Em uma entrevista para ocupar um cargo em uma empresa, um jovem apresentou-se bem vestido e causou, de primeira, uma boa impressão ao diretor de recursos humanos. Ele também apresentou um excelente currículo, onde listou como referência o pastor da igreja onde freqüentava, assim como o seu professor da Escola Dominical e um diácono.
O diretor, após analisar o currículo por alguns minutos, então falou: “Aprecio as recomendações de seus amigos da igreja. Mas eu gostaria realmente de saber a opinião de alguém que se relaciona com você durante a semana”.
É lamentável dizer, mas a posição tomada pelo diretor parece revelar que há um nítido contraste na forma como alguns cristãos agem na igreja e o seu comportamento no mundo.
Não pretendo ser juiz de ninguém, mas como pastor trato diariamente com questões dessa natureza. Não são poucos os cristãos que, mesmo sendo assíduos na igreja, não podem ser tomados como modelo ideal de vida cristã, tanto na sua relação com Deus como em seu relacionamento com as pessoas.
Alguns cristãos vivem um padrão duplo, pois sua conduta diária teima em ser inconsistente com os valores espirituais; sua caminhada no mundo mostra-se francamente em desarmonia com sua suposta caminhada com Deus. São cristãos de meio período.
Um bom teste para sabermos se estamos sendo coerentes é nos perguntarmos: Será que os nossos amigos da igreja se chocariam se observassem nossas ações e ouvissem o que falamos no trabalho ou em casa?
Há outras questões que não querem calar. Na verdade, que exemplo é deixado para as pessoas com as quais convivemos e que rotineiramente nos observam? Um bom cristão aos domingos não deveria também ser um bom cristão durante a semana?
Jesus nos ensinou que temos o dever de ser tanto “sal da terra” como “luz do mundo”. E isso todo dia, não só aos domingos; e o dia todo, não só quando no templo. Isso quer dizer que o nosso testemunho deve ser efetivamente produtivo. Mas Jesus também advertiu quanto ao perigo de o nosso testemunho vir a tornar-se improdutivo e incoerente, exemplificando com a possibilidade da perda do sabor do sal e de se esconder a luz. (Veja Mt 5.13-20)
Há, porém, duas coisas que devemos considerar sobre esses elementos.
Primeiro, o sal só é útil para dar sabor se estiver em contato com a comida, misturado a ela. Jesus nos chama para darmos “sabor” à sociedade em Seu nome, por meio do nosso envolvimento com as pessoas, obviamente com o nosso testemunho condizente com os valores espirituais que professamos. Assim, temos de viver, “acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo” (Fp 1.27).
Segundo, a luz deve ser sempre visível, senão perde o seu papel e importância. Cristãos que vivem como “agentes secretos” de Deus precisam sair do esconderijo e ser conhecidos como discípulos. Em vez de “povo encolhido”, precisamos ser vistos como “povo escolhido” de Deus, cuja profissão de fé deve ser evidenciada por meio das boas obras, “as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10).
O sal se imiscui na comida sem alarde e lhe dá sabor. Quando ele não está lá, logo se nota. Assim também a luz. Moody disse: “Um farol não precisa fazer alarido para atrair a atenção dos navios. Ele apenas brilha”.
Você é um cristão em tempo integral ou de meio período?
Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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