas o nosso próprio interesse?

O que eu faço está escandalizando alguém? Ou faz alguém tropeçar?

"Não vos torneis causa de tropeço nem para judeus, nem para gentios, nem tão pouco para a igreja de Deus" (v.32).

Quantas vezes o nome de Deus tem sido blasfemado por causa dos maus procedimentos de Seus filhos? Quantos têm tropeçado por causa de suas condutas egoístas e alheias aos ensinamentos das Escrituras? Em contrapartida, uma conduta que promove a glorificação de Deus não será escândalo para ninguém, nem motivo de tropeço.

Os conselhos de Paulo são muito importantes para quem quer realizar a vontade de Deus. Mas adicione-se a isso o que disse Jesus:

"Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo" (Jo 7.17).

Que possamos dizer como Jesus: "A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra".


Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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terça-feira, 12 de maio de 2009

Lições de minha Mãe

O dia das mães é uma ótima oportunidade para pensarmos sobre a importância e o respeito devidos às mães, não somente em um dia específico e solitário, mas em todo o tempo. O popular ditado: "Mãe é uma só", lembra-nos que os filhos têm de cuidar da sua mãe como se fora uma flor única e rara, de inestimável valor.

Este outro ditado: "Mãe é mãe", longe de ser uma redundância, acaba sendo a melhor definição para o significado da palavra mãe. É como quem diz: "Deus é Pai". Todo mundo sabe o que é, embora, pela sua profundidade, muito tivesse que ser dito para se chegar sequer a arranhar o seu mais simples significado.

Poder-se-ía também dizer: "Deus é mãe". Porque o Seu cuidado conosco é semelhante ao cuidado de uma mãe. Tanto que Deus mesmo, ao mostrar que o Seu amor é profundo e incondicional, se compara com uma mãe, ao afirmar: "Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti" (Is 49.15).

"Mãe é mãe". A palavra mãe, pela extensão de sua natureza e propósito, pode ser usada como sinônima de muitas outras. Ser mãe não é só colocar filhos no mundo; é também educá-los, prepará-los para a vida; é cuidar deles, dar segurança, conforto, afeto. Por isso, sacrifício, dedicação, cuidado, abnegação, são palavras que andam sempre ao lado do sagrado ofício de ser mãe. E quanto sacrifício há!

Muitas mães deixam de lado o seu próprio futuro, para dar aos filhos uma oportunidade de melhor preparo para enfrentar a vida. Muitas enterram os seus sonhos. Outras, só muito mais tarde, quando o peso da idade já não ajuda, é que procuram, numa nova atividade, dar um pouco de sentido ao resto de seus dias.

Aqui evoco a imagem de minha querida mãe Therezinha, a Neguinha, que já está com o Senhor, que sempre tinha algo de novo, mesmo que isso significasse apenas expressar novas formas do seu abnegado serviço em amor aos seus.

Minha mãe deixou-nos imporantes lições. Ela sabia que nós não paramos de lutar porque ficamos velhos; nos tornamos velhos porque paramos de lutar. Do seu exemplo, posso identificar que existem somente quatro segredos para continuarmos jovens, felizes e conseguir o sucesso na vida.

Mamãe sabia que é preciso rir e encontrar humor em cada dia. A Neguinha tinha sempre uma pitada de bom humor para brindar a todos à sua volta. Mesmo nos tempos de lutas, era o seu bom humor que ditava o curso de sua vida.

Mamãe entendia que é preciso ter a vida acalentada por um sonho. Quando você perde seus sonhos, morre. Há tantas pessoas caminhando por aí que estão "mortas" e nem desconfiam! Um de seus maiores sonhos foi educar seus filhos para servirem na obra de Deus, e ela o viu realizado.

Mamãe vivia de um modo que demonstrava a enorme diferença que existe entre envelhecer e crescer. Ela sabia que ficar mais velho não exige talento nem habilidade, é uma conseqüência natural da vida. A idéia que seu exemplo evoca é o de crescer através das oportunidades que a vida oferece.

E por último, mamãe não ficava remoendo remorsos, nem tinha medo da morte. As únicas pessoas que têm medo da morte são as que guardam remorsos e vivem esmagadas pela culpa. Mamãe entregava as suas culpas a Deus, pois cria que Jesus nos purifica de todo o pecado (1 Jo 1.9). Ela seguia sempre em frente com a graça que Deus supre. Diferentemente de muitos velhos que se arrependem muito mais pelo que deixaram de fazer do que pelo que fizeram.

Se a minha querida mãe, a Neguinha, estivesse aqui, a sua mensagem às mães seria esta: "Jamais desistam de seus sonhos, confiem em Deus, jamais deixem de tentar. A sagrada tarefa de educar filhos para a vida pode ser a maior de todas, mas a vida continua. Se a vida está sendo um fardo pesado, Jesus diz: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei". Jesus veio para que todos (inclusive as mães) tenham vida, e vida completa."

Deus abençoe as mães!

Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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segunda-feira, 4 de maio de 2009

Trabalho: a bênção de cada dia

Ontem foi o feriado comemorativo ao Dia do Trabalho. Paradoxalmente, um dia dedicado ao ócio. Parece que essa é a sua única serventia na atualidade. Perdeu o caráter reivindicatório e de protesto de suas origens. O máximo que as centrais sindicais fazem hoje são algumas festinhas competitivas, com shows musicais e sorteios, para ver quem arrasta mais "trabalhadores" para suas estatísticas de representatividade.

Talvez a maioria dos trabalhadores não saiba, mas o Dia do Trabalho foi criado em 1889, em Paris, em memória dos mártires de Chicago, das reivindicações operárias que ocorreram ali em 1886, e por tudo o que esse dia significou na luta dos trabalhadores por seus direitos.

Naquela época, as condições de trabalho eram extremamente desumanas, os trabalhadores eram submetidos a maus tratos, a jornada de trabalho era de até 16 horas, havia exploração do trabalho infantil, as pessoas eram tratadas piores do que os animais, entre outras injustiças. Como eles não podiam simplesmente deixar de trabalhar, resolveram lutar pelo direito de um trabalho mais digno e justo.

Na mente dos ricos e poderosos da época, os quais detinham o poder dos meios de produção, decerto havia o entendimento de que o ato de trabalhar, em si só, continha uma maldição divina. Os ricos e afortunados eram os abençoados, não trabalhavam; só os pobres o faziam.

Com o passar dos anos, a tendência natural é que as gerações seguintes desconheçam as conquistas alcançadas pelas gerações passadas. O ônus disso é muito pesado, pois quando uma geração não sabe avaliar o preço que foi pago pela conquista de valores e direitos das gerações anteriores, faltar-lhe-á a identidade que lhe fornecerá a honra de lutar contra as novas injustiças de seu tempo.

O plano de Deus, como descrito na Bíblia, é que todos possam exercer um trabalho digno e viver dele. Quando da Criação, Deus colocou o casal no Jardim do Éden "para o cultivar e o guardar", isto é, para trabalhar na sua conservação e dele prover as suas necessidades (Gn 2.15).

Infelizmente, alguns interpretam o texto bíblico da Criação de um modo reducionista, como se a ordem de Deus - "no suor do rosto comerás o teu pão" - fosse uma maldição em conseqüência da queda. Por causa disso, desenvolveu-se toda uma concepção do trabalho como castigo ou pena a ser cumprida.

Mas entendo que o plano original de Deus era a possibilidade de o ser humano ser co-criador, com Ele, e poder, assim, transformar a natureza e produzir cultura. Nisso o ato de trabalhar esconde uma indizível beleza e demonstra uma maravilhosa bênção.

O trabalho só não é bênção, porém, quando utilizado como instrumento de exploração do outro, quando usado como meio para obter lucros e vantagens obscenas às custas do esforço alheio, e quando a ganância e a cobiça destroem as vidas e aniquilam os sonhos de uma grande maioria que depende do trabalho para sobreviver.

O trabalho deve ser fonte de bênção, não de agonia. Voltaire disse: "O trabalho espanta três males: o vício, a pobreza e o tédio". Na verdade, não se pode fugir dele, sob pena de a vida perder o sentido.

O sábio Salomão diz: "Nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze o bem do seu trabalho. Vi também que isto vem da mão de Deus" (Ec 2.24).

Assim, todos os dias são do trabalho, ou melhor, de trabalho. Sem trabalho não há vida. O alvo dos trabalhadores deve ser que todos, indistintamente, tenham trabalho. Os governantes devem atentar para o fato de que o custo econômico e financeiro de um dia parado é o sumidouro que drena milhões de empregos em todo o mundo.

Penso que o Dia do Trabalho só será digno desse nome e da história de luta que carrega e representa quando a lógica infantil do ócio for abolida e, em seu lugar, a riqueza do trabalho realizado nesse dia seja canalizada para um fundo financeiro destinado a criar mais empregos, até que ninguém possa se queixar de não ter um trabalho digno.

Como o trabalho é a bênção nossa de cada dia, oro a Deus para que nunca lhe falte trabalho e que o mesmo seja uma verdadeira bênção para você e sua família.

Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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