domingo, 11 de maio de 2008

Querida Neguinha

A querida “Neguinha”, minha mãe, nasceu em 1935, em Rio Branco, no Acre, onde também encontrou e casou com o papai, em 20 de setembro de 1952. Fruto desse amor, que durou 56 anos, nasceram os sete filhos: Samuelzinho (in memoriam), Eliúde, Samuel, Jonatas, Silas, Dan e Eliabe; e mais16 netos e 02 bisnetos. Pela primeira vez celebramos o Dia das Mães querendo a neguinha aqui, mas ela já está no Céu.
Para meus leitores que não sabem, Terezinha Duarte Câmara era o seu nome e seu coração era plenamente materno, eternamente missionário. Seus pés andaram por estradas com lama à altura dos joelhos e, por vezes, fugindo dos espinhos, levando alimento material e espiritual aos acreanos. Hoje seus pés caminham por jardins celestiais, conforme ela mesma falou à minha mana Eliabe, pouco antes de ser recebida no Céu: “Coloca sandálias bem grandes nos meus pés para eu andar sobre essa imensidão de flores sem machucá-las”.
Em 1978, quando meu pai Severo foi acometido de um aneurisma cerebral gravíssimo, mamãe movida por sua fé em Deus e por amor ao esposo, orou: “Senhor, se de todo curares o meu esposo eu dedicarei a vida de meus filhos para a tua obra”. O Senhor aceitou o voto, restabeleceu a saúde de papai e eu, ainda adolescente, fui o primeiro – seguido pelo Jonatas e pelos demais irmãos – a dedicar-me ao chamado de Deus. Enquanto chorava com saudade dos filhos, mamãe era confortada por papai: “Lembra que você entregou nossos filhos para a obra...”. Olha só o fundamento do que Deus esta fazendo através de seus filhos e filhas: na Igreja, na educação de crianças, nos meios de comunicação, na Câmara Federal e também na segurança do país.
Lembramos da “Neguinha” no sítio com o papai produzindo farinha de mandioca, goma, tapioca, pé-de-moleque, entre outros produtos regionais, para vender e tornar-se semeadora da Boas Novas. Para nós, só ela conseguia pegar uma garrafa de Fanta Uva e multiplicá-la por quatro outras, acrescentando-lhe apenas água e açúcar. Jamais esqueceremos o sabor do carinho com que fazia isto. A moela de galinha, que a senhora sempre escondia para um dos filhos, também não. E o que dizer da sopa de feijão regada com verdura, só superada pela sua farofa de jabá e pelo cuscuz! Hum! Ainda dá água na boca.
Hoje, papai, acompanhado por todos nós, filhos e filhas, netos e bisnetos, temos muitas saudades! Mutuamente nos confortamos com o seu exemplo de vida e somos consolados por Deus, “o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação” (2 Co 1.3).
Feliz Dia das Mães! Até mais, querida flor “Neguinha”. Nós nos veremos no Céu!
Cantamos no seu sepultamento e queremos repetir hoje, assim: “Mamãe, mamãe, mamãe, tu és a razão dos meus dias, todos cheios de amor e esperança. Ai, Ai, mamãe, eu cresci, meu caminho segui; volto a ti e me sinto criança. Mamãe, mamãe, mamãe, eu me lembro os chinelos nas mãos, avental todo sujo de ovo; se eu pudesse, queria outra vez, mamãe, começar tudo, tudo de novo... Mamãe!”
Feliz Dia das Mães a todos!


Samuel Câmara - Pastor da Assembléia de Deus Belém / PA - Igreja Mãe
Confira os artigos do Pastor Samuel Câmara, todas as semanas no jornal "O Liberal" - http://www.oliberal.com.br/