sábado, 3 de novembro de 2012

Quando os túmulos falam


          Há muitos anos, li a história de um homem que mandou construir um túmulo indestrutível, de tal modo inexpugnável que jamais poderia ser violado depois de seu sepultamento, nem mesmo por uma bomba atômica. Esse homem não procedeu assim por temor de um cataclismo ou receio da ação de ladrões, mas por soberba. Ele desdenhava da ressurreição de que a Bíblia fala. Para ele, nem mesmo Deus poderia abrir seu túmulo, pois era lá que queria ficar, incólume e imperturbável, por toda a eternidade.
Ele também sabia que os túmulos “falam”, cuja mensagem, mesmo silenciosa, pode ser “ouvida” em toda parte. Esse entendimento levou o cético francês Ernest Renan a zombar igualmente, mas por outro motivo, da verdade da ressurreição: “O cristianismo vive da fragrância de um frasco vazio”. Involuntariamente, Renan estava se referindo ao fundamento da fé cristã, a pedra angular do Evangelho: um túmulo vazio! Uma tumba sem um corpo nela, naquela primeira manhã da ressurreição! Um túmulo que até hoje fala!
Um personagem do romance “O Porto”, de Ernest Poole, comenta cinicamente: “A História é apenas um noticiário do cemitério”. Ou seja, túmulos que falam.
O que o soberbo homem, o cético Renan e o cínico Poole não conseguiam ver era a incontestável verdade de que há uma grande exceção à tristeza de todos os cemitérios e as silenciosas mensagens de seus túmulos: as eletrizantes notícias do túmulo onde Jesus foi sepultado, de que a morte foi vencida e as portas da vida eterna foram abertas por Jesus. É essa mensagem que trouxe esperança para toda a humanidade: “Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito. Vinde ver onde ele jazia” (Mt 28.6). Jesus Cristo “não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho” (2 Tm 1.10).
De certa forma, os túmulos falam da História na mesma proporção da morte que os favorece. Por isso, convém perguntar: que mensagem os túmulos estão proclamando para os vivos? Pensemos então em duas preciosas mensagens que deveriam ser consideradas.
Primeiramente, os túmulos falam que é preciso repensar as nossas prioridades. Sabendo que a vida era curta demais para perder-se tempo com futilidades, o legislador Moisés clamou a Deus: “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio” (Sl 90.12). Orar assim nos levará indubitavelmente a considerar o que, de fato, vale a pena na vida. Dinheiro, poder, prazer, tão avidamente buscados, muitas vezes ao custo da própria vida, empalidecem e sucumbem diante das prioridades que realmente contam.
Não são poucos os exemplos que conhecemos de pessoas que encararam a morte, mas, salvas “por um fio”, resolveram mudar as suas prioridades e reorganizar a vida. Assim, descobriram que servir é muito melhor que ser servido; que dar é mais bem aventurado que receber; que honrar está acima de ser honrado; que o que vale a pena na vida não pode ser comprado pelo dinheiro, conquistado com o poder, nem tampouco desfrutado com desonra.
           Em segundo lugar, os túmulos proclamam que devemos pensar na eternidade. Embora a morte seja o fim de todos os mortais, ela certamente não é o fim de tudo nem detém a última palavra sobre o futuro. É precisamente isto que nos ensina o Evangelho, ou “boas novas”, no fato de que Cristo Jesus veio ao mundo para nos libertar do poder do pecado e da morte.
Jesus nos propiciou a única maneira de escaparmos da morte, física e espiritualmente. Sua morte na cruz possibilitou a nossa reconciliação com Deus, e, desse modo, desfez a separação e a alienação espirituais resultantes do pecado. Pela ressurreição, Jesus finalmente venceu e aboliu o poder de Satanás, do pecado e da morte.
Há os que não querem pensar na eternidade, por isso afirmam: “Morreu, acabou!”. Mas como será, quando chegarem “do outro lado” e descobrirem que a vida aqui era apenas o embrião da eternidade?
Uns dizem: “Quando eu estiver mais velho seguirei a Cristo”. Outros pensam: “Antes de morrer aceitarei a Cristo”. Mas quem sabe o dia da própria morte?
O túmulo vazio de Jesus manda uma mensagem de reflexão, preparação e esperança aos que creem: “O próprio Senhor descerá dos céus, ouvida a voz do arcanjo, e o som da trombeta de Deus. Aqueles que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Então, nós os vivos, seremos levados junto com eles, para nos encontrarmos com o Senhor nos ares, e assim ficaremos para sempre com o Senhor. Consolem-se uns aos outros com estas palavras” (1 Ts 4.16-18).
Você gostaria de saber o que aconteceu com aquele túmulo indestrutível? Ora, uma simples sementinha germinou e, finalmente, sua raiz rompeu o concreto e expôs os ossos do homem soberbo. Aquele túmulo mandou sua última mensagem: o poder de Deus é ainda maior!

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