Quando viajamos pelas rodovias deste imenso País, é comum vermos caminhões enormes, furgões e jamantas trafegando de um lado para outro, indo e voltando com as cargas mais variadas. Quando estamos com pressa, então, dirigindo nossos veículos menores e mais velozes, é fácil vê-los apenas como uma amolação a nos atrasar a viagem. Nem sempre nos lembramos que os motoristas desses transportes pesados são mordomos que estão a serviço de toda a sociedade.
Esses motoristas reúnem todos os tipos de produtos necessários para pessoas de todos os lugares, e têm apenas um objetivo: entregar as mercadorias. Sem esse tipo de serviço, sem esse tipo de mordomia, enfrentaríamos escassez, desabastecimento e pobreza.
A palavra mordomo (do Latim “majordomu”) quer dizer “o criado maior da casa”, ou seja, o “administrador dos bens de uma casa ou de uma irmandade”; ou ainda, “o despenseiro dos bens de seu senhor”. A palavra mordomia originalmente significa “cargo ou ofício do mordomo”, algo bem distante do significado popular atual de “bem-estar, conforto, regalia”.
O apóstolo Pedro se referiu aos servos de Deus como mordomos, indicando que todos são chamados a ser bons despenseiros dos vastos recursos de Deus. Ele diz: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1 Pe 4.10).
O apóstolo Paulo ensina: “Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus”. E acrescenta: “Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel” (1 Co 4.1-2).
O veículo para o recebimento e entrega das “mercadorias de Deus” é uma vida fiel, totalmente entregue e dedicada a Ele. E a singularidade desse veículo é determinada pela habilidade (ou dom) particular que o Senhor tenha concedido a cada um dos seus servos.
Paulo ensina que Deus nos concedeu dons: “Pelo que diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro e deu dons aos homens”; e ainda, que temos “diferentes dons, segundo a graça que nos é dada” (Ef 4.8; Rm 12.6).
Desse modo, uma vez que dediquemos essa habilidade a Deus para Seu uso e para Sua glória, o objetivo de cada mordomo deve ser o de “entregar a mercadoria”. Se deixarmos de fazê-lo, as outras pessoas não serão abençoadas por nossas vidas, mas se tornarão empobrecidas e famintas.
No corpo de Cristo, a Igreja, cada membro tem pelo menos uma função definida, pelo menos um dom a compartilhar. Ninguém pode dizer que Deus não lhe deu nenhum dom. Tampouco deve esconder o seu talento (ou dom), como o servo infiel da parábola contada por Jesus (Mt 25.14-30).
Em sua mensagem, Pedro coloca enfaticamente que o uso de nossos dons é um serviço de mão dupla: “servi uns aos outros”. Semelhantemente aos caminhões que vêm e vão cheios de mercadorias.
Assim, ao descer ou subir nas rodovias e estradas da vida, não se permita enxergar os outros “veículos” da graça de Deus como uma amolação. Cada um tem de fazer fielmente a sua própria “entrega de mercadoria”, pois, do contrário, muitos poderão acabar famintos, inclusive você.
Diante de todos nós fica a pergunta de Jesus: “Quem é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor confiará os seus conservos para dar-lhes o sustento a seu tempo?” (Lc 12.42).
E que cada servo de Deus possa responder: Eis-me aqui!
Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
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