Ontem foi o feriado comemorativo ao Dia do Trabalho. Paradoxalmente, um dia dedicado ao ócio. Parece que essa é a sua única serventia na atualidade. Perdeu o caráter reivindicatório e de protesto de suas origens. O máximo que as centrais sindicais fazem hoje são algumas festinhas competitivas, com shows musicais e sorteios, para ver quem arrasta mais "trabalhadores" para suas estatísticas de representatividade.
Talvez a maioria dos trabalhadores não saiba, mas o Dia do Trabalho foi criado em 1889, em Paris, em memória dos mártires de Chicago, das reivindicações operárias que ocorreram ali em 1886, e por tudo o que esse dia significou na luta dos trabalhadores por seus direitos.
Naquela época, as condições de trabalho eram extremamente desumanas, os trabalhadores eram submetidos a maus tratos, a jornada de trabalho era de até 16 horas, havia exploração do trabalho infantil, as pessoas eram tratadas piores do que os animais, entre outras injustiças. Como eles não podiam simplesmente deixar de trabalhar, resolveram lutar pelo direito de um trabalho mais digno e justo.
Na mente dos ricos e poderosos da época, os quais detinham o poder dos meios de produção, decerto havia o entendimento de que o ato de trabalhar, em si só, continha uma maldição divina. Os ricos e afortunados eram os abençoados, não trabalhavam; só os pobres o faziam.
Com o passar dos anos, a tendência natural é que as gerações seguintes desconheçam as conquistas alcançadas pelas gerações passadas. O ônus disso é muito pesado, pois quando uma geração não sabe avaliar o preço que foi pago pela conquista de valores e direitos das gerações anteriores, faltar-lhe-á a identidade que lhe fornecerá a honra de lutar contra as novas injustiças de seu tempo.
O plano de Deus, como descrito na Bíblia, é que todos possam exercer um trabalho digno e viver dele. Quando da Criação, Deus colocou o casal no Jardim do Éden "para o cultivar e o guardar", isto é, para trabalhar na sua conservação e dele prover as suas necessidades (Gn 2.15).
Infelizmente, alguns interpretam o texto bíblico da Criação de um modo reducionista, como se a ordem de Deus - "no suor do rosto comerás o teu pão" - fosse uma maldição em conseqüência da queda. Por causa disso, desenvolveu-se toda uma concepção do trabalho como castigo ou pena a ser cumprida.
Mas entendo que o plano original de Deus era a possibilidade de o ser humano ser co-criador, com Ele, e poder, assim, transformar a natureza e produzir cultura. Nisso o ato de trabalhar esconde uma indizível beleza e demonstra uma maravilhosa bênção.
O trabalho só não é bênção, porém, quando utilizado como instrumento de exploração do outro, quando usado como meio para obter lucros e vantagens obscenas às custas do esforço alheio, e quando a ganância e a cobiça destroem as vidas e aniquilam os sonhos de uma grande maioria que depende do trabalho para sobreviver.
O trabalho deve ser fonte de bênção, não de agonia. Voltaire disse: "O trabalho espanta três males: o vício, a pobreza e o tédio". Na verdade, não se pode fugir dele, sob pena de a vida perder o sentido.
O sábio Salomão diz: "Nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze o bem do seu trabalho. Vi também que isto vem da mão de Deus" (Ec 2.24).
Assim, todos os dias são do trabalho, ou melhor, de trabalho. Sem trabalho não há vida. O alvo dos trabalhadores deve ser que todos, indistintamente, tenham trabalho. Os governantes devem atentar para o fato de que o custo econômico e financeiro de um dia parado é o sumidouro que drena milhões de empregos em todo o mundo.
Penso que o Dia do Trabalho só será digno desse nome e da história de luta que carrega e representa quando a lógica infantil do ócio for abolida e, em seu lugar, a riqueza do trabalho realizado nesse dia seja canalizada para um fundo financeiro destinado a criar mais empregos, até que ninguém possa se queixar de não ter um trabalho digno.
Como o trabalho é a bênção nossa de cada dia, oro a Deus para que nunca lhe falte trabalho e que o mesmo seja uma verdadeira bênção para você e sua família.
Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
Confira os artigos do Pastor Samuel Câmara, todas as semanas no jornal "O Liberal" - http://www.oliberal.com.br/
Talvez a maioria dos trabalhadores não saiba, mas o Dia do Trabalho foi criado em 1889, em Paris, em memória dos mártires de Chicago, das reivindicações operárias que ocorreram ali em 1886, e por tudo o que esse dia significou na luta dos trabalhadores por seus direitos.
Naquela época, as condições de trabalho eram extremamente desumanas, os trabalhadores eram submetidos a maus tratos, a jornada de trabalho era de até 16 horas, havia exploração do trabalho infantil, as pessoas eram tratadas piores do que os animais, entre outras injustiças. Como eles não podiam simplesmente deixar de trabalhar, resolveram lutar pelo direito de um trabalho mais digno e justo.
Na mente dos ricos e poderosos da época, os quais detinham o poder dos meios de produção, decerto havia o entendimento de que o ato de trabalhar, em si só, continha uma maldição divina. Os ricos e afortunados eram os abençoados, não trabalhavam; só os pobres o faziam.
Com o passar dos anos, a tendência natural é que as gerações seguintes desconheçam as conquistas alcançadas pelas gerações passadas. O ônus disso é muito pesado, pois quando uma geração não sabe avaliar o preço que foi pago pela conquista de valores e direitos das gerações anteriores, faltar-lhe-á a identidade que lhe fornecerá a honra de lutar contra as novas injustiças de seu tempo.
O plano de Deus, como descrito na Bíblia, é que todos possam exercer um trabalho digno e viver dele. Quando da Criação, Deus colocou o casal no Jardim do Éden "para o cultivar e o guardar", isto é, para trabalhar na sua conservação e dele prover as suas necessidades (Gn 2.15).
Infelizmente, alguns interpretam o texto bíblico da Criação de um modo reducionista, como se a ordem de Deus - "no suor do rosto comerás o teu pão" - fosse uma maldição em conseqüência da queda. Por causa disso, desenvolveu-se toda uma concepção do trabalho como castigo ou pena a ser cumprida.
Mas entendo que o plano original de Deus era a possibilidade de o ser humano ser co-criador, com Ele, e poder, assim, transformar a natureza e produzir cultura. Nisso o ato de trabalhar esconde uma indizível beleza e demonstra uma maravilhosa bênção.
O trabalho só não é bênção, porém, quando utilizado como instrumento de exploração do outro, quando usado como meio para obter lucros e vantagens obscenas às custas do esforço alheio, e quando a ganância e a cobiça destroem as vidas e aniquilam os sonhos de uma grande maioria que depende do trabalho para sobreviver.
O trabalho deve ser fonte de bênção, não de agonia. Voltaire disse: "O trabalho espanta três males: o vício, a pobreza e o tédio". Na verdade, não se pode fugir dele, sob pena de a vida perder o sentido.
O sábio Salomão diz: "Nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze o bem do seu trabalho. Vi também que isto vem da mão de Deus" (Ec 2.24).
Assim, todos os dias são do trabalho, ou melhor, de trabalho. Sem trabalho não há vida. O alvo dos trabalhadores deve ser que todos, indistintamente, tenham trabalho. Os governantes devem atentar para o fato de que o custo econômico e financeiro de um dia parado é o sumidouro que drena milhões de empregos em todo o mundo.
Penso que o Dia do Trabalho só será digno desse nome e da história de luta que carrega e representa quando a lógica infantil do ócio for abolida e, em seu lugar, a riqueza do trabalho realizado nesse dia seja canalizada para um fundo financeiro destinado a criar mais empregos, até que ninguém possa se queixar de não ter um trabalho digno.
Como o trabalho é a bênção nossa de cada dia, oro a Deus para que nunca lhe falte trabalho e que o mesmo seja uma verdadeira bênção para você e sua família.
Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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