sexta-feira, 8 de outubro de 2010

As lições dos mártires cristãos

Jesus passou cerca de três anos ensinando e treinando seus discípulos quanto aos valores do reino de Deus, preparando-os para a missão de serem suas testemunhas, para levarem a mensagem de salvação a todos os povos. Essas lições demoraram a entrar em suas mentes, pois tudo o que gostavam de discutir entre si era sobre qual deles seria o maior.

Eles queriam saber do status do reino vindouro, sua parte nele, mas não entendiam nem aceitavam a cruz, tampouco o sacrifício de serem testemunhas. Eles ainda ignoravam as sublimes virtudes da moralidade cristã. Algo não muito distante das atitudes costumeiramente observadas nas conferências e convenções, quando fala-se abundantemente sobre números de membros, orçamentos, batismos, edifícios, programas, crescimento de igreja, quando tudo o que se evidencia é a tentativa de estabelecer quem é o maior entre nós.

A ambição egoísta e a competição vergonhosa dos discípulos foi logo identificada por Jesus. Assim, numa viagem, Jesus indagou-lhes: “De que é que vocês vinham tratando pelo caminho?” Eles não responderam logo. Mas, depois, tomaram coragem e lhe perguntaram: “Quem é, porventura, o maior no reino dos céus?”

Bem próximo deles estava um menino, que Jesus colocou diante de todos. Num tom de voz suave mas firme, advertiu-os: “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus” (Mt 18.3).

Segundo a tradição, aquele garoto abraçado por Cristo (e posto em sua inocência como modelo do que é verdadeiramente grande) era Inácio, que viria a ser o Bispo de Antioquia. Inácio fora discípulo do apóstolo João. Contado como um dos mártires cristãos, foi devorado por feras no Coliseu romano, em 107 AD, por ordem do imperador Trajano.

Quando ouviu sua sentença, Inácio caiu de joelhos, ergueu seus olhos ao céu e bradou: “Oh, Senhor, agradeço-te haver-me honrado com o mais precioso sinal de tua caridade, e permitido que eu seja acorrentado por teu amor”. Seu crime foi “carregar dentro de si Jesus crucificado”, confissão que fez diante do imperador romano.

Inácio talvez estivesse entre os quinhentos irmãos na fé, antes da ascensão de Jesus, que disse: “Recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). No grego, a palavra testemunha é martureo, de onde provém a palavra mártir.

Inácio foi uma fiel testemunha, um verdadeiro mártir, assim como muitos outros, mortos pela sua fé, os quais selaram seu testemunho cristão com o próprio sangue.

O primeiro mártir cristão foi Estevão, apedrejado até a morte por amor a Jesus. Um jovem chamado Saulo consentiu no seu brutal assassinato (At 8.1). Muitos anos depois, chamado de Paulo, o apóstolo, ele próprio foi martirizado por amor a Cristo.

João Huss, antes de morrer queimado numa fogueira por causa de sua fé em Cristo, bradou: “Hoje vocês matam o ganso (huss), mas daqui a cem anos nascerá um cisne que não poderão matar”. Lutero, cujo significado é cisne, nasceu cem anos depois e promoveu a Reforma.

O Século XX despontou como “o século dos mártires”, pois em todo o mundo milhares de cristãos foram aprisionados, torturados e mortos por causa de sua fé. Dizem os especialistas que nesse século foram mortos mais cristãos do que em todos os anteriores.

Ainda hoje, muitos cristãos têm morrido por causa de sua fé. No Brasil, ainda há perseguição aos servos de Jesus, seja nas brenhas do Amazonas, ou no sertão nordestino, quer em terras do sul.
Na escola Columbine (Denver, Estados Unidos), dois jovens fortemente armados entram numa classe e ordenam que ficassem em pé os que criam em Deus. A adolescente Cassie Bernal, de 17 anos, ficou em pé. Eles perguntaram; “Você crê em Jesus?” Ela afirmou: “Sim, eu amo Jesus”. O atirador perguntou: “Por que?”. Antes que tivesse tempo de responder, ela foi morta com um tiro.

A lição que os mártires deixam é dupla: primeiro, é um lembrete de que a nossa Causa é indestrutível, pois a Igreja de Jesus não pode ser destruída, como Ele próprio afirmou: “Edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18).

Segundo, traz estes eloquentes questionamentos: o nosso amor por Jesus é puro, a ponto de não o negarmos na hora da provação? A nossa fé em Cristo é firme, a ponto de não desistirmos de lutar? Estamos prontos para ser testemunhas?



Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
Confira os artigos do Pastor Samuel Câmara, todas as semanas no jornal "O Liberal" -http://www.oliberal.com.br/

Nenhum comentário: