Um homem estava sentado no banco da praça, parecendo agitado, rasgando jornais velhos e espalhando-os no chão. “O que você está fazendo?” – perguntou-lhe uma senhora, ao notar a estranha cena. “Estou espalhando esses jornais para manter os elefantes bem longe” – respondeu o homem. A senhora olhou ao redor, procurou observar cuidadosamente toda a extensão da bem cuidada praça, e disse: “Mas senhor, não vejo elefante algum”. O homem abriu um largo sorriso e respondeu: “Viu como funciona!”
A ansiedade é assim: caracteriza-se por uma sensação de receio e de apreensão, sem apresentar, contudo, uma causa evidente. A ansiedade trabalha contra a própria pessoa, que gasta uma enorme energia com problemas que, na maioria das vezes, não existem. E, se existem, são sempre menores e menos densos que os “gigantes” da preocupação ansiosa.
Uma coisa é certa: todos nós enfrentamos problemas reais e temos de envidar esforços para resolvê-los. E, de algum modo, cada um de nós já passou por algum momento de ansiedade.
O que fazer, pois, quando os problemas com os quais nos debatemos sequer existem ou são bem menores do que realmente se apresentam? Como proceder quando criamos problemas adicionais pensando nas coisas ruins que poderiam acontecer, mas nunca se concretizam?
Embora a ansiedade seja considerada um dos grandes males da sociedade atual, sempre esteve presente na história da humanidade. O sábio Salomão diagnosticou que a ansiedade é fonte de abatimento do coração, mas indica que “a boa palavra” é um excelente remédio (Pv 12.25).
No Sermão do Monte, Jesus destinou parte de Sua mensagem para ensinar Seus discípulos a vencerem a ansiedade. Eles haviam acabado de deixar tudo para segui-lo. Homens acostumados a ganhar o pão de cada dia com muito esforço, agora dependiam unicamente da palavra do Mestre.
Jesus foi direto ao ponto: “Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado [45 cm] ao curso da sua vida? (...) Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? (...) pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas”.
Em seguida Jesus dá a receita para debelar de vez a ansiedade: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.25-33).
O rei Davi e os apóstolos Paulo e Pedro, quanto a isso, têm algo em comum: eles ensinam que devemos usar a arma da oração contra a ansiedade. Davi ora: “Na tua presença, Senhor, estão os meus desejos todos, e a minha
ansiedade não te é oculta” (Sl 38.9).
Paulo aconselha: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças” (Fp 4.6).
Pedro exorta: “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus... lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1 Pe 5.7).
Eles tiveram de aprender a vencer a ansiedade. Isso não foi nada mecânico, mas uma realidade experimentada num processo de tentativas e erros, o que certamente levou algum tempo para o aprendizado. Mas eles, por fim, ousaram colocar a sua fé no Senhor e depender Dele.
Não adianta “espalhar papéis”. Aprenda a confiar no Senhor. Se você não puder confiar em Deus, que é Fiel e Verdadeiro, em quem mais poderá confiar?
Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
Confira os artigos do Pastor Samuel Câmara, todas as semanas no jornal "O Liberal" - http://www.oliberal.com.br/