O artista holandês Rembrandt pintou a mais famosa tela da crucificação de Cristo. Ao contemplá-la, o que primeiro nos chama a atenção é a imponente cruz e, obviamente, o crucificado Jesus. Há uma multidão ao redor da cruz, cujas faces atônitas revelam sua culpa na participação daquele terrível crime.
Numa extremidade do quadro pode-se divisar uma figura quase escondida nas sombras. Alguns críticos de arte afirmam que este era um auto-retrato de Rembrandt, numa afirmação velada de que reconhecia que os seus pecados ajudaram a pregar Jesus naquela horrenda cruz.
Outros afirmam que a intenção de Rembrandt era lembrar que aquela figura poderia ser qualquer pessoa que tivesse a mesma convicção. Ele, assim, conseguiu eternizar aquele momento em que cada um de nós se sente culpado diante do suplício de Jesus, exatamente porque foram os nossos pecados que o fizeram morrer na cruz.
Essa é uma realidade inescapável: todos nós somos culpados pela morte de Jesus, porque Ele morreu pelos pecados de todas as pessoas de todas as épocas do mundo inteiro. O problema é quando paramos nesse ponto e deixamos tomarem lugar em nossa alma a tristeza e a culpa. É exatamente assim que muitas pessoas religiosas e sinceras se comportam por ocasião da Semana Santa. Esse é o Complexo de Rembrandt.
Esse é o tipo de “doença espiritual” cuja cura é totalmente possível, posto que o próprio Deus forneceu o “remédio”. Os discípulos de Jesus sofreram dessa doença entre a sexta-feira da crucificação e o domingo seguinte. Estavam sorumbáticos, desesperançados, amedrontados e desiludidos; nada mais restara daquele reino proposto por Jesus, tudo se fora naquela horrenda cruz.
Dois discípulos retornaram de Emaús, onde tinham acabado de receber o Salvador ressuscitado em sua casa, e ouviram dos outros a notícia que o Senhor não estava mais no túmulo (Lc 24.29-34). Eles tiveram a mesma surpresa que os demais, quando as mulheres afirmaram que a tumba estava vazia. Surpresa!
Estranho a notícia da ressurreição de Jesus ser uma surpresa. Ele havia lhes dito repetidamente que ressuscitaria no terceiro dia (Mt 26.61; Mc 8.31; Jo 2.19). Mesmo assim, quando Jesus foi crucificado, os discípulos foram tomados de tristeza e desespero, quando deveriam aguardar ansiosa e alegremente a Sua ressurreição.
A ressurreição de Jesus é a cura para o complexo de Rembrandt. É a ressurreição que dá sentido à cruz. Claro, a morte de Jesus isolada é motivo de tristeza; mas seguida de Sua ressurreição é uma boa notícia. Sua ressurreição é a certeza de que a obra foi completa. Por isso Jesus, ao morrer, bradou: “Está consumado!” (Jo 19.30)
A ressurreição de Jesus é a doutrina central da Bíblia. Se acreditarmos em Sua ressurreição real e física, então não teremos dificuldade em acreditar em qualquer outro aspecto da Palavra de Deus. Se a rejeitarmos, porém, é melhor jogarmos fora a nossa Bíblia. Pode parecer rude de minha parte, mas o apóstolo Paulo afirmou: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados” ( 1 Co 15.17).
Ora, se a fé é vã, para nada serve. E, se permanecemos nos nossos pecados, resta apenas o Complexo de Rembrandt. Desse modo, “se Cristo não ressuscitou, nós não temos nada para anunciar, e vocês não têm nada para crer”.
“Porque Ele vive, posso crer no amanhã. Porque Ele vive, temor não há. Mas eu bem sei que a minha vida está nas mãos do meu Jesus que vivo está!”
Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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