Há muitos anos, a propaganda de uma conhecida marca de automóveis alardeava confiantemente: “Viva sem limites com o carro ‘tal’... e viva a vida”. O anúncio soava como se dirigir um carrão novo daquela marca desse total liberdade para fazer qualquer coisa que o coração desejasse. Mas é claro que tais apelos nunca significam exatamente o que dizem. Pois quem já ouviu falar de uma vida “sem limites”?
Apelos publicitários desse tipo têm uma razão de ser: muitos desejam viver uma vida sem limites. Milhões estão fazendo exatamente isso, e a maioria deles nem mesmo tem um “carrão”.
Na verdade, não existe vida sem limites, em qualquer que seja a dimensão. Os que praticam esportes radicais sabem que o máximo que conseguem é viver “no limite”. Deus criou leis físicas que dizem exatamente isso: quem quiser passar do limite vai sofrer as consequências.
Pense na lei da gravidade. Um homem não será mais livre por se lançar de um prédio de dez andares. Quem desafia essa lei além do limite consegue, no máximo, alguns segundos de pura adrenalina... para então se arrebentar no chão. É necessário, antes, se cercar de cuidados, usar apetrechos de proteção, seguir certas regras; é preciso ter controle da situação de risco, pois o desastre está logo ali depois do descuido.
Ora, se é assim quanto às leis da física, como não seria com as leis espirituais? Não são poucos os que rejeitam a autoridade e relevância da Palavra de Deus, a Bíblia, dizendo-a ultrapassada, no mínimo alardeando a sua não validade para os dias atuais. Mas o que isso muda?
Ficar repetindo que a lei da gravidade não existe não a torna inoperante nem nos livra dos tombos. Dizer que as leis de Deus não existem, igualmente, e proceder em desacordo, não nos torna isentos das consequências.
Não são poucos os que praticam o sexo fora do casamento, recorrem ao aborto, vivem em práticas homossexuais, aceitam a corrupção, pirateiam produtos, buscam levar vantagem em tudo, vivendo como se tais comportamentos fossem inteiramente aceitáveis. E de certa forma algumas sociedades não ligam a mínima. “Faz parte”— dizem.
As pessoas — e, em última instância, as sociedades — tornaram-se sua própria autoridade para determinar o que é certo ou errado. E chamam isso de liberdade!
Viver a liberdade não é uma questão de viver do jeito que se quer, mas viver dentro das leis de Deus e desfrutar dos seus benefícios. É o que se espera de todos os cristãos, como diz Paulo: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor. Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Gl 5.13).
A proposta ilusória de viver sem limites sempre passa pela falta de amor a si e ao próximo, e isso jamais trará liberdade.
A minha oração é que Deus continue levantando profetas para anunciarem aberta e corajosamente o caminho da verdadeira liberdade, que não tenham medo de chamar o pecado pelo nome, que não negociem os valores espirituais revelados na Bíblia; em suma, que não alarguem o caminho da salvação, mas mostrem o quanto é “estreito”.
Foi o que fez o pastor Joe Wright, convidado para discursar na sessão de abertura do Congresso do Kansas (EUA), em janeiro de 1996. Em vez do discurso de praxe, ele fez a seguinte oração:
“Pai celeste, nós estamos diante de Ti hoje para pedir Teu perdão e para buscar Tua direção e liderança. Nós sabemos que Tua Palavra diz: “Cuidado com aqueles que chamam o mal de bem”, mas isto é exatamente o que temos feito.”
“Nós perdemos nosso equilíbrio espiritual e revertemos nossos valores. Nós exploramos os pobres e chamamos isso de loteria. Nós recompensamos preguiça e chamamos isso de bem-estar. Nós cometemos aborto e chamamos isso de escolha. Nós matamos os que são a favor do aborto e chamamos de justificável.”
“Nós negligenciamos a disciplina de nossos filhos e chamamos isso de construção de auto-estima. Nós abusamos do poder e chamamos isso de política. Nós invejamos as coisas dos outros e chamamos isso de ambição.”
“Nós poluímos o ar com coisas profanas e pornografia e chamamos isso de liberdade de expressão. Nós ridicularizamos os valores dos nossos antepassados e chamamos isso de iluminismo. Sonda-nos, oh, Deus, e conhece os nossos corações hoje; nos limpa de todo pecado e nos liberta. Amém!”
Viver sem limites só causa prejuízos. Mas viver no limite da vontade de Deus conduz à salvação. Qual a sua decisão?
Samuel Câmara - Pastor daAssembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe