O escritor Euclides da Cunha assim
se referiu à cidade de Belém, ao conhecê-la no início do século passado:
"Não se imagina, no resto do Brasil, o que é a cidade de Belém”. E depois
de muitos elogios, concluiu: “Foi a maior surpresa de toda a viagem".
O que impressionou o escritor
Euclides da Cunha sobre Belém seria o mesmo que, ao longo do tempo, tem
encantado os poetas, que lhe chamam carinhosamente de Cidade das Mangueiras,
terra do cheiro-cheiroso, lugar das bandeiras vermelhas dos pontos de venda de
açaí. Nessa boa terra que, igualmente, “em se plantando, tudo dá”, encontra-se
também uma gente de religiosidade pulsante, lugar da chuva diária que limpa as
ruas e alivia o calor tropical, cidade de gente hospitaleira.
Nessa época, Belém era das cidades
brasileiras mais isoladas, encoberta nas brenhas das matas amazônicas e cercada
por grandes rios, tendo ao seu redor quarenta e duas ilhas, furos fluviais e
igarapés, com praias de rios e horizonte de oceano, como que encobrindo a
cidade dos olhares do mundo.
Nascida sob a inluência do Renascimento, que começava a dominar a Europa no início do século XVII, Belém experimentou muito bem toda a pujança que a riqueza da exploração da borracha lhe trouxe, tendo sido a segunda cidade brasileira, logo depois de Manaus, a ter luz elétrica nas ruas, bonde e telefone.
Obviamente Belém não tinha a glória
nem a beleza de Nova York ou do Rio de Janeiro, tampouco a riqueza e a potência
industrial de Chicago ou de São Paulo. Contudo, embora pequena, era uma cidade
bem urbanizada e possuía um magnífico patrimônio arquitetônico.
Esse conjunto de circunstâncias que
ao longo do tempo tem levado romancistas e poetas a imortalizarem Belém como
sendo “uma festa para os olhos e para a alma” é, decerto, parte de uma
abençoada realidade... porque Deus amou Belém.
Parabéns, Belém, pela tua
exuberância natural!
O mesmo Deus que amou Belém e a
cobriu da glória natural de uma natureza exuberante, também, em decorrência
desse amor, procurou expô-la ao mundo por outros motivos. Desse modo, podemos
dizer que Deus tem um “negócio” com Belém, assim como teve com Belém da Judeia
(sua “xará” mais velha), que foi escolhida para ser o berço do Salvador Jesus
Cristo.
Como fruto desse amor, no início do
século passado, igualmente, dois homens foram enviados por Deus a Belém com uma
mensagem transformadora e revolucionária. Gunnar Vingren e Daniel Berg aqui
chegaram em 19 de novembro de 1910, para ministrarem o Evangelho pleno, que
consiste na mensagem: “Jesus salva, cura e batiza com o Espírito Santo, e
voltará em breve”.
Foi assim que, pela providência
divina, Berg e Vingren fundaram a Assembleia de Deus, em 18 de junho de 1911.
Belém foi escolhida não apenas para ser o berço da Assembleia de Deus no
Brasil, mas também uma “padaria espiritual” (literalmente “casa de pão”,
significado hebraico do seu nome) para alimentar as almas famintas de muitos.
Por isso, Deus fez de Belém a Capital Pentecostal do Brasil.
Hoje, o movimento pentecostal
capitaneado pela Assembleia de Deus está presente em todos os municípios do
Brasil, e também em cerca de 160 países, sendo reconhecido como o maior
movimento cristão pentecostal do mundo.
Por que Deus escolheu Belém? É certo
que no coração de qualquer investidor Belém seria descartada em razão da sua
localização isolada no Norte do País, com sua população sofrendo com surtos de
febre amarela, malária, tuberculose e lepra. Mas não para Deus. O amor é a
essência de Deus, é a força que o move.
Por isso, a razão de a Assembleia de
Deus existir não é outra senão demonstrar a Belém o amor de Deus. E esse amor é
tão forte que nos constrange o coração, principalmente ao vermos muitos dos
filhos desta bela cidade lotando as delegacias, destruídos pelas drogas, lares
em crise, casamentos falidos, muita gente sem sustento, bens públicos
destruídos e a violência invadindo suas ruas e bairros.
É por causa desse amor que há 102
anos a Assembleia de Deus ama e serve a esta cidade em nossos 511 templos
(onde regularmente se reúnem os nossos 122 mil membros, 1.452 pastores, 1.841 diáconos) espalhados por todos os bairros,
em cumprimento da ordem de Jesus: “Ide, portanto,
fazei discípulos de todas as nações...” (Mt 28.19).
Parafraseando as palavras do Filho
de Deus, podemos também dizer: “Porque Deus amou
Belém de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele
crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).
O maior presente a Belém não poderia
ser outro, mas a certeza de que o amor de Deus é incondicional e permanente,
pois Ele “deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno
conhecimento da verdade” (1 Tm 2.4).
Parabéns, Belém, pelos 397 anos de
existência!
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