Nos idos de 1968, um homem negro
americano, o Rev. Martin Luther King, mudou a história de seu país encabeçando a
luta pela igualdade dos direitos civis para negros e brancos, contra o regime
de segregação racial que vigorava nos Estados Unidos. Isto o fez ganhar o Nobel
da Paz. Pacifista, ele lutou contra o “apartheid” americano com passeatas,
greves, negociações e muitos discursos. O seu mais importante discurso, porém,
foi celebrizado numa frase: “Eu tenho
um sonho”.
O segredo da tenacidade de sua vida é
que ele era movido por este lema, cujo sonho não é produto da imaginação, uma
mera fantasia, ilusão ou quimera; é, antes, um desejo veemente, uma aspiração,
cuja idéia, de tão dominante, é perseguida com interesse e determinação.
Parece-me que a nossa geração sonha cada
vez menos. E menos ainda são aqueles que sonham e vivem os sonhos de Deus. A
Bíblia nos relata que José, na sua geração, recebeu de Deus os sonhos que
seriam as diretrizes de toda a sua vida, ousou vivê-los e por eles se dispôs a
pagar um alto preço (Gn 37.5-10).
José teve sonhos tão nítidos e
fortes que acabaram se tornando o grande anseio de sua alma, a mola propulsora
de sua existência. No início, ele pensara que sua família lhe daria algum
reconhecimento por isto. Mas, ao contrário, seus irmãos o odiaram, pois ele
sonhava os sonhos de Deus, que consistiam na indicação profética de que ele teria
proeminência e assumiria posição de liderança e autoridade.
Veja o que ocorreu com José. Seus irmãos
lançaram-no numa cisterna, depois o venderam como escravo, pois não sonhavam os
sonhos de Deus como José o fazia. Quando perceberam que José, nascido do mesmo
pai, morando sob o mesmo teto e comendo a mesma comida, era um homem que tinha
fome de Deus, buscava as coisas do Alto para a sua vida, simplesmente
rotularam-no de “sonhador”, isolaram-no, para depois matá-lo.
Podemos aprender uma lição com isto.
Quando temos um sonho dado por Deus, e alguém do nosso lado não acompanha o
nosso sonho; quando no grupo cada indivíduo tenta dar encaminhamento próprio às
coisas e fazer prevalecer os seus planos pessoais; quando alguns não querem sonhar
os sonhos de Deus e acabam ficando contra quem o faz; o resultado é que podemos
sofrer, passar por lutas e enfrentar muitas dificuldades.
Porém, quem sonha os sonhos de Deus
é diferente. Não se trata de uma questão de aparência, mas de perspectiva. Não
somente o “sonhador” é visto de modo diferente, mas também vê tudo de modo
diferente
Deus tem sonhos maravilhosos para
dar a cada um de nós, como deu a José. Como é bom podermos viver os sonhos de Deus!
Às vezes queremos sonhar os nossos sonhos: o sonho de ter, de fazer, de ser
reconhecido. Mas a melhor coisa que existe não é ter um sonho próprio, mas
sonhar um sonho que vem do coração de Deus, cujas boas obras correspondentes
Ele preparou de antemão.
Deus não está procurando pessoas que
queiram apenas sonhar seus próprios sonhos. Deus está procurando quem possa ouvir
a Sua voz, para sonhar e viver o que Ele tem preparado. Os caminhos de Deus são
melhores que os nossos, porque são perfeitos, mais altos e mais sublimes. Outra
diferença fundamental é que os sonhos de Deus são proféticos, sempre se cumprem.
Pode passar mais tempo, podemos sofrer ou ser incompreendidos, mas, no tempo
certo, Deus vai cumpri-los.
Quando sonhamos os sonhos de Deus,
as pessoas podem nos olhar de soslaio, chamar de fanáticos e colocar outros
rótulos, podem nos colocar dentro de uma “cisterna”, mas não devemos temer.
Antes, devemos esperar o tempo de Deus, pois da obscuridade Ele pode nos alçar
à proeminência, ao lugar onde planejou que alcancemos.
Pode ser que nos oprimam e nos vendam
como escravos, relativamente falando. Pode ser que nos diminuam ou obstruam o
nosso caminho, ou que se levante uma pessoa mundana para corromper a nossa vida.
Porém, se sonhamos os sonhos de Deus, seremos fortes e poderemos dizer: “De modo
algum me perderei, pois estou vendo os sonhos do meu Deus e não vou trocá-los
por nada que o mundo oferece”. Isto porque sabemos que a glória do que Deus preparou
é maior do que tudo quanto o mundo oferece.
Há sonhos
e sonhos. Não devemos
colocar o nosso coração em coisas passageiras e perecíveis, nem nos obstáculos
à frente. É preciso, antes, compreender aonde nossos sonhos nos levarão, se
eles têm ou não a bênção de Deus. E isso tem a ver com o nosso destino eterno.
Sonhar e viver os sonhos de Deus é
incomparavelmente melhor, não tem prazo de validade e não possui nenhuma
contraindicação. Sábio é quem confia em Deus e segue o Seu caminho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário