segunda-feira, 31 de março de 2008

Uma boa chegada

A lebre gabava-se de ser o animal mais rápido da floresta. Quando desafiou os outros animais para uma corrida, surpresa geral, somente a tartaruga atreveu-se a aceitar. Parecia uma competição injusta, e era, mas ninguém objetou, embora sabendo que a lebre facilmente ganharia. Mesmo assim, a corrida começou e a tartaruga logo foi deixada para trás, numa sensacional largada da lebre.
Achando-se bem distante, a lebre decidiu dar uma paradinha para tirar uma soneca, porém a tartaruga continuou esforçadamente. Ao acordar, a lebre não conseguia ver a tartaruga em lugar nenhum; então, pensou satisfeita: “Ela ainda não me alcançou”. Mas quando se dirigiu correndo à linha de chegada, viu a tartaruga cruzando a linha. Vagarosa e decididamente, a tartaruga havia ganhado!
Essa conhecida corrida entre a lebre e a tartaruga é uma das fábulas de Esopo. Ela nos ensina que uma boa largada não é o suficiente. É preciso continuar e não descuidar, além de coroar os esforços com uma boa chegada. Esse conceito é muito bem compreendido pelos maratonistas. Eles sabem que se ganha ou se perde uma corrida nas últimas passadas.
Como aquela lebre ingênua, algumas pessoas são “ligeirinhas”, mas volúveis, inconstantes e superficiais. Suas vidas são cheias de começos e paradas; geralmente correm muito, sem jamais chegarem a lugar algum. Em contrapartida, outra lição desta fábula indica que é preferível e mais sensato manter um curso mais devagar e chegar a algum lugar. É esse aprendizado que nos leva a um crescimento verdadeiro e a conquistas como experiências graduais na vida.
Houve um homem em Israel que teve um começo maravilhoso, pois se tornou rei aos 16 anos. Seu nome era Uzias. Ele deu a largada com uma grande fé em Deus e, por meio dela, restaurou a honra e a glória de seu país. Infelizmente, em vez de manter o curso, tornou-se orgulhoso e passou a acreditar que as leis não se aplicavam mais a ele.
Como resultado, Uzias entrou no Templo para queimar incenso – privilégio esse reservado unicamente aos sacerdotes. Embora confrontado por causa de seu pecado, ele se recusou arrogantemente a ouvir os avisos, até que lhe apareceu uma lepra na testa. Este era, finalmente, um modo duro de Deus chamar a sua atenção e indicar-lhe que ele havia tropeçado antes de cruzar a linha de chegada.
Não são poucos os homens e mulheres que um dia andaram humildemente com Deus, mas tornaram-se presunçosos e, por causa de um orgulho tolo, se afastaram Dele. Ao persistirem na desobediência e se recusarem a ouvir a voz de Deus (ou mesmo os avisos sinceros dos amigos), sua forma de agir pôs tudo a perder e, assim, vieram a perder a corrida da vida. Souberam dar a largada, mas não aprenderam como cruzar a linha de chegada.
O apóstolo Paulo nos ensina a tornar alvo constante na vida o avançar em direção ao objetivo em Cristo, sem nos determos ou ficarmos presos em contratempos do passado. Ele diz: “Uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3.13,14).
Mantenha o seu curso, não se compare com os outros, mas consigo mesmo. Ande humildemente com Deus, obedeça a sua voz e seja misericordioso, sabedor de que esses são ingredientes essenciais para uma boa chegada.


Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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quarta-feira, 26 de março de 2008

