Samuel Câmara
Pastor da Assembléia de Deus em Belém
A maioria das cidades do mundo nasceu literalmente imersa na escuridão. Depois que o sol se punha, suas ruas ficavam escuras, pedestres noturnos tinham de andar com cuidado para evitar pedras e buracos. Foi assim também nos dias de Benjamin Franklin nas ruas da Filadélfia.
Franklin, porém, decidiu dar um bom exemplo aos seus concidadãos colocando uma lanterna do lado de fora de sua casa. Ao transitarem pela rua à noite entre tropeções e quedas, as pessoas que chegavam a esse “oásis de luz” logo percebiam a bênção que ele era. Outros moradores logo começaram a colocar suas próprias lanternas. Assim, depois do pôr do sol, toda a aldeia se transformava num lugar iluminado e seguro.
Somos lembrados continuamente de que vivemos num mundo espiritualmente imerso em trevas, tanto por nossas próprias tendências pecaminosas, como pelos noticiosos recheados de todo tipo de crime e desajuste social, e também por uma sociedade cada vez mais permissiva e acostumada com a imoralidade sem freios. É fácil perceber que vivemos “no meio de uma geração pervertida e corrupta” (Fp 2.15).
Foi exatamente para combater esse cenário de trevas espirituais, de escuridão moral, que os discípulos de Cristo foram instruídos a serem “luzeiros no mundo” ou “lanternas de Cristo”. Embora sabedores de que nossa conduta na maioria das vezes reflete apenas uma imagem vaga e distorcida de Jesus e que sozinhos não podemos afastar toda a escuridão, não podemos esquecer o quão significativo será se cada um fizer a sua parte.
Há várias maneiras de reagir à escuridão espiritual. Alguns cristãos preferem se encastelar e viver uma espécie de clausura moral. Embora procurem viver corretamente, nada mais fazem; vivem apenas como “agentes secretos de Deus”, pois só Deus sabe que são “cristãos”, ninguém mais.
Há também quem prefira murmuração e contendas, vendo só o cisco nos olhos dos outros e não a trave em seus próprios olhos. Mas o apóstolo Paulo nos alerta a fazer “tudo sem murmuração nem contendas, para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo” (Fp 2.15,16).
Para não sermos “luzeiros”, basta vivermos em murmuração e contendas. Paulo não mencionou nada mais escandaloso que isso. Não obstante alguns cristãos relativamente cometam pecados “maiores”, certamente todos nós já praticamos pecados “menores”: a presunção, o orgulho e o egoísmo que culminam em murmurações e contendas. E são esses pecados “menores” que mais prejudicam o nosso testemunho do evangelho de Cristo.
Cada cristão tem uma terceira e melhor opção: deixar que sua vida redimida e iluminada por Cristo sirva de lanterna a espalhar a luz do evangelho para iluminar outras vidas. Exatamente como Jesus ensinou: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mt 5.16).
O mundo ao nosso redor é escuro devido à ignorância espiritual. Há milhares de pessoas cuja existência sem objetivo as conduz a um desespero silencioso que as faz tropeçar na vida.
Em vez de nos omitirmos, ou de murmurarmos e contendermos, cada um pode fazer a melhor parte: como “lanterna de Cristo”, iluminar os caminhos dos que vivem em escuridão espiritual.
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