Há muitos anos, li a história de um homem que mandou construir um túmulo
indestrutível, de tal modo inexpugnável que jamais poderia ser violado depois
de seu sepultamento, nem mesmo por uma bomba atômica. Esse homem não procedeu
assim por temor de um cataclismo ou receio da ação de ladrões, mas por soberba.
Ele desdenhava da ressurreição de que a Bíblia fala. Para ele, nem mesmo Deus
poderia abrir seu túmulo, pois era lá que queria ficar, incólume e
imperturbável, por toda a eternidade.
Ele também sabia que os túmulos
“falam”, cuja mensagem, mesmo silenciosa, pode ser “ouvida” em toda parte. Esse
entendimento levou o cético francês Ernest Renan a zombar igualmente, mas por
outro motivo, da verdade da ressurreição: “O cristianismo vive da fragrância de
um frasco vazio”. Involuntariamente, Renan estava se referindo ao fundamento da
fé cristã, a pedra angular do Evangelho: um túmulo vazio! Uma tumba sem um
corpo nela, naquela primeira manhã da ressurreição! Um túmulo que até hoje
fala!
Um personagem do romance “O Porto”,
de Ernest Poole, comenta cinicamente: “A História é apenas um noticiário do
cemitério”. Ou seja, túmulos que falam.
O que o soberbo homem, o cético
Renan e o cínico Poole não conseguiam ver era a incontestável verdade de que há
uma grande exceção à tristeza de todos os cemitérios e as silenciosas mensagens
de seus túmulos: as eletrizantes notícias do túmulo onde Jesus foi sepultado,
de que a morte foi vencida e as portas da vida eterna foram abertas por Jesus.
É essa mensagem que trouxe esperança para toda a humanidade: “Ele não está
aqui; ressuscitou, como tinha dito. Vinde ver onde ele jazia” (Mt 28.6). Jesus
Cristo “não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade,
mediante o evangelho” (2 Tm 1.10).
De certa forma, os túmulos falam da
História na mesma proporção da morte que os favorece. Por isso, convém
perguntar: que mensagem os túmulos estão proclamando para os vivos? Pensemos
então em duas preciosas mensagens que deveriam ser consideradas.
Primeiramente, os túmulos falam que
é preciso repensar as nossas prioridades. Sabendo que a vida era curta demais
para perder-se tempo com futilidades, o legislador Moisés clamou a Deus:
“Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio” (Sl
90.12). Orar assim nos levará indubitavelmente a considerar o que, de fato,
vale a pena na vida. Dinheiro, poder, prazer, tão avidamente buscados, muitas
vezes ao custo da própria vida, empalidecem e sucumbem diante das prioridades
que realmente contam.
Não são poucos os exemplos que
conhecemos de pessoas que encararam a morte, mas, salvas “por um fio”,
resolveram mudar as suas prioridades e reorganizar a vida. Assim, descobriram
que servir é muito melhor que ser servido; que dar é mais bem aventurado que
receber; que honrar está acima de ser honrado; que o que vale a pena na vida
não pode ser comprado pelo dinheiro, conquistado com o poder, nem tampouco
desfrutado com desonra.
Em segundo lugar, os túmulos proclamam que devemos pensar na eternidade. Embora
a morte seja o fim de todos os mortais, ela certamente não é o fim de tudo nem
detém a última palavra sobre o futuro. É precisamente isto que nos ensina o
Evangelho, ou “boas novas”, no fato de que Cristo Jesus veio ao mundo para nos
libertar do poder do pecado e da morte.
Jesus nos propiciou a única maneira
de escaparmos da morte, física e espiritualmente. Sua morte na cruz
possibilitou a nossa reconciliação com Deus, e, desse modo, desfez a separação
e a alienação espirituais resultantes do pecado. Pela ressurreição, Jesus
finalmente venceu e aboliu o poder de Satanás, do pecado e da morte.
Há os que não querem pensar na
eternidade, por isso afirmam: “Morreu, acabou!”. Mas como será, quando chegarem
“do outro lado” e descobrirem que a vida aqui era apenas o embrião da eternidade?
Uns dizem: “Quando eu estiver mais
velho seguirei a Cristo”. Outros pensam: “Antes de morrer aceitarei a Cristo”.
Mas quem sabe o dia da própria morte?
O túmulo vazio de Jesus manda uma
mensagem de reflexão, preparação e esperança aos que creem: “O próprio Senhor
descerá dos céus, ouvida a voz do arcanjo, e o som da trombeta de Deus. Aqueles
que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Então, nós os vivos, seremos
levados junto com eles, para nos encontrarmos com o Senhor nos ares, e assim ficaremos
para sempre com o Senhor. Consolem-se uns aos outros com estas palavras” (1 Ts
4.16-18).
Você gostaria de saber o que
aconteceu com aquele túmulo indestrutível? Ora, uma simples sementinha germinou
e, finalmente, sua raiz rompeu o concreto e expôs os ossos do homem soberbo.
Aquele túmulo mandou sua última mensagem: o poder de Deus é ainda maior!
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