sexta-feira, 30 de julho de 2010

Dinheiro, pra que dinheiro...


Conceitos errados ou má compreensão sobre alguma ideia ou assunto determinarão impreterivelmente comportamentos errados sobre aquela área da vida. Isso é igualmente verdade em relação ao dinheiro. Assim, uma maneira de pensar sobre o dinheiro que causa sempre grandes problemas para muitas pessoas é que, embora não possam viver sem ele, o dinheiro é a raiz dos males do mundo.

Um dos maiores erros sobre o dinheiro vem da má interpretação das palavras de Paulo: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” (1 Tm 6.10). Assim, muitas pessoas acham que o dinheiro é mau. Mas o dinheiro não é mau nem bom em si mesmo.

O que o texto diz é que “o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males”. No mesmo texto, antes disto, Paulo denuncia o comportamento das pessoas que querem ficar ricas e supervalorizam o dinheiro a ponto de amá-lo como a principal coisa de suas vidas.

Salomão também é categórico quando insinua que o amor ao dinheiro é uma “prisão” que gera a obsessão de querer sempre mais: “Quem ama o dinheiro, jamais dele se farta” (Ec 5.10).

O entendimento errado dessa verdade advém do fato de que as pessoas não leem o que a Bíblia diz, mas o que querem que a Bíblia diga. Muitos crentes fiéis, direitos e santos, pensam com sinceridade que Deus não quer que eles tenham dinheiro ou bens. Mas isso é um erro. Deus não somente quer que tenhamos dinheiro, mas que o tenhamos mais do que o suficiente para suprir as nossas necessidades, e ainda mais: que sobre para investir no seu Reino e ajudar aos pobres.

Quando Salomão afirma que “por tudo o dinheiro responde” (Ec 10.19), ele está fazendo uma clara alusão de que o dinheiro tem a habilidade de responder por boas coisas e por coisas más. Depende de quem o usa e com que propósito. Seu dinheiro é benéfico, se você o usa para o bem. A única maneira de o dinheiro ser maléfico é colocá-lo sob o controle de uma pessoa cuja índole seja má.

O dinheiro não é mau nem bom em si mesmo, mas tem o poder de manifestar ao mundo o que alguém mantém escondido em seu coração. “Porque onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt 6.21).

Nisso ele pode ser maléfico ou benéfico. Um bobalhão sem dinheiro, se ganhar dinheiro, será um bobalhão com dinheiro. Um infiel sem dinheiro será um infiel com dinheiro. O dinheiro, por si só, não muda isso. A nossa atitude em relação ao dinheiro é que vai determinar a sua capacidade de dano ou bênção nas nossas vidas.

Então, por que o dinheiro pode causar danos? Porque há uma entidade espiritual maligna por trás do dinheiro chamada Mamom. Por isso ele pode causar muitos danos a quem o ama. Essa ação maligna subjacente ao dinheiro foi denunciada por Jesus. Para Jesus, estar a serviço da riqueza pela riqueza seria o mesmo que assumir idolatricamente a malignidade por trás do dinheiro e se colocar contra Deus. Assim, Jesus afirmou: “Não podereis servir a Deus e a Mamom” (Lc 16.13).

A estratégia divina para vencer o poder maléfico do dinheiro não é fuga ou renúncia dele; antes, é fazer do dinheiro uma fonte de bênção, ou seja, ser generoso em doá-lo. Reter dinheiro é estar sob sua influência direta, é estar sob o domínio de Mamom. Mas quando o usamos também para ajudar a obra de Deus e para abençoar os pobres, a força de Mamom se esvai e nos habilitamos a ser abençoados mais ainda.

Uma velha máxima sobre o dinheiro estatui: “O dinheiro dá a cama, mas não o sono; a comida, mas não o apetite; o livro, mas não o conhecimento; uma casa, mas não um lar; uma posição, mas não o respeito; as pessoas, mas não amigos; o remédio, mas não a saúde; a diversão, mas não a felicidade; a cruz, mas não a fé; um lugar no templo, mas não no céu”.

Paulo aconselha aos que possuem dinheiro e bens: “Não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento” (1 Tm 6.17).

O ponto central na questão em relação ao dinheiro, entretanto, não é basicamente se o temos muito ou não, se ele é bom ou mau; mas na nossa atitude, o que fazemos com ele para benefício próprio, para ajudarmos aos outros e para o engrandecimento do Reino de Deus.


Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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segunda-feira, 26 de julho de 2010

FALTAM 308 DIAS PARA O CENTENÁRIO


Os desafios do Centenário

A assembleia de Deus em Belém, Igreja-mãe das assembleias de Deus, é a única no País a completar 100 anos em 11 de junho de 2011. Para que essa história continue a ser escrita e contada diante de nossos olhos, feita pelo Senhor e construída por nossas mãos, a Igreja decidiu por louvor ao nosso Deus,e, até o Centenário, alcançará alguns alvos monumentais e dignos dessa saga assembleiana:


Centro de Convenções Centenário


Edificar o Centro de Convenções Centenário, numa área de 40.000m2, do lado oposto do Estádio Olímpico do Mangueirão, cujo terreno é de nossa propriedade, onde funciona hoje um templo da nossa Igreja chamado Vale da Bênção. O Centro de Convenções Centenário acomodará confortavelmente mais de vinte mil pessoas.


Avenida Centenária


A construção da Avenida Centenário é uma questão de tempo. Os documentos de compra do prédio atrás ao templo central foram assinados e já começamos o processo de demolição.


Museu Centenário


Construir o Centro Histórico Nacional da assembleia de Deus no Brasil no prédio situado ao lado do templo central, que comportará: Museu Nacional da assembleia de Deus no Brasil; Rádio e Televisão Boas Novas, cuja torre com o nome JESUS será colocada no topo do prédio, que será a mais alta torre da cidade, para que todos assistam com qualidade a mensagem do amor de Deus.

Grande celebração do Centenário

A assembleia de Deus em Belém vem estabelecendo grandes marcos ao longo de sua história nesta cidade, realizado grandes celebrações de pentecostes. Com o Centenário não vai ser diferente, haverá oração, evangelismo, louvor e muito clamor a Deus! A luta é árdua e difícil, mas, no tempo certo estaremos preparados para esse desafio!


20 mil decisões e 10 mil batizados em águas e no Espírito Santo

Estamos caminhando a passos largos para o Centenário da assembleia de Deus, e temos isso como um grande desafio a ser superado. Certamente atingir nossas metas até o centenário não vai ser fácil, mas, estamos certo que esta batalha é espiritual e que pelo poder de Deus já está vencida.


100 novos templos e 1000 núcleos missionários

A Igreja já inaugurou 41 templos, faltam apenas 59. A meta é atingir a marca de um templo para cada 2.500 habitantes da cidade, ou cada 500 famílias. Isto para que ninguém precise andar mais de um quilômetro para achar ajuda espiritual em um dos templos da assembleia de Deus.


500 mil kilos de alimentos para pessoas carentes

Missão contra a fome. Uma atividade ligada à Ação Beneficente da Igreja, instituída pelo pastor Samuel Câmara. É a missão constante de socorrer aos irmãos nas suas necessidades. Em 2009, foram atendidas 31.221 famílias, com a distribuição de 442.027 Kg de alimentos. Até março de 2010, foram atendidas 7.054 famílias, com a distribuição de 108.376 Kg de alimentos, a meta da agora é poder distribuir 500mil Kg ao longo desta caminhada para o centenário.

domingo, 25 de julho de 2010

Assim como Jesus

Depois da Sua ressurreição, Jesus apareceu aos discípulos no momento em que se encontravam enclausurados entre quatro paredes, aprisionados pelo medo. Em vez de censurá-los, Ele os
saudou com a Paz e acrescentou: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20.21).

Como Jesus poderia fazer uma coisa dessas? Eles todos o haviam negado (não somente Pedro), fugiram quando mais precisava deles, não acreditavam na Sua ressurreição, estavam tão espavoridos que só podiam se esconder! Jesus, porém, os enviou para “mostrarem a cara”, não sem antes lhes dar o modelo.

“Assim como” quer dizer “do mesmo modo”. Ou seja: na mesma dimensão de compromisso, na mesma disposição de ânimo, no mesmo despojamento pessoal e abnegação em prol do reino, na mesma missão, no mesmo poder espiritual.

O apóstolo Pedro aprendeu a lição, de modo que, anos depois, ensinou: “Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos (1 Pe 2.21).

Quando servia à Igreja em Corinto, o apóstolo Paulo encontrou muita resistência ao ensino da imitação de Cristo, pois tudo o que a maioria daqueles irmãos fazia era absurdamente contrário aos ensinamentos do Senhor. De fato, eles tinham dificuldades de encontrar em alguém que não conheceram pessoalmente o exemplo para seguirem os passos. Para eles, Jesus era um mito, alguém distante, no tempo e na cultura.

Ora, Paulo também não convivera com Jesus. Tudo o que ele sabia a respeito do Senhor tinha-lhe sido comunicado por revelação. Nem mesmo convivera com os discípulos. Mas ele imitava ao Senhor, pois sabia que imitar significava, em suma, “trazer o mito à realidade da vida”. Por isso, ele escreveu aos coríntios: “Olhem para mim, vejam o meu exemplo, pois eu sou imitador de Jesus Cristo. Imitem a mim, que estarão imitando ao Senhor” (1 Co 4.16; 11.1 – citação
livre).

O apóstolo João também indicou esse caminho: “Aquele que diz que permanece nele [em Jesus], esse deve também andar assim como ele andou” (1 Jo 2.6).

O que esses três apóstolos nos querem dizer é que a imitação de Jesus é algo essencial à vida de quem serve ao Senhor. Isso vale para toda e qualquer época e cultura.

O Senhor Jesus é o nosso exemplo-mor de vida de fé e ministério e, através dos seus passos, nos ensina como Deus quer que andemos. Todos nós somos comissionados e ungidos para seguir os Seus passos como envia-dos ao mundo.

Jesus andou de modo a agradar ao Pai, buscando fazer a vontade do Pai, não a sua própria. Ele buscou também fazer o bem a todos, procurava estar no Templo adorando, buscava em primeiro
lugar o Reino de Deus, e esforçava-se para evangelizar a todos: prostitutas, pecadores corruptos, religiosos hipócritas.

Jesus esvaziou-se a Si mesmo, o que também é requerido de nós: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2.5-8).

Mas como poderia alguém andar “assim como Jesus”?

Devemos começar seguindo o Seu exemplo quanto ao esvaziamento pessoal, o despojamento da vontade própria. Orar e jejuar, em absoluta consagração, eram os ingredientes que Jesus utilizava para expressar o seu esvaziamento e para se habilitar a viver debaixo do poder do Espírito (Lc 4.14). Ora, se Jesus, o Filho de Deus, se humilhava, orando e jejuando, quanto mais nós!

Diante dos imensos desafios de nosso tempo, precisamos orar e jejuar para andarmos no mesmo poder e fazermos a vontade do Pai. E que possamos fazer e dizer como Jesus: “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo
4.34).

É importante que frisemos que a oração e o jejum, tomados isoladamente, nada podem fazer quando o coração está longe da vontade de Deus. Oração e jejum não são a “varinha de condão” da fé. Antes, pelo contrário, oração fala de confiança em Deus; jejum, de despojamento pessoal.

Assim, imitemos ao Senhor Jesus. Oremos e jejuemos, pois a vitória é nossa, rumo ao Centenário!


Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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sexta-feira, 16 de julho de 2010

Você Estava Lá?

Dois amigos estavam discutindo sobre Gênesis 1.1, que diz: “No princípio, criou Deus os céus e a terra”. Simeão disse que acreditava na Criação exatamente como estava escrito na Bíblia. Efraim, um agnóstico declarado, divagou longamente sobre suas próprias teorias de como o mundo começou e como a vida desenvolveu-se de uma célula primordial, para répteis, macacos, até chegar ao homem. Quando terminou, Simeão olhou para ele e disse: “Você estava lá?”

Essa foi uma boa pergunta. “Claro que eu não estava”, respondeu Efraim. Então, Simeão disse: “Bem, Deus estava. Ele era o único que estava lá e eu vou ficar com a palavra da testemunha ocular desse evento maravilhoso, pois Ele é Fiel e Verdadeiro, em vez de dar atenção a suposições daqueles que creem apenas nas elucubrações da própria imaginação”.