Complexo de Rembrandt

O artista holandês Rembrandt pintou a mais famosa tela da crucificação de Cristo. Ao contemplá-la, o que primeiro nos chama a atenção é a imponente cruz e, obviamente, o crucificado Jesus. Há uma multidão ao redor da cruz, cujas faces atônitas revelam sua culpa na participação daquele terrível crime.
Numa extremidade do quadro pode-se divisar uma figura quase escondida nas sombras. Alguns críticos de arte afirmam que este era um auto-retrato de Rembrandt, numa afirmação velada de que reconhecia que os seus pecados ajudaram a pregar Jesus naquela horrenda cruz.
Outros afirmam que a intenção de Rembrandt era lembrar que aquela figura poderia ser qualquer pessoa que tivesse a mesma convicção. Ele, assim, conseguiu eternizar aquele momento em que cada um de nós se sente culpado diante do suplício de Jesus, exatamente porque foram os nossos pecados que o fizeram morrer na cruz.
Essa é uma realidade inescapável: todos nós somos culpados pela morte de Jesus, porque Ele morreu pelos pecados de todas as pessoas de todas as épocas do mundo inteiro. O problema é quando paramos nesse ponto e deixamos tomarem lugar em nossa alma a tristeza e a culpa. É exatamente assim que muitas pessoas religiosas e sinceras se comportam por ocasião da Semana Santa. Esse é o Complexo de Rembrandt.
Esse é o tipo de “doença espiritual” cuja cura é totalmente possível, posto que o próprio Deus forneceu o “remédio”. Os discípulos de Jesus sofreram dessa doença entre a sexta-feira da crucificação e o domingo seguinte. Estavam sorumbáticos, desesperançados, amedrontados e desiludidos; nada mais restara daquele reino proposto por Jesus, tudo se fora naquela horrenda cruz.
Dois discípulos retornaram de Emaús, onde tinham acabado de receber o Salvador ressuscitado em sua casa, e ouviram dos outros a notícia que o Senhor não estava mais no túmulo (Lc 24.29-34). Eles tiveram a mesma surpresa que os demais, quando as mulheres afirmaram que a tumba estava vazia. Surpresa!
Estranho a notícia da ressurreição de Jesus ser uma surpresa. Ele havia lhes dito repetidamente que ressuscitaria no terceiro dia (Mt 26.61; Mc 8.31; Jo 2.19). Mesmo assim, quando Jesus foi crucificado, os discípulos foram tomados de tristeza e desespero, quando deveriam aguardar ansiosa e alegremente a Sua ressurreição.
A ressurreição de Jesus é a cura para o complexo de Rembrandt. É a ressurreição que dá sentido à cruz. Claro, a morte de Jesus isolada é motivo de tristeza; mas seguida de Sua ressurreição é uma boa notícia. Sua ressurreição é a certeza de que a obra foi completa. Por isso Jesus, ao morrer, bradou: “Está consumado!” (Jo 19.30)
A ressurreição de Jesus é a doutrina central da Bíblia. Se acreditarmos em Sua ressurreição real e física, então não teremos dificuldade em acreditar em qualquer outro aspecto da Palavra de Deus. Se a rejeitarmos, porém, é melhor jogarmos fora a nossa Bíblia. Pode parecer rude de minha parte, mas o apóstolo Paulo afirmou: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados” ( 1 Co 15.17).
Ora, se a fé é vã, para nada serve. E, se permanecemos nos nossos pecados, resta apenas o Complexo de Rembrandt. Desse modo, “se Cristo não ressuscitou, nós não temos nada para anunciar, e vocês não têm nada para crer”.
“Porque Ele vive, posso crer no amanhã. Porque Ele vive, temor não há. Mas eu bem sei que a minha vida está nas mãos do meu Jesus que vivo está!”


Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe

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segunda-feira, 17 de março de 2008

Homenagem a dois grandes missionários

Gostaria de prestar uma justa e merecida homenagem a dois grandes missionários pelos relevantes serviços prestados ao Evangelho.

A primeira homenagem cabe ao Pr. Firmino da Anunciação Gouveia, Pastor-Emérito da Assembléia de Deus em Belém, que no dia 21 deste mês completará 83 anos de idade. Ele serviu à Igreja-mãe das Assembléias de Deus no Brasil durante 29 anos como pastor-presidente e deixou uma marca indelével na nossa história assembleiana. Em dezembro próximo, ele terá completado 50 anos de abençoado ministério pastoral.

A segunda homenagem cabe à Boas Novas. Tudo começou em agosto de 1932, quando o pioneiro Gunnar Vingren retornava de navio para a Suécia. Já bem próximo da costa do Amazonas, ele escreveu em seu diário: “Hoje passamos pela linha do Equador, a mil e setecentas milhas do Rio de Janeiro. Oh! Desejaria que pudéssemos ser como fortes estações de rádio, para que o mundo pudesse ouvir a voz de Deus! Deus, dá-me esta graça”.

Lembro-me de quando eu estava visitando uma igreja no Alto Rio Juruá, no Município de Ipixuna, e o Senhor Jesus falou fortemente ao meu coração: “Construa uma rede de televisão para mostrar a minha Noiva, a Igreja, e a minha mensagem para todo o país”.