O que alguém faz da Bíblia e da sua própria história depende do que faz da primeira frase da Bíblia. Se uma pessoa crê de todo o coração nessa Palavra, poderá crer em tudo o que vem depois. Se rejeitar essa afirmativa divina, também irá negar qualquer outra verdade das Escrituras.

Lembremo-nos de que, em um julgamento, a testemunha ocular sempre conta mais que todas as outras. O mesmo vale para juízos a respeito da Criação. O próprio Deus perguntou ao seu servo Jó: “Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra?” Deus estava lá, por isso devemos confiar em sua palavra.

Qualquer pessoa da nossa geração, quando pensa no início da Assembleia de Deus no Brasil, só pode dizer: “Eu não estava lá”. Mas não devemos parar nesse ponto. Precisamos voltar às fontes, ler e ouvir quem esteve, e dar crédito às evidências de suas palavras. Porque nós só podemos saber o que ocorreu nos “humildes começos” em virtude do testemunho daqueles através de quem Deus operou esse grande milagre nas plagas paraenses.

Gunnar Vingren estava lá. Daniel Berg estava lá. Samuel Nyström, Nels Nelson, assim como muitos outros, estavam lá. Todos sofreram para estabelecerem os fundamentos dessa obra, mas não creio que algum deles tenha pensado em que “o penoso trabalho de suas mãos” chegaria a comemorar o Centenário. Talvez porque esperassem a volta de Jesus para breves dias; talvez porque Deus lhes tenha vedado enxergar, para que não se ensoberbecessem; talvez porque estavam simplesmente interessados em cumprir sua missão.

Os fundamentos foram tão bem colocados, tão profundamente fincados, que pôde surgir deles uma obra portentosa e ao mesmo tempo incompreensível aos padrões do pensamento humano!

Podemos parafrasear o primeiro verso da Bíblia desse modo: “No principio do Século XX, criou Deus a Assembleia de Deus”. É tão somente por isso que essa obra chegou até aos nossos dias, pois foi criada por Ele, sempre contou com o poder Dele, o Senhor Deus, que sempre deu o tom e o compasso dessa “composição divina”, a qual só poderia sair do coração do Deus amoroso e bom.

Por causa dessa ação de Deus na História, multidões foram salvas, milhões foram abençoados, curados, batizados no Espírito Santo, resultando também no maior movimento de inclusão social que este País já teve notícia. É só ver os testemunhos dos incontáveis pecadores e ex-tudo-que-não-presta, os quais foram transformados em santos e amados do Senhor!

Deus criou a Assembleia de Deus, mas eu não estava lá. Você não estava lá. Ninguém na nossa geração estava. Nem podíamos. Podemos lamentar, mas sem culpa alguma.

Agora, a boa notícia é que Deus quer fazer o Centenário da Assembleia de Deus. Eu estou aqui. Você está aqui. A nossa geração pode ser usada nas mãos de Deus para realizar essa obra que também é fruto do coração de Deus. O que cada um de nós tem de responder é isto: o que farei com o Centenário?

Alguém pode se esquivar e dizer: “Isso não é comigo”. E, como Efraim, tecer mil teorias de sua inação e incredulidade.

Outro pode dizer como o profeta Isaías: “Eis-me aqui, envia-me a mim”. E, como Simeão, crer no testemunho dos antigos, de quem estava lá no princípio, cujo exemplo de fé mostrou à nossa geração que Deus fez do nada algo que ajudou a mudar a face deste País.

Se você não tiver outros meios, ore, ore muito por nós. Se puder orar e contribuir financeiramente, ore e contribua generosamente. Se puder orar, contribuir e participar da Festa do Centenário, melhor ainda.

O Centenário é uma tarefa da nossa geração. A geração do princípio fez a sua parte. Agora é a nossa vez. Faça a sua parte. Creia em Deus e coloque a sua fé em ação.

E então, cada irmã e irmão que, em gratidão a Deus, se empenhou pela celebração do Centenário, poderá dizer: “Eu estava lá!”


Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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sábado, 10 de julho de 2010

A oferta que agrada a Deus

Certo atleta de circo ganhava a vida se exibindo em façanhas assombrosas de força física. Em geral, terminava o espetáculo com uma impressionante demonstração de sua capacidade de espremer uma laranja da qual já se havia extraído todo o suco. Ao terminar a apresentação, ele desafiava o público, convidando a ir à frente qualquer pessoa que se achasse capaz de extrair ainda que fosse uma gotícula de suco da laranja espremida.

Certa vez, apresentou-se um homem de baixa estatura, franzino, óculos fundo-de-garrafa, e a plateia rompeu em gargalhada. Sem nada temer, ele subiu ao palco e pegou das mãos do atleta a laranja totalmente murcha e enrugada. Todos tinham os olhos fitos nele. Ele pegou o bagaço, comprimiu a mão direita e apertou.

Ambiente eletrizante, a plateia e o atleta estavam numa grande expectativa. De repente, começou a se formar uma gota de suco, que finalmente pingou no chão. A plateia rompeu num estrondoso aplauso, findo o qual o atleta perguntou seu nome e o convidou a contar como conseguira desenvolver tal força.

O homem respondeu: “Não há nenhum segredo”; e então, sorrindo, acrescentou: “Ocorre que eu sou o pastor da igreja local e estou acostumado a tirar oferta”.

Essa anedota, eu sei, não tem graça nenhuma! Mas a imagem que não poucos têm de pastores e igrejas é essa, que ofertar é resultado de pressão. No entanto, como pastor e pregador da Palavra de Deus, compreendo que a contribuição que agrada a Deus nunca pode resultar de apelos forçados ou intimidações de qualquer espécie.

Segundo a Bíblia, há vários tipos de ofertantes; alguns agradam a Deus, outros não.

Há aqueles que ofertam do que lhes sobra. E há quem oferta tudo o que tem.

Jesus estava no templo, em Jerusalém, observando como as pessoas traziam suas ofertas. Os ricos depositavam grandes quantias. Uma viúva trouxe duas moedinhas apenas. Jesus disse que essa viúva ofertara “mais do que o fizeram todos os ofertantes. Porque todos ofertavam do que lhes sobrava; ela, porém, da sua pobreza deu tudo quanto possuía, todo o seu sustento” (Mc 12.41-44).

Jesus observou a atitude do coração, “como” as pessoas ofertavam: se como expressão da generosidade da fé de um coração confiante no cuidado absoluto de Deus; ou se como expressão de avareza, de ofertar apenas a sobra. E, para Jesus, os ricaços perderam feio para a viúva pobre!

Há aquele que faz o que pode.

Como a mulher que derramou sobre Jesus um precioso perfume de nardo puro, no valor de 300 denários (o salário de um ano de um diarista). Ela foi duramente censurada pelos circunstantes, pois argumentavam que o perfume poderia ser vendido e o dinheiro, dado aos pobres.

Mas Jesus via de modo diferente. Ele recebe aquele gesto como uma “boa ação” para com ele. Indicou-lhes o óbvio, que os pobres estavam sempre diante deles, para lhes fazerem o bem quando quisessem. E acrescentou: “Ela fez o que pôde: antecipou-se a ungir-me para a sepultura” (Mc 14.3-9). Jesus sutilmente indica que os críticos não faziam sequer o que podiam.

Há aquele cuja oferta é sacrifício, pois lhe custa algo.

Havia uma praga matando muitos israelitas. O rei Davi procurou um local onde oferecer sacrifícios a Deus, para que o povo fosse abençoado e cessasse a praga. Encontrou um monte, mas o proprietário, um Jebuseu chamado Araúna, tentando fazer média com o rei, ofereceu-lhe tudo: os bois, a lenha, o monte, e de graça!

Porém o rei disse a Araúna que compraria tudo pelo devido preço. E acrescentou: “Porque não oferecerei ao Senhor, meu Deus, holocaustos que não me custem nada”.

Há aqueles cuja oferta é a doação de suas próprias vidas.

Os crentes da Macedônia, embora pobres e passando por grande tribulação, eram ricos em generosidade. Paulo testemunhou que “na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários” e rogaram muito para ajudarem outra igreja. E Paulo acrescenta que eles “deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor, depois a nós, pela vontade de Deus” (2 Co 8.1-6).

Com qual tipo você se identifica?

Saiba que a oferta que agrada a Deus é a decorrente de uma atitude de fé e generosidade. E a fé vem pelo ouvir a palavra de Deus. Como Deus nos deu os desafios do Centenário da Assembleia de Deus, quem ouvirá o nosso apelo de contribuir com essa grande obra?




Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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sábado, 3 de julho de 2010

FALTAM 350 DIAS - CHEGO LÁ




Fair-Play

Antes do início de cada partida da Copa do Mundo, um pouco antes da execução dos hinos nacionais das equipes, uma bandeira amarela desfila logo à frente com uma expressão bem vistosa: Fair-Play. Esta é uma expressão inglesa que quer dizer literalmente “jogo limpo”. A mensagem é que não bastam as dezessete regras do futebol (a letra da lei fria e impessoal), é preciso o “espírito da lei”, ou digamos, os princípios que lhe dão vida e coerência.

A FIFA explora o “Fair-Play” como ninguém. Os exemplos práticos vão desde um pedido de desculpa por uma falta cometida, a reverência à marcação plenipotenciária do árbitro, ou o respeito por um jogador do time adversário, quando alguém cai machucado e a bola é chutada para fora do campo para que o mesmo seja atendido. Depois que tudo volta ao normal, a posse da bola é devolvida ao adversário, e o jogo continua. Assim, não basta saber que no futebol “a regra é clara”, é preciso o espírito da lei que torna a disputa ferrenha em algo digno de pessoas civilizadas.
Assim é também na vida. Ela tem regras, tem leis; mas é necessário espírito de “Fair-Play”. Isso fica muito mais evidente quando vemos que, a despeito de sermos tidos como um país repleto de leis para tudo, elas são sistematicamente desobedecidas e vilipendiadas, ou são pouco funcionais.

Jesus estabeleceu o princípio do “Fair-Play” da vida, quando disse: “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles” (Mt 7.12). Na visão de Jesus, não bastaria cumprir a lei, nem deixar de fazer o mal ao próximo; era necessário fazer aos outros o próprio bem que desejássemos a nós mesmos.

Paulo disse: “O atleta não é coroado se não lutar segundo as normas” (2 Tm 2.5). Isso quer dizer que, em última instância, alguém tem a capacidade de julgar se a pessoa infringiu ou não a regra. Quem julga a lei é o juiz. E quando se trata de esportes e juízes humanos falíveis, erros acontecem.

Isso ficou patente nesta Copa, marcada por péssimas arbitragens de juízes despreparados. Isso pode acontecer também na vida, pois juízes humanos podem proferir sentenças injustas. Mas quando partimos do princípio de que Deus, o Justo Juiz, um dia irá pesar todos os nossos atos na Sua “balança” aferida pela verdade e retidão, cumprir normas e jogar limpo não é sequer uma questão de preferência; é mera obrigação.

Todavia, é preciso agregar ao dever de justiça o amor que lhe dá consistência. Se quisermos, pois, pautar a nossa vida no “Fair-Play”, é imprescindível que não deixemos aos outros a determinação da nossa atitude. Essa é uma faceta prática do amor. Por isso Paulo ensinou: “O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem. Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Rm 12.9,21).

Tal qual ilustra o conto do filósofo que viu um escorpião sendo arrastado pelas águas do rio. O filósofo meteu-se na água e tomou o bichinho na mão. Quando o trazia para fora, o escorpião o picou e, devido à dor, o homem deixou-o cair novamente. Foi então à margem, pegou um galho e salvou o escorpião.

Ao juntar-se aos seus discípulos, um destes, perplexo e penalizado, lhe perguntou: “Mestre, por que foi salvar esse bicho ruim e venenoso? Veja como ele respondeu à sua ajuda e picou a sua mão!” O filósofo ouviu tranquilamente e respondeu: “Ele agiu conforme sua natureza e eu de acordo com a minha”.

Mais do que de normas, portanto, é preciso aprender a jogar limpo. Do contrário, podemos nos transformar em meros fariseus, ortodoxos de letra e de doutrina, mas libertinos na prática e nas atitudes. Jesus disse: “Se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus” (Mt 5.20).

Essa atitude de exceder o farisaísmo latente em nossas vidas tem a ver com a atitude espiritual do “Fair-Play”.

No jogo da vida é bom querer ganhar. Mas ganhar não é tudo. “Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Mt 16.26).

E como estamos tratando de Fair-Play, parabéns à Holanda!

Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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