Em resposta àquela oração e em obediência a esta ordem do Senhor, em 15 de Março de 1993 a Boas Novas começou a operar, primeiro no Norte, e agora cobre praticamente todo o país “transmitindo Jesus”. São 15 anos de vitórias, com a participação, inclusive, do Pr. Firmino Gouveia, que foi pioneiro comigo neste grande movimento de comunicação evangélica.

A Bíblia ensina que devemos honrar a quem merece ser honrado (Rm 13.7). Por isso, honremos a esses dois missionários e oremos para que continuem a ser poderosos instrumentos nas mãos de Deus e transmissores de grandes bênçãos para todos.

Parabéns aos missionários Pr. Firmino Gouveia e Boas Novas pelos grandes serviços prestados ao Evangelho!

“Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão” (1 Co 15.58).


Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe

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segunda-feira, 10 de março de 2008

Quanto vale uma mulher

Uma jornalista fora fazer uma reportagem sobre turismo nas ilhas indonésias e, para isso, precisou contratar os serviços de um guia turístico. Ao indagar sobre a melhor pessoa para a tarefa, as indicações recaíam sobre Johny Lingho, tido como o melhor e mais inteligente de toda a região. Ela, então, foi procurá-lo.
Na primeira conversa que tiveram, no alpendre da casa de Johny, este lhe perguntou sobre a reação comum das pessoas que o indicaram. Ela respondeu: “Eles riem, pois dizem que o homem mais inteligente das ilhas fora enganado pelo pai de Sarita”. Então, ela quis saber a razão disso.
Ele contou-lhe a seguinte história: “Eu queria casar com Sarita, a mais velha das filhas do senhor Lee. Para os padrões da nossa cultura, ela já estava “velha”, mesmo tendo apenas vinte e dois anos de idade. E diziam também que ela não era nada bonita. Mas não para mim. Quando fui pedi-la em casamento, a família já havia decidido cobrar um dote de quatro vacas, mas se dispusera a aceitar três, ou mesmo duas vacas. Se eu regateasse muito, eles por fim aceitariam apenas uma vaca. E pronto: Sarita me seria dada por esposa. Seria uma boca a menos para sustentarem”.
“Em nossa cultura” – continuou Johny Lingho – “o status social de uma mulher depende de quantas vacas valeram o seu dote. E o dote máximo de que se tem notícia foi de cinco vacas. As mulheres conversam entre si orgulhosamente sobre isto. No dia aprazado, eu apareci na casa do senhor Lee com oito vacas. Foi o que eu ofereci como dote por Sarita. Não houve negociação. Desde então as pessoas comentam que o pai de Sarita me enganou”.
Nesse instante, surge uma linda e radiante mulher com uma bandeja e serve um lanche aos dois, retornando logo após para dentro de casa. A jornalista comenta que aquela era a mulher mais linda que ela tinha visto em toda aquela região e lhe pergunta qual o seu nome. Johny responde: “Esta é Sarita”.
“Você deve estar querendo saber por que eu dei oito vacas por Sarita” – emendou Johny Lingho. “Uma mulher que sabe que vale muito para seu marido tem motivo seguro para se orgulhar. Quando ela sabe que vale mais do que todas as outras, então ela deixa brotar de seu interior toda beleza e graça e força que possui, e isso a torna linda e preciosa aos olhos de todos”.
“Então quer dizer que você deu oito vacas por Sarita para vê-la desse modo?” – quis saber a jornalista, pensando no ufanismo dele.
“Não, não foi só por isso” – respondeu Johny. “Eu dei oito vacas por Sarita porque eu queria uma mulher que realmente valesse oito vacas”.
E a jornalista percebeu o que Sarita sabia: para Johny Lingho, ela era a mais preciosa de todas as mulheres.
Esta história eu li há cerca de vinte anos numa edição da revista Seleções e jamais pude esquecê-la. E, embora em nossa cultura não haja esse sistema de dote, é exatamente desse modo que um homem deve tratar a sua mulher. Cada homem deve valorizar a sua esposa mais do que todas as outras mulheres – não somente no dia dedicado a elas, mas todos os dias – pois, em o fazendo, terá uma mulher preciosa: aos olhos dela, aos seus próprios olhos e aos olhos de todos.
Oxalá todos os homens tivessem a mesma visão de Johny Lingho. Então cada um saberia que “o que acha uma esposa acha o bem e alcançou a benevolência do Senhor” (Pv 18.22).
Louvado seja Deus por ter criado a mulher!

Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe

